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A Coamo, maior cooperativa agrícola do Brasil, prevê receber 3,6 milhões de toneladas de soja da safra 2021/22, uma queda de 40% na comparação com as expectativas antes das perdas pela seca, mas os preços que devem prosseguir em alta têm compensado a quebra da colheita.

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De outro lado, quem está aproveitando os problemas climáticos no Brasil e na Argentina são os Estados Unidos (Foto: Nájia Furlan/Portos do Paraná)

 

O presidente-executivo da Coamo, Airton Galinari, disse que a tendência do mercado é altista após a China ter voltado às compras nos Estados Unidos, o que impacta as cotações na bolsa de Chicago e consequentemente no Brasil.

Isso numa atípica conjuntura em que exportadores brasileiros vêm enfrentando dificuldades para formar cargas para embarques no início da safra, uma vez que enfrentam competição da indústria local, explicou o CEO nesta quinta-feira (10/02).

As projeções da Coamo, que atua no Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, dão uma ideia do impacto da estiagem onde os problemas climáticos foram mais severos no Brasil. A cooperativa projetava receber cerca de 6 milhões de toneladas inicialmente, um volume que superaria as cerca de 5,1 milhões do ano passado.

Se as projeções de volumes não vão se confirmar, a cooperativa com sede em Campo Mourão (PR) e mais de 30 mil cooperados ainda pode ter um 2022 positivo diante das cotações mais altas, após ter fechado 2021 com receita de 24,7 bilhões de reais (+23,3% ante 2020) e sobras líquidas de 1,835 bilhão de reais (+65,4%).

"Houve uma mudança importante no mercado de soja, está saindo de 130 reais (a saca no ano passado) para 188 (reais a saca), alta de mais de 40%, o que se for aproveitado pelo produtor… ele vai colher menos, mas vai vender mais caro, esta é a realidade que está acontecendo por enquanto", afirmou o CEO.

De outro lado, quem está aproveitando os problemas climáticos no Brasil e na Argentina são os Estados Unidos.

"Tem a China voltando às compras preocupada com essa quebra aqui, desviando parte de navios para os Estados Unidos", comentou.

Ele disse que o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) foi "muito conservador" na véspera, ao não estimar adequadamente a dimensão da quebra de safra no Brasil e na Argentina, assim como as exportações norte-americanas, que serão beneficiadas pelo problema climático na América do Sul.

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E acrescentou que exportadores brasileiros estão tendo dificuldades para formar cargas para exportação, devido à chegada de menos produto nos portos em relação ao que seria normal para uma época de colheita.

"Tem tido um rearranjo, as empresas se unindo para originar soja para um navio, o que não seria normal agora, as empresas fariam isso sozinhas", afirmou ele, explicando que essa estratégia visa diminuir prejuízos com "demurrage" (penalidade paga por atrasos no embarque).

Um dos fatores da dificuldade para originar soja para exportação é a concorrência com o mercado interno. "Tem menos soja chegando… as indústria estão absorvendo esta soja", afirmou.

Ele citou o exemplo do Paraná, que terá um excedente menor para exportação, já que a capacidade de esmagamento de 11 milhões de toneladas estará próxima do nível de produção este ano.

Além disso, os produtores estão cautelosos na comercialização, diante das perspectivas altistas.

Milho

O clima desfavorável na safra atual dá indicações de que resultará em perdas maiores para a soja do que para o milho, uma vez que na temporada anterior o cereal sofreu mais com estiagem e geadas.

Neste ciclo, até o momento, o plantio de milho segunda safra está se desenvolvendo bem, o que traz expectativa de que a Coamo possa receber cerca de 3,3 milhões de toneladas, versus 1,9 milhão no ano passado.

Este é outro fator que pode sustentar o faturamento, além dos preços mais altos, e do fechamento de negócios pelos agricultores. "O produtor não está vendendo a soja, (mas) ele vai ter que vender para pagar contas, mas quanto e com qual velocidade, isso vai depender muito do comportamento do produtor", opinou.

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Insumos

Em um momento de escassez e preços altos de insumos agrícolas como fertilizantes e pesticidas, o CEO da Coamo destacou esse negócio dentro da cooperativa, que faturou quase 8 bilhões de reais, dando melhores condições para os cooperados enfrentarem o cenário, uma vez que o pagamento é feito apenas após a colheita.

"A Coamo tem um diferencial, somos o maior canal de distribuição de muitas empresas, e isso pesa nas negociações, tanto em preços como garantia de fornecimento", destacou ele. "Estamos conseguindo lidar (com a escassez), é uma dificuldade, mas acho que temos problemas menores que os outros…"

Com relação aos investimentos, a Coamo deverá investir em 2022 volumes próximos dos registrados no ano passado, quando somaram 616,4 milhões de reais.

Um dos principais projetos é a indústria de rações em Campo Mourão com capacidade para 200 mil toneladas ao ano e investimentos de 150 milhões de reais. A obra foi iniciada em janeiro, com previsão de conclusão até o final do ano.

A companhia também espera terminar dois entrepostos em Mato Grosso do Sul e projeta ampliar os moinhos de trigo.

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Source: Rural

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