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Diante da escalada das cotações da soja, o engenheiro agrônomo José Carlos Hausknecht, da consultoria MB Associados, chama atenção para a rápida reversão de expectativas dos últimos dois meses, devido à falta de chuvas em regiões importantes da América do Sul. Com ela, veio a mudança no foco de atenção, da produção brasileira para a dos Estados Unidos, que começa a ser semeada a partir de abril.

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Com as perdas na soja da América do Sul, mercado reverte expectativa e mira safra dos Estados Unidos (Foto: Ernesto de Souza/Ed. Globo)

 

À medida que o cenário de clima seco se consolidava, principalmente no sul do Brasil, as cotações internacionais da soja subiram, batendo recorde no mercado brasileiro na semana passada, enquanto virou fumaça a tendência projetada de recomposição dos estoques. “O que afetou [o mercado internacional] foi o fato dessa região ser a maior produtora de soja do mundo. O foco agora passa a ser a safra dos EUA”, resume Hausknecht.

A alta das cotações e os problemas sul-americanos ocorrem em um momento em que os produtores norte-americanos têm ampliado a comercialização da soja com os chineses. Desde o início de fevereiro, o USDA, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, tem divulgado avisos, informando o mercado sobre os volumes vendidos por exportadores privados norte-americanos para a China, que no ano passado dobrou as compras agrícolas nos EUA e assumiu o posto de primeiro parceiro comercial norte-americano na agricultura.

Esse pano de fundo se soma à situação climática. “A situação se agravou desde o fim do ano, e já temos perdas aqui no Sul da América do Sul, na Argentina, Uruguai, Paraguai, e, no caso do Brasil, principalmente do Sul do Mato Grosso do Sul para baixo”, diz Hausknecht. “Por outro lado, teremos uma produção muito boa no restante do país, no Centro-Oeste e Matopiba, por exemplo. Então, parte dessas perdas será compensada.”

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Agora, a expectativa de queda das cotações da soja ficou adiada para setembro, diz Hausknecht, quando começa a entrar no mercado internacional a produção norte-americana. O tamanho dessa queda, no entanto, é uma incógnita a essa altura do ano, já que os EUA começarão a plantar somente em abril.

Até lá, a manutenção dos preços elevados de soja deverá contribuir para que os itens de alimentação continuem a pesar no bolso dos brasileiros. A tendência poderá ser contrabalançada pelo milho, cuja segunda safra está sendo plantada.

“Podemos ter um alívio com a entrada da safrinha, que hoje é safrona, já a partir de maio, mas vai depender do clima. Como a safrinha está com um potencial muito bom, podemos ter uma surpresa boa, nesse sentido, ao menos para o mercado interno, já que o externo deverá continuar pressionado”, avalia o consultor.
Source: Rural

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