O gafanhoto-do-deserto (Schistocerca gregaria) é considerado a praga migratória mais destrutiva do mundo. De acordo com dados da Organização para Alimentação e Agricultura (FAO), da ONU, essa espécie de insetos pode consumir o equivalente a seu próprio peso. Além disso, um enxame costuma ter vários quilômetros e cada quilômetro quadrado tem até 80 milhões de gafanhotos adultos.
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Como se alimentam apenas de material vegetal, ameaçam as produções agrícolas. Embora as populações de gafanhotos-do-deserto sejam mais comuns em desertos semi-áridos e áridos da África, Oriente Próximo e Sudoeste da Ásia, em 2020 os insetos chegaram à Argentina. Desde então, a FAO vem monitorando o movimento para acabar com a praga e evitar possíveis invasões a países vizinhos, como o Brasil.
Gafanhoto-do-deserto (Foto: Divulgação )
As nuvens de gafanhotos geralmente se formam a partir das alterações no clima. Como os insetos se reproduzem rapidamente, se juntam formando novos enxames em busca de alimentos em outras regiões. Confira a seguir algumas características da espécie que faz grandes estragos nas plantações.
1- O gafanhoto-do-deserto come o equivalente a seu peso
Em sua fase adulta, um gafanhoto-do-deserto pode consumir diariamente 2g de alimentos, ou seja, o mesmo que seu peso. Um enxame com 40 milhões deste inseto pode consumir, em um único dia, a mesma quantidade de comida que 35 mil pessoas.
Em geral, eles se alimentam de folhas, brotos, flores, frutas, sementes, caules e cascas, mas outras opções como milho, sorgo, cevada, arroz, cana-de-açúcar, algodão, árvores frutíferas, vegetais, pastagens e até mesmo ervas daninhas são bem-vindas para o gafanhoto-do-deserto.
Gafanhoto-do-deserto (Foto: Divulgação/FAO)
2- As viagens podem chegar a 1.000 km por semana
O Gafanhoto-do-deserto é o tipo de gafanhoto que consegue viajar por maiores distâncias. Seus enxames se espalham em uma velocidade alta. Os insetos podem voar diariamente, de 130 a 150 km, ou até 1.000 km em uma semana.
Gafanhoto-do-deserto (Foto: Divulgação/FAO)
3- Vivem por 3 meses
O tempo de vida de um gafanhoto-do-deserto costuma ser de aproximadamente três meses. Um gafanhoto fêmea bota cerca de 300 ovos, por isso, a multiplicação é grande embora o tempo de vida total seja curto.
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4- Multiplicação rápida
Segundo dados divulgados pela FAO, cada geração dos gafanhotos-do-deserto pode ser 20 vezes maior que a anterior. Como a reprodução costuma acontecer a cada três meses, isso significa que, em seis meses, a quantidade de gafanhotos pode crescer 400 vezes. Em um ano, o número pode ficar 160.000 vezes maior.
Gafanhoto-do-deserto (Foto: Divulgação/FAO)
5- Regiões áridas e semi-áridas são as favoritas
Os gafanhotos-do-deserto geralmente são encontrados nos desertos semi-áridos e áridos da África, Oriente Próximo e Sudoeste da Ásia, onde chove pouquíssimo. Quando boas condições para reprodução são encontradas, novos gafanhotos nascem e formam enxames que invadem novos países. Esta região pode englobar desde o Mediterrâneo no norte até a Nigéria e Tanzânia no sul.
A FAO alerta que os gafanhotos-do-deserto podem se espalhar por 60 países, numa área de até 29 milhões de km² ou seja, 20% da superfície terrestre, o que pode ameaçar os meios de subsistência de 10% da população mundial.
Gafanhoto-do-deserto (Foto: Divulgação/FAO)
6- Passam o início da manhã e o final da tarde no solo
Os Gafanhotos-do-deserto têm como hábito voar e consumir as plantações ao longo do dia e passar tanto o início da manhã, quanto o final da tarde no solo. Para fins de pulverização, o tempo que passam em terra costuma ser o melhor horário.
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7- Um enxame pode ter 80 milhões de gafanhotos
O tamanho dos enxames pode variar de menos de 1 km² até centenas de quilômetros. Além disso, cada quilômetro quadrado é composto por cerca de 40 a 80 milhões de gafanhotos adultos.
Gafanhoto-do-deserto (Foto: Divulgação/FAO)
8- Velocidade de quase 20 km/h
Com a ajuda do vento, a velocidade do voo fica entre 16 e 19 km/h. Os enxames geralmente começam a voar logo após o nascer do sol e param antes do sol se pôr. Conseguem ficar no ar durante longos períodos e, por isso, podem cruzar com facilidade os 300 km do Mar Vermelho.
9- Não atacam os humanos
Os insetos em si não fazem mal à saúde dos humanos, já que não atacam pessoas ou animais. Além disso, não há comprovações de que os gafanhotos sejam vetores de doenças. Os elementos químicos usados para acabar com a praga podem ser prejudiciais, por isso, é preciso ter cuidado ao combatê-la.
Gafanhoto-do-deserto (Foto: Divulgação/FAO)
10- Podem ser consumidos (fritos, assados ou cozidos)
Embora não seja assim no Brasil, o consumo de gafanhotos é comum em alguns países. E o gafanhoto-do-deserto pode ser comido frito, assado ou cozido. Em alguns lugares, eles também são usados como ração animal, o que não é um problema — desde que não tenham sido mortos por pesticidas. É importante lembrar, nesse caso, os gafanhotos não devem ser consumidos de nenhuma forma, nem em hipótese alguma, pois podem conter vestígios dos venenos prejudiciais à saúde humana.
Gafanhoto-do-deserto (Foto: Divulgação/FAO)
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Source: Rural