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Mato Grosso, principal produtor de grãos do país, vai elevar a área plantada, a produtividade e a produção de soja na safra 2021/2022 em relação à anterior, mas as margens de rentabilidade do sojicultor devem cair 17%. Essa é a estimativa do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) que foi apresentada nesta terça-feira (14/12) em coletiva de imprensa.

“Ano após ano, tivemos aumento de margens nas principais culturas, soja, milho e algodão, mas o momento agora, com o aumento dos custos de produção, é de cautela, arrocho e retorno às margens médias”, disse Cleiton Gauer, superintendente do Instituto.

Plantio de soja em Primavera do Leste MT (Foto: REUTERS/Paulo Whitaker)

 

 

Os dados do Imea apontam que, na safra atual, o preço da soja está 16,1% maior em relação à safra passada, mas os custos operacionais ficaram 17,6% maiores na mesma comparação, potencializados pelos aumentos com sementes (29,6%) e fertilizantes (21,7%). 

“Nesta safra, o produtor está olhando talhão por talhão para ver onde pode reduzir o uso de insumos sem atrapalhar a produção”, afirma Gauer. Ele não acredita, no entanto, em perda de produtividade nem que irá faltar fertilizantes ou defensivos.

A área plantada de soja deve atingir 10,85 milhões de hectares, com aumento de 3,6%, produtividade de 58,56 sacas por hectare (1,9% de alta) e produção de 38,14 milhões de toneladas (ou 5,5% a mais).

Milho e algodão

O Imea projeta aumentos fortes também para milho e algodão. O cereal, que foi bastante impactado pelo clima na safra anterior, deve ter uma safra de 39,65 milhões de toneladas (alta de 17,9%) para uma área de 6,23 milhões de hectares (+ 6,2%). Já o algodão, que enfrentou recuos de preço por cauda da queda de consumo no início da pandemia, cresce 12,8% na área, voltando para 1,1 milhão de hectares, com uma produção de 4,77 milhões de toneladas (+ 15,9%).

Cleiton Gauer afirma que a retomada do plantio se deve ao fato de que a safra anterior enfrentou muitos problemas climáticos, que levaram a atraso no plantio e janelas apertadas para a segunda safra. A expectativa agora, com chuvas em bom volume, é que o clima permaneça favorável para que os aumentos de produção sejam confirmados.

As previsões indicam um janeiro mais chuvoso no Estado, o que preocupa o produtor, já que deve haver uma concentração de colheita no mês. Mais da metade da soja foi plantada em apenas três semanas. Já em fevereiro, a expectativa é de volume normal de chuvas, o que favorece as segundas safras.

No caso dos preços, o Imea projeta elevação para as três culturas, sendo 16,1% para a soja, 23,1% para o milho e 16,7% para o algodão, mas os índices de comercialização antecipada em relação à safra anterior só se mantêm positivos no caso da pluma (+6,1%). “O agricultor está aguardando mais que no ano anterior, estudando o mercado para vender o seu produto com bons preços”, diz Gauer, lembrando que, na safra anterior, muitos não conseguiram aproveitar a alta de preços das commodities porque tinham vendido a maior parte da produção de forma antecipada.

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O Imea também estima aumento de preços das três culturas também para a safra 2022/2023, com menos vendas antecipadas de soja e milho e aumentos dos custos de produção, ainda sustentados por cotações em alta de sementes, fertilizantes e defensivos. Para a soja, os aumentos projetados são de 39,2% nas sementes, 52,2% nos fertilizantes e 14% nos defensivos, gerando um acréscimo de 29,1% no custo operacional.

O instituto também apresentou números de queda dos abates de bovinos e suínos, aumentos de preços e de custos de produção. As projeções para 2022 no caso dos bovinos indicam um mercado com menor volatilidade, uma retomada da oferta e um arrefecimento nos custos com a aquisição de animais. A maior incógnita é o retorno da China como destino das exportações, já que o país da Ásia suspendeu suas importações de carne brasileira há três meses, justificando uma questão sanitária que já foi resolvida.

“Acreditamos que a China vai voltar a comprar carne brasileira, mas o volume ainda é incerto. De qualquer forma, confiamos na atuação do governo federal que vem agindo para provar a sanidade do rebanho e para abrir novos mercados”, disse Gauer.

Funding

Em relação ao custeio do setor agropecuária de Mato Grosso, os dados do Imea apontam, que o sistema financeiro privado foi responsável por 28% das concessões de crédito aos produtores, um aumento de 4 pontos percentuais. Houve alta também de uso de recursos próprios e de financiamentos das revendas, mas caiu a participação das multinacionais e dos recursos públicos.

Para Cleiton Gauer, o aumento da participação do setor privado nos financiamentos ao produtor é uma tendência e se deve ao fato de que o agronegócio demanda mais crédito, mas o recurso público está cada vez mais escasso. Nesse cenário, os bancos privados se estruturaram melhor para atender esse setor que cresce mesmo em tempos de crise econômica.
Source: Rural

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