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A participação cada vez maior do agronegócio na economia nacional pouco a pouco tem refletido no mercado financeiro. Alternativas de investimentos para quem quer aproveitar o crescimento do setor vêm aumentando e, mais recentemente, ganhou o reforço do Fiagro, um fundo de investimentos que promete democratizar o acesso do investidor pessoa física ao mercado ao mesmo tempo que visa ampliar o financiamento privado do setor.

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Investidor tem várias opções para fazer do desempenho do agronegócio uma oportunidade de ganho de capital (Foto: Flickr/Adriano Makoto Suzuki/Creative Commons)

 

“A atratividade do setor aumentou muito no mercado, dadas as perspectivas de médio e longo prazo, que são muitos boas. Isso faz com que os investidores de forma geral busquem se aproximar do setor propiciando a demanda altíssima que vemos hoje pelo agronegócio”, conta o sócio do Banco de Investimentos da XP, Pedro Freitas.

Responsável pelo setor de agronegócio no banco, ele ilustra essa relação com uma ponte imaginária entre o setor agropecuário e a Faria Lima, em referência à avenida de São Paulo onde se concentram escritórios de empresas que operam no mercado financeiro. “Essa ponte era muito pequena em 2014. Praticamente não existia o mundo de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) e era muito difícil pra qualquer investidor se posicionar em renda fixa de qualquer companhia”, recorda Pedro.

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“De lá pra cá as emissões de dívida das companhias do agro aumentaram muito. Estamos falando de algo que no ano passado foi de aproximadamente R$ 20 bilhões e este ano a gente espera chegar aos R$ 30 bilhões”, completa o sócio da XP, empresa que detém 30% desse mercado. Esse crescimento, explica, ocorre em meio a uma paulatina redução dos repasses federais para subsidiar o setor, concentrando as linhas de crédito agropecuário a pequenos e médios produtores. Mas afinal, como um investidor comum pode participar desse negócio bilionário?

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“A ótima notícia é que ninguém precisa comprar boi, plantar soja ou acordar cedo para ir pra roça para começar a participar do crescimento do agronegócio”, brinca a superintendente de relacionamento da B3, Fabiana Perobelli, ao destacar a diversidade de opções de investimentos disponíveis hoje no mercado. “O que é legal hoje no agronegócio é que você tem opções seja para investir em renda fixa ou variável. Se o investidor quiser continuar em renda, ele pode fazer renda fixa no agro tanto com uma LCA quanto com o CRA”, observa Fabiana.

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LCA (Letra de Crédito do Agronegócio)

Com taxa pré-fixada atrelada ao CDI (média da taxa de juros praticadas entre as instituições financeiras e que costuma ser próxima da Selic), a LCA é um dos investimentos em agronegócio disponíveis para o chamado investidor não qualificado (com menos de R$ 1 milhão investido). “Quando a Selic estava a 16%, é possível que muitos tenham comprado LCA sem saber que era do agronegócio, mas hoje a gente tem uma procura que não é mais tão latente”, comenta o responsável pela área de Mercado de Capitais da Guide Investimentos, Luis Gustavo Pereira.

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A LCA também é isenta de imposto de renda, do Imposto de Operações Financeiras (IOF) e é coberta pelo Fundo Garantido de Crédito (FGC). Ou seja, se a instituição financeira vier a falir, o FGC garante o pagamento de até R$ 250 mil por CPF tal como ocorre com a poupança e outros investimentos de renda fixa. Nesse caso, contudo, é preciso estar atento ao prazo para poder sacar o valor investido, que, no caso da LCA, é de, no mínimo, três meses. “Por isso tem que ver se o investimento é para uma reserva de emergência ou para longo prazo, como a compra de um imóvel, por exemplo”, explica Fabiana da B3.

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Os especialistas destacam ainda que a LCA é um papel bancário. Isso significa que, ao adquiri-lo, o investidor está emprestando dinheiro ao banco que destinará esse recurso em financiamentos agropecuários. O risco, nesse caso, fica atrelado à instituição financeira e não necessariamente à atividade agropecuária. O investimento mínimo inicial também fica a critério do banco, podendo variar de mil a R$ 10 mil.

CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio)

Com taxas um pouco maiores do que a LCA, os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) são títulos de dívida emitidos pelas empresas do setor e lastreados em Cédulas de Produto Rural (CPR) – documento feito pelo produtor junto ao seu financiador dando como garantir uma produção futura. Diante o maior risco, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) determina que somente as CRA’s avaliadas por uma agência de classificação de risco podem ser abertas para investidores não qualificados. São emissões que seguem uma instrução normativa específica com o intuito de proteger o mercado.

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O retorno costuma ser atrelado a uma taxa fixa adicionada de algum índice inflacionário, como o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Na prática, o funcionamento é semelhante a um título público, com prazo de resgate e um investimento mínimo. A diferença é que, nesse caso, o investimento é garantido pela empresa que emitiu o CRA e o valor mínimo da aplicação costuma ser maior, a partir de mil reais.

