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Maurício Palma Nogueira, sócio e diretor da Athenagro, consultoria especializada em pecuária, diz que o retorno das exportações de carne bovina brasileira para a China, determinado nesta quarta (15/12) pelas autoridades chinesas após quase 4 meses de suspensão, não vai reduzir a oferta de carne no mercado interno. Ele fez a declaração na apresentação dos resultados do 10º Rally da Pecuária 2021, expedição privada pelas principais áreas de produção que neste ano ocorreu de forma digital.

Açougue em Pequim, na China. Importações foram liberadas depois mais de quatro meses (Foto: Tingshu Wang/Reuters)

 

“Criou-se um mito no Brasil de que exportações tiram carne do mercado interno. Na verdade, a exportação até contribui para o aumento de oferta ao mercado interno porque se o produtor não exportar, ele não tem estímulo para produzir com a tecnologia necessária para aumentar a oferta. E o frigorífico também não vai abater se não tiver a perspectiva do lucro.”

Segundo Nogueira, a China deve voltar com mais apetite, porque a demanda por carne lá é crescente. Mas não dá para apostar se o nível de compras será o mesmo de antes. “Com essa suspensão, eles só queriam abaixar o preço da carne. Mas o fato é que essa dependência de um mercado é ruim para os dois lados. Se eles comprarem mais carne de outros países, também será bom para o Brasil porque abre oportunidades em outros mercados.”

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Segundo o especialista, a queda de consumo da carne bovina neste ano pelo brasileiro ocorreu por falta de oferta, causada por vários fatores ao longo dos três últimos anos, e não de demanda. “Tanto que o preço não caiu.”

Nos últimos dez anos, a produtividade média da pecuária brasileira aumentou 2,3% ano ano. No caso dos produtores participantes do rally, esse aumento foi de 5,7%. No entanto, em 2021, a produtividade em ciclo completo (desde a cria até a terminação) aferida pela expedição caiu 16% na comparação com a do último rally: foram 10,71 arrobas por hectare por ano ante as 12,81 arrobas de 2019. Para Nogueira, essa queda foi causada por uma redução de rebanho, impactos do clima e ressaca da antecipação das vendas ocorridas em anos anteriores para atender à demanda chinesa por bovinos de até 30 meses, além da migração dos pecuaristas de ciclo completo para a atividade híbrida.

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O consultor ressalta que a queda é pontual e não uma tendência porque o produtor está investindo cada vez mais no pacote tecnológico. Ele calcula que nos últimos 10 anos a pecuária brasileira investiu R$ 13 bilhões por ano para elevar produtividade e terá que investir o dobro de 2022 a 2025 para atender à demanda do mercado interno e externo.

Nogueira fez questão de destacar que a pecuária não é a maior responsável pela emissão de gases de efeito estufa e disse que estudos realizados pela consultoria identificaram que, em quatro dos cinco cenários analisados, o país poderia atender ao compromisso firmado na COP 26 em novembro de reduzir as emissões de gás metano em 30% até 2030 com uso de mais tecnologia para aumento da produtividade.
Source: Rural

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