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O alto custo dos serviços de assistência técnica foi o principal fator apontado pelos caminhoneiros para a falta de manutenção na estrada. É o que aponta um levantamento feito pela Repom, empresa que atua na gestão de pagamento de fretes. De acordo com a pesquisa, 46% dos motoristas afirmaram não realizar a manutenção preventiva dos veículos. O preço elevado foi o principal motivo — apontado por 44% dos entrevistados —  para não contar com esse tipo de apoio nas estradas. A pesquisa foi feita por telefone e ouviu 224 caminhoneiros.

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Custo do frete também impacta na decisão de contar com manutenção preventiva dos caminhões, afirma motorista (Foto: Emiliano Capozoli/Ed.Globo)

 

“Os caminhoneiros do Brasil têm uma frota muito velha, em média, de mais de 15 anos. Embora os transportadores renovem mais as suas frotas, as pessoas físicas, caminheiros autônomos, têm renovado menos” explica o Diretor de Produto da Repom, Vinicios Fernandes. A situação descrita pelo executivo ilustra bem a situação vivida pelo motorista Renato Folk, de 33 anos, seis deles na estrada. Começou rodando com um caminhão dois anos mais velho que ele e deixou, por alguns meses, a manutenção preventiva e lado.

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“Realmente, eu senti isso na pele e senti bem forte. Eu não sabia o que era ficar com o caminhão parado sem dinheiro, na beira da estrada, sem saber para onde correr, e justamente por não fazer a manutenção preventiva”, conta o caminheiro ao recordar do dia em que teve que substituir um diferencial no meio da estrada logo no primeiro ano de serviço. “Eu não tinha dinheiro para fazer o serviço no lugar ou guinchar, então dependi de carona, empréstimo de familiares e demorei bastante para conseguir pagar isso aí”, relata Folk.

Além de custos adicionais da manutenção na beira da estrada, o prejuízo incluiu a menor flexibilidade na hora de negociar a aquisição das peças. “Na estrada a gente não compra nada a prazo”, resume o caminhoneiro ao reconhecer que o veículo já dava sinais de problema. “Eu fui atrás de mais uma viagem para levantar dinheiro e poder encostar o caminhão na oficina para arrumar. Mas ele acabou quebrando antes”, relata. Segundo o motorista, o preço baixo pago pelo frete foi o principal fator para ter postergado a manutenção do caminhão com mais de três décadas de uso.

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“O caminhoneiro tem margens pequenas no negócio. Ele recebe o frete e tem que pagar combustível, pneu, pedágio. Sobra um pedacinho e ele vai avaliar bem onde investir esse pedacinho. Por isso, muitas vezes, acaba achando caro o preço de um serviço de assistência”, observa Fernandes.

Folk concorda e ressalta que também existe um componente de força econômica na hora de o motorista negociar o frete. “O autônomo, se bater o pé dizendo quer o frete melhor, ele não consegue carga. Porque se ele não levar, outro vai e leva”, completa o caminhoneiro ao reconhecer que os serviços de manutenção e assistência não estão inclusos nos valores praticados atualmente no mercado.

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“Na hora de pegar o frete, a gente calcula quanto vai gastar de diesel, pedágio, mas a manutenção a gente não faz um cálculo, a gente fica esperando sobrar um valor razoável. A gente deveria fazer o cálculo de manutenção também, mas ninguém faz”, afirmou o motorista.
Source: Rural

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