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Em anos de fenômeno La Niña, a meteorologia sabe que as chuvas tendem a ser acima da média na faixa norte e nordeste do Brasil e abaixo da média para a região Centro-Sul. Em 2022, porém, essa influência do fenômeno, causado pela diminuição das temperaturas das águas na superfície do Oceano Pacífico, tem surpreendido a todos, além de causar tragédias, seja no campo ou nas cidades.

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Efeitos do fenômeno foram potencializados após dois anos consecutivos de influência da La Niña (Foto: Getty Images)

 

Para o agrometeorologista da Rural Clima, Marco Antonio dos Santos, a intensidade das chuvas no Nordeste do país e da seca extrema aliada a altas temperaturas no sul podem ser explicadas pela frequência do La Niña. Este é o segundo ano consecutivo de formação do fenômeno. “A La Niña deste ano é menos intensa do que a do ano passado, mas, por ser o segundo ano consecutivo, os efeitos dela estão sendo potencializados”, afirma. 

Outro fator lembrado pelo agrometeorologista é a climatologia do Brasil: o verão é mais úmido no Nordeste do que na região Centro-Sul. Ou seja, é normal haver mais seca no Sul do que no Norte. E ainda há um terceiro e último fator que também potencializa esse quadro de extremidades no país: as águas do Oceano Atlântico estão frias no Sul e quentes ao Norte.

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“O que a gente sabe é que todo sistema que provoca chuva, seja ciclone ou furacão, só ganha forças sobre as águas quentes — não conseguem se desenvolver em água fria porque não tem evaporação. Seguindo essa teoria, se tem o Atlântico sul mais frio, que banha as águas de São Paulo para baixo, os sistemas de chuva não conseguem provocar tanta chuva nessa parte do Brasil e aí os corredores de umidade tendem a ficar mais ao norte do país, sobretudo se o Atlântico norte está mais quente”, diz Santos.

Neste momento, segundo o especialista, ainda é cedo para fazer uma previsão com assertividade sobre a duração do fenômeno La Niña. “O que podemos dizer é que ela vai persistir até o final do verão. As chuvas devem ser cortadas até meados de abril.”

De acordo com levantamento da Rural Clima, há regiões do chamado Matopiba, que abrange regiões dos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, em que o volume de chuvas registrado nos primeiros dez dias do ano é superior ao esperado para todo o ano. O quadro tem provocado apreensão entre populações vulneráveis e em zonas rurais, especialmente onde há grandes áreas de produção de grãos nesses estados. 

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O excesso de chuvas tem causado desastres em diversos Estados brasileiros. Já no Sul do país é a seca e o calor excessivos que estão causando problemas, sobretudo à produção agropecuária. No Rio Grande do Sul, os prejuízos esperados somente para as áreas de soja e milho são da ordem de R$ 20 bilhões, segundo a Federação das Cooperativas do Estado. No Paraná, também há registros de forte quebra na safra de grãos.

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Source: Rural

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