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Domingos Neto, ou Netão, 35, como ficou conhecido nas suas redes sociais, é um açougueiro, churrasqueiro e empresário em Santos, litoral paulista. Netão é conhecido no ramo do churrasco por ter uma conta de mais de 1 milhão de inscritos no YouTube, onde mostra como fazer receitas de churrasco usando cortes nobres do seu açougue Bom Beef e diferentes acessórios.

A história de Netão com o Bom Beef é longa. Ele começou trabalhando como funcionário para o antigo dono da loja e sempre teve o sonho de poder comprar o açougue. Para juntar dinheiro e concretizar o seu sonho, Domingos saiu do país e começou a trabalhar como bartender em um navio.

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Nas horas vagas, Netão ia à cozinha do Navio aprender como grelhar carnes usando alta temperatura, algo que não é comum no Brasil. Essa experiência deu ao churrasqueiro a oportunidade de viajar pela Europa e Estados Unidos, observando em restaurantes os diferentes modos de preparo da carne.

Domingos Neto, 35, é um açougueiro, churrasqueiro e empresário de sucesso em Santos, litoral paulista. (Foto: Reprodução)

 

 

“O que eu fiz foi misturar um pouco a técnica de preparo do churrasco que eu vi ao redor do mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, eles trabalham muito com o broiler, usam uma alta temperatura. Eu combinei essas técnicas com o que também aprendi na Argentina e no Uruguai, onde usa-se a lenha em grelhas com fonte de calor orgânica”, disse o churrasqueiro.

Em 2014 o sonho se concretizou e o açougue em que Neto havia trabalhado anos atrás se tornou o Açougue Bom Beef do Netão. Por ser bem conhecido no bairro e já ter uma clientela prévia, ele diz que começou do zero, porém com a ajuda e muito carinho dos clientes. Em primeiro lugar, Domingos quis fortalecer a marca do açougue através das redes sociais, criando uma fidelidade com os seus clientes. Então, após terminar esse trabalho inicial, o objetivo era começar a explorar o mercado de cortes nobres, trazendo algo diferente e especial para a região.

Hoje, quem olha as redes sociais de Netão encontra quase 2 milhões de seguidores (somando-se as contas no YouTube e Instagram), diversos conteúdos que variam de receitas até divulgação de eventos, workshops e produtos da sua marca. Ele afirma que as redes sociais ajudaram a transformar o açougue de bairro em uma marca, mas quem faz a marca crescer são os clientes — e os seus produtos diferenciados: “Toda forma de divulgação que eu faço tem o objetivo de vender carne. Ao invés de fazer anúncios em programas ou jornais, eu crio conteúdo. A rede social cativa o cliente, mas é dentro da sua loja que você cultiva esse cliente. Toda vez que vai ao açougue tem que ter alguma coisa diferente, um tratamento diferenciado. Cada vez que ele for ao meu açougue, tem que achar uma carne melhor do que a última que ele comeu”.

Marca aposta em diversos cortes especiais de carne, temperos, molhos e acessórios. (Foto: Reprodução)

 

O açougueiro conta que as carnes do Bom Beef estarão disponíveis em 2022 em mais pontos da cidade de São Paulo. Para aqueles que não podem visitar o açougue no litoral, o Bom Beef tem disponíveis no site diversos cortes especiais de carne, para entrega, como T-Bone, Denver Steak, Wagyu, Prime Rib e Ribeye. Além das carnes, Netão tem uma linha de sais e acessórios com a marca de temperos CantaGallo e quatro sabores diferentes de molhos para churrasco com a marca De Cabrón.

Apesar do consumo brasileiro de carne vermelha ter sofrido uma queda por conta da pandemia, o Brasil continua sendo o segundo maior produtor de carne bovina do mundo. Dados de 2021 da USDA mostram que o consumo per capita de carne bovina no Brasil teve um leve aumento, de 35,93 kg por habitante para 36,27. Para Netão, o mercado de cortes nobres já vinha se popularizando antes da pandemia, mas começou a variar com o início das medidas de distanciamento social.

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“Na pandemia, primeiro, houve um momento de não se vender nada por conta do isolamento. Logo depois, começamos a vender muita carne especial porque as famílias passaram a fazer churrasco, já que estava tudo fechado, como bares e restaurantes. Por não estar gastando dinheiro em outros lugares, as pessoas acabaram consumindo essas carnes especiais. Atualmente, o preço da carne está extremamente alto, o que levou as pessoas a voltarem a consumir cortes comuns, mas em grande quantidade.”

Estima-se que o mercado de carnes especiais represente 3% do mercado mundial de carnes. Apesar de a demanda existir, e o consumidor estar cada vez mais interessado em produtos com qualidade e diversidade, ainda existem diversos obstáculos de produção que refletem nos preços altos desses cortes. O déficit de produtos bovinos especiais com relação à demanda do consumidor pode ser explicado, por exemplo, pela falta de incentivo e alto custo de produção desse mercado.

No início da história da Bom Beef, Domingos convenceu o fornecedor do antigo dono a entrar nesse novo projeto. Com o tempo e crescimento da demanda, ele precisou correr atrás de novos fornecedores que produzem bovinos com a idade adequada, bom padrão sanguíneo, cobertura de gordura mínima, ph da carne e seguisse todos os protocolos, desde o abate até o transporte, de forma rigorosa e com qualidade. 

Para um produtor hoje financeiramente compensa mais produzir uma carne commodity do que uma carne nobre de alta qualidade. Os novos empreendimentos do ramo, no entanto, mostram que o novo mercado tem público e pode revolucionar mais uma vez a forma como o brasileiro consome carne de churrasco.

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Source: Rural

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