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Em protesto contra uma campanha de marketing do Bradesco divulgada em 23 de dezembro (e logo retirada das redes) em que três influenciadoras viralizaram ao sugerir o não-consumo de carne nas segundas-feira, sindicatos rurais e representantes de associações de criadores promoveram nesta segunda (3/1) manifestações em várias regiões do país com o título unificado Segunda com Carne. Os protestos foram convocados na semana anterior por grupos de WhatsApp e ocorreram em frente a agências do banco no Mato Grosso, São Paulo, Pará, Tocantins e Minas Gerais.

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Na maioria dos locais, como Cuiabá, Sinop, Água Boa, Rondonópolis, Barra do Garças, Porto Alegre do Norte (todas no MT), Ribeirão Preto, Presidente Prudente, Birigui (em SP) e Uberaba (MG), foram distribuídos espetinhos de carne ou churrasco às pessoas que formaram fila. Em Xinguara, no Pará, no entanto, os pecuaristas resolveram doar seis toneladas de carne bovina para os beneficiários de programas sociais. A fila avançou por vários quarteirões enquanto um carro de som anunciava que o movimento era um alerta à população para evitar a lacração de não comer carne. O termo “lacração” foi repetido em várias das manifestações.

Pecuaristas fazem churrasco em frente a uma agência do Bradesco (Foto: Divulgação)

 

Francisco de Sales Manzi, diretor-técnico da Associação dos Criadores do Mato Grosso, uma das organizadoras do protesto no Estado, disse que não houve uma coordenação nacional. Mesmo nos escritórios da associação em 27 cidades do Mato Grosso, os organizadores puderam escolher a forma da manifestação. Também não foram registrados tumultos.

Em Cuiabá, em frente à agência central do Bradesco, foram distribuídos 1.500 espetos, cerca de 150 kg de carne, para aproximadamente 800 pessoas. “O objetivo foi mostrar ao consumidor a importância da pecuária e sua responsabilidade no sequestro das emissões de gases. Respeitamos quem não come carne por opção, mas é um ledo engano achar que isso contribui para o meio ambiente.”

Segundo Manzi, os pecuaristas do país inteiro se sentiram ofendidos com a ideia errônea que foi levada aos consumidores pelo vídeo das influenciadoras que recomendava a redução do consumo de proteína animal para reduzir a emissão de carbono.

O presidente da Nelore Mato Grosso, Aldo Rezende Telles, disse que o Estado, que tem o maior rebanho de bovinos do país, com mais de 32 milhões de cabeças, tem muito orgulho disso e do fato de produzir em um sistema socioambiental adequado e sustentável. “Não admitimos, portanto, que grandes instituições ou marcas façam publicidade negativa sobre a pecuária.”

Pecuaristas fazem churrasco em frente a uma agência do Bradesco (Foto: Divulgação)

 

Em Uberaba, o produtor rural Marcelo Guandalini, um dos organizadores do protesto, disse em entrevista a uma rádio local que a atitude da categoria vai além da distribuição de churrasco e pretende promover uma debandada geral de correntistas do banco ligados ao agronegócio, já que o sentimento que ficou para a categoria foi de traição.

Um exemplo da “debandada” foi publicado nesta segunda. A empresa Estância Bahia Leilões divulgou em suas redes sociais uma nota de repúdio que diz o seguinte: “Em respeito à agropecuária brasileira e indignados com o ato de insanidade do Bradesco, que viola os nossos mais de 40 anos de relacionamento bancário, retiramos 100% da nossa movimentação financeira da instituição”.

A assessoria da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), com sede em Uberaba, disse que a entidade que representa mais de 24 mil associados em todo o país, não participou de nenhum protesto, mas entende que qualquer iniciativa realizada de forma respeitosa e organizada e que tenha como objetivo promover e valorizar a produção rural merece apoio da entidade.

“Nesse sentido, a Associação destaca o manifesto de centenas de brasileiros que foram às ruas nesta segunda-feira para cobrar mais respeito, entendimento e valorização do processo de produção de carne no Brasil. Processo esse, que hoje desponta como a maior referência em sustentabilidade e produtividade no mundo.”

 

  

O que diz o banco

O Bradesco já havia publicado carta na semana anterior reafirmando seu apoio ao agronegócio brasileiro e sua "crença indelével" no setor como vetor de crescimento do país. Disse ainda que a posição manifestada por influenciadores digitais em relação ao consumo de carne bovina é "descabida", não representa a visão da instituição e que tomou “ações administrativas internas severas".

Nesta segunda, a assessoria de imprensa divulgou esta nota: “O Bradesco reitera seu apoio e crença irrestrita ao setor agropecuário. Há décadas é o maior banco privado do agronegócio. Foram a Pecplan e a Fundação Bradesco, com o apoio de seus técnicos, que implantaram e capacitaram milhares de agropecuaristas a fazer inseminação artificial. Com isso, o banco  contribuiu decisivamente para a pecuária alcançar o atual e reconhecido nível de excelência mundial".
Source: Rural

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