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As metas de descarbonização anunciadas por empresas de diferentes segmentos do agronegócio nos últimos anos não têm recebido o mesmo tratamento de outras estratégias – como satisfação do cliente, engajamento de funcionários e digitalização. É o que mostra pesquisa da PwC com diretores-executivos do setor. Segundo o levantamento, 43% deles afirmaram que suas companhias possuem metas de redução de emissões e gases do efeito estufa, mas apenas 13% têm incentivos financeiros para atingir esses compromissos.

Incentivo ao cumprimento de metas de descarbonização não é o mesmo de outras estratégias nas empresas do agro (Foto: Señor Codo/CCommons)

 

“O que chama a atenção é que, embora uma parte importante das empresas esteja colocando em suas estratégias as questões de ESG (sigla em inglês para meio ambiente, social e governança), não estão colocando nas métricas de cobrança, acompanhamento e execução da diretoria desses compromissos”, observa Maurício Moraes, sócio da PwC Brasil.

Segundo ele, o resultado da pesquisa mostra que “embora as métricas de ESG estejam na estratégia das companhias do agronegócio, muitas vezes não estão naquilo que está sendo exigido de quem vai executar a estratégia”.

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“Isso é importante porque, se a gente quer evoluir nesses temas, além deles estarem mais presentes na agenda estratégica, é preciso também fazer com que a diretoria esteja mais comprometida com que isso aconteça”, destacou Moraes ao ressaltar que “não é porque [o compromisso ESG] não está na métrica que o diretor-executivo não vai fazer”, mas que “normalmente os grandes temas estratégicos da companhia também estão atrelados, de alguma forma, às métricas de quem vai executar aquela estratégia”.

Ainda de acordo com a pesquisa, 60% dos executivos do agronegócio ouvidos pela PwC afirmaram que suas empresas possuem o compromisso de atingir emissões líquidas zero e 90% de afirmaram possuir compromisso de se tornar carbono neutro. Segundo Moraes, existe uma maior probabilidade de haver esses compromissos em grandes organizações de capital aberto, sobretudo na Europa Ocidental, Ásia e Pacífico. A pesquisa ouviu 4,4 mil executivos em 89 países.

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“No agro temos grandes organizações, grandes empresas. Mas também há um volume muito grande de pequenas e médias empresas e isso é um tema que precisa chegar até esse volume de empresas”, completa o sócio da PwC Brasil ao ressaltar que “sem atitudes mais ousadas dos diretores-executivos das organizações, vai ser mais demorado para que essas questões de ESG ganhem mais força”. “É preciso que haja mais imperativos de negócios e financeiros de curto, médio e longo prazo voltados a ter dos CEO’s esses compromissos com ações mais efetivas. Os stakeholders estão pedindo isso e a gente percebe que o mercado já está reagindo. Então é preciso que haja ações mais efetivas nesse contexto”, alerta Moraes.

Pessimismo com o Brasil

A pesquisa também avaliou o otimismo do setor em relação à economia mundial e revelou que, entre os executivos do agronegócio, há um maior otimismo com o mercado internacional e seus negócios do que com a recuperação do Brasil. Para 77%, deve haver aceleração do crescimento global este ano, índice que cai para 57% quando questionados sobre o crescimento econômico nacional. “Nossa avaliação é de que estamos passando no Brasil por uma instabilidade, essa instabilidade que os executivos brasileiros enxergam no Brasil é que faz com que a gente tenha menos otimismo com o crescimento da nossa economia”, explica Moraes.

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Entre os executivos brasileiros, 69% citaram a instabilidade macroeconômica como principal ameaça este ano, percentual que chega a 57% entre executivos do agronegócio e 43% no resultado global. Para o agronegócio, a segunda maior preocupação mencionada durante a pesquisa foram as mudanças climáticas (citada por 50% dos entrevistados), seguida de riscos cibernéticos, à saúde e conflitos geopolíticos (citados por 27% dos entrevistados cada um).

Por outro lado, 74% afirmaram esperar aumento de receita, índice que chega a 80% quando considerados os próximos três anos. O resultado ficou acima dos 63% registrados entre executivos brasileiros e de 56% observado na pesquisa global. Para Moraes, os números refletem o bom desempenho do setor quando comparado às demais atividades econômicas no Brasil nos últimos anos.

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“Isso não quer dizer que está tudo fácil para o agro, mas acho que há um entendimento de que a nossa economia nos próximos doze meses tem um risco de crescimento e o que talvez impulsione os CEOs do agro a serem um pouco menos pessimista acredito que seja porque o setor está vivenciando coisas mais positivas no setor de atuação que ele tem”, completa o s[ócio da PwC Brasil.
Source: Rural

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