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A variante ômicron do Sars-Cov2 pode alongar ainda mais a crise logística mundial gerada pela Covid-19, cuja previsão é de um desfecho somente a partir de 2023. O alerta foi feito nesta quarta-feira (08/12) pelo presidente da A.P. Moller-Maersk no Brasil e na Costa Leste da América do Sul, Julian Thomas. Responsável por cerca de 20% do transporte internacional de bens e mercadorias, a empresa deve encerrar 2021 com a movimentação de 1,5 milhão de contêineres e faturamento acima de R$ 1 bilhão.

Lockdowns e restrições à circulação de pessoas gerou efeito em cadeia sobre o setor de logística internacional, que sofre com congestionamento em portos e falta de contêineres (Foto: Divulgação/Maersk)

 

“Toda a capacidade global de navios e contêineres está 100% empregada. Não se consegue mais fretar navios no mercado ou receber navios novos além do que foi programado. E não existe mais capacidade ociosa para frete”, destacou Thomas. Segundo ele, a variante ômicron é mais um desafio nesse processo de retomada. Embora medidas de restrição ainda não tenham gerado impacto sobre a cadeia logística, o risco potencial não está descartado.

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“Ainda não temos impacto sobre a cadeia logística porque não detectamos ainda uma grande onda de lockdowns. Inclusive, as notícias são mais otimistas nesse sentido, de que o vírus é mais facilmente transmitido, mas com um impacto sobre os vacinados menor do que se poderia esperar. Só que isso não garante que não vamos ter um impacto no futuro”, pontuou o executivo, ao destacar que “qualquer coisa na cadeia que esta estressada pode ter um impacto global”.

“Houve, com os lockdowns, uma falta de capacidade nos portos, primeiro muito afetados pelos falta de trabalhadores, pela falta de caminhões, pela falta de trens para escoarem os contêineres. Na entrada e saída dos portos aqui, a gente vê os reflexos disso que perduram até hoje”, observou Thomas, ao descrever como a crise logística internacional se desenrolou a partir do ano passado.

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Segundo o executivo, enquanto um contêiner saindo do Brasil em direção à Ásia fazