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A pandemia tem sido estressante para o segmento de defensivos e fertilizantes – e mais ainda para os produtores. As cotações internacionais bateram recordes, o consumo esquentou, a logística apresentou seus limites, especialmente no caso da falta de contêineres, à medida que outros gargalos foram surgindo, com dificuldades para os fornecedores atenderem à clientela brasileira, preocupada em garantir a entrega no momento correto do ciclo produtivo.

Problemas logísticos, alta das cotações internacionais e dólar valorizado devem elevar custos de produção na safra 2022/2023. (Foto: Redação Globo Rural )

 

O caso da Rússia, que, como a China, é grande fornecedora do agronegócio brasileiro, ganhou as manchetes internacionais, pelas dificuldades de vários itens e pela intenção de cortar as exportações a partir de dezembro deste ano. E, na média, 80% dos insumos usados na produção são comprados de outros países, já que o Brasil não possui capacidade produtiva instalada.

Segundo cálculo do Itaú BBA, a relação de troca piorou para os produtores na hora de adquirir fertilizantes e defensivos. “Para os produtores, a relação de troca está nos piores patamares dos últimos anos”, resume nota do banco. Na safra 2021/2022, por exemplo, o produtor precisará de 31,86 sacas de milho para 1 tonelada de cloreto de potássio (KCl). Na safra 2020/2021, eram 19,23 sacas.

Mauro Osaki, pesquisador do Cepea/Esalq/USP. (Foto: Redação Globo Rural )

 

Para Mauro Osaki, pesquisador da equipe de custos agrícolas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), o efeito das restrições às exportações será sentido principalmente no plantio da próxima safra. E principalmente no caso do nitrato de amônia e da ureia. “Internamente, o impacto recairá no custo de produção, em parte, da safra em andamento (2021/2022) e fortemente para a safra 2022/2023, para as culturas que consomem esse nitrogenado, a exemplo de milho, cana, café e outros”, diz Osaki.

O impacto recairá no custo de produção, em parte, da safra em andamento (2021/2022) e fortemente para a safra 2022/2023"

Mauro Osaki, Pesquisador do Cepea/Esalq/USP

Quando olha para frente, o pesquisador do Cepea considera que os preços da tonelada do adubo e do herbicida glifosato, ainda que caiam ligeiramente, permaneçam em patamar elevado, próximos dos recordes históricos. E o Brasil permanecerá, avalia Osaki, com baixas chances de superar a dependência das importações de insumos enquanto não criar um ambiente de negócios favorável para a atração de investidores internacionais, a partir de reformas.

E, tanto no caso da China como da Rússia, a produção deverá ser regularizada em breve, avalia Bruno Fonseca, analista do Rabobank, com a oferta em patamar “razoável” para a safra 2022/2023. Fonseca lembra que a alta do dólar e dos preços dos defensivos trouxe novamente à tona a discussão em torno de incentivos para reduzir a dependência das importações desses insumos.

MAP – fosfato monoamônico. (Foto: Fonte: Bloomberg, Itaú BBA)

 

O analista do Rabobank destaca que será preciso acompanhar com atenção o caso do glifosato, cuja produção é muito concentrada na China, assim como da principal matéria-prima do glifosato, o fósforo amarelo. “Não tem faltado muito ainda, mas é um dos principais insumos que podem apresentar problemas e merece ser um ponto de maior atenção”, avalia Fonseca.

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Source: Rural

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