Os prazos também variam e, diferentemente da LCA, cujo resgate após 90 dias não implica prejuízos, neste caso a venda vai depender do valor do papel no mercado secundário. “O ideal é ficar com o papel até o vencimento, senão vai ter que ir ao mercado secundário tentar se desfazer do papel e isso depende do prazo, da taxa de juros naquele momento, é outra lógica”, alerta Fabiana Perobelli, da B3. O CRA também é isento de Imposto de Renda.

Fiagro (Fundo de Investimento nas Cadeias Agropecuárias)

Lançado em agosto do ano passado, o Fundo de Investimento nas Cadeias Agropecuárias (Fiagro) é um dos investimentos em agronegócio mais aguardados pelo setor e pelo próprio mercado. Inspirado no funcionamento dos fundos imobiliários, o Fiagro possui três modalidades: Fiagro FIP, que investe em participações (nesse caso o investidor se torna sócio direto de um negócio); Fiagro FDIC, que investe em direitos creditórios, como títulos emitidos pelos produtores; e o Fiagro FII, que investe no mercado imobiliário rural e em papeis securitizados como CRAs. Até novembro do ano passado, 31 fundos foram registrados na CVM, sendo 24 do tipo imobiliário.

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“É o fundo mais desenvolvido hoje. Então é o fundo que tem mais demanda de mercado, que se assemelha muito ao fundo imobiliário que já é amplamente conhecido pelos investidores”, explica Pedro, da XP. Outro motivo que explica a maior disseminação do Fiagro FII é que esta é a única modalidade do fundo que pode ser ofertada ao público geral. As demais, são restritas a investidores qualificados (com mais de um milhão investido).

“O que a gente viu nesses Fiagro’s já lançados é o que chamamos de Fiagro de papel. Ali dentro tem muito CRA, muito recebível, e acaba sendo um jeito diferente de acessar o CRA, porque você acessa num ticket mais baixo, com cotas negociadas a partir de R$ 10”, destaca Fabiana ao lembrar que, tal como o CRA, o Fiagro também é isento de Imposto de Renda.

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Outra vantagem é que, embora seja composto por títulos de renda fixa como CRA’s e LCA’s, esses fundos são de renda variável. Ou seja, não existe prazo para resgate e o investidor pode lucrar de duas formas: com a valorização das cotas do fundo ou com a distribuição de dividendos. “Nesse sentido a renda variável é mais fácil porque você pode entrar e sair da posição a qualquer momento, embora você não saiba quanto vai ganhar”, completa Fabiana.

Fundo de ações

Um pouco mais agressivo, o fundo de ações setoriais voltado para o agronegócio também tem sido oferecido por alguns bancos aos seus clientes. Nesse caso, o valor investido é aplicado em ações de empresas do setor mediante uma taxa de administração e, em alguns casos, de performance – quando o fundo atinge determinado rendimento, essa taxa é descontada.

Por apresentarem maior volatilidade, esses fundos não são aconselhados para investidores mais conservadores. “Usualmente é recomendado para clientes mais arrojados e agressivos, a partir de moderado. O perfil conservador e ultraconservador não é recomendado o investimento em ações”, alerta Luis Gustavo, da Guide Investimentos.

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Por outro lado, a superintendente de relacionamento da B3, Fabiana Perobelli, explica que os Fundos de ações setoriais são uma boa alternativa para quem já investe em ações, mas não conhece bem o agronegócio ainda. “Ao entrar nesse fundo, você está contratando um gestor que é capaz de fazer as melhores avaliações, escolher os melhores papéis e avaliar a hora de entrar e sair de cada um deles".

Ações

Se o investidor já tem mais conhecimento do setor, do mercado e está disposto a correr maiores riscos, o investimento direto em ações de empresas do setor pode ser uma opção. Quando adquire uma ação, esse investidor passa a ter uma parte da empresa. Desde o ano passado, essas oportunidadas têm ficado mais amplas, com cada vez mais empresas abrindo seu capital. “Foi um dos setores mais relevantes em ofertas na bolsa, foram seis ofertas mais um follow on, no total sete ofertas, o que aumenta a possibilidade de produtos de investimento para os investidores que estão procurando alguma posição nesse setor”, destaca Pedro, da XP.

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Na avaliação de Fabiana, esse histórico recente tem contribuído para despertar o interesse de mais empresas em abrir seu capital, processo que também foi impulsionado pelo avanço do mercado de dívida (como os CRA’s). “O investidor mais amplo começou a conhecer nomes do setor que não eram tão conhecidos. E isso faz com que aumente o interesse dos bancos, dos fundos e começa também a facilitar a conversa com o investidor e com a própria empresa do agro”, destaca. Do lado do investidor, é preciso estar atento aos seus objetivos, dado o alto risco da operação com ações.

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“Dado todo esse desenvolvimento de mercado que teve através de todos esses produtos, o investidor tem hoje condições de achar algo que se encaixe no seu perfil. Mas antes é preciso entender essa matriz sobre qual o nível de risco que ele quer correr porque tenho certeza que, dentro do agronegócio, tem papel para investidor conservador, moderado e agressivo”, conclui Pedro.

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Source: Rural

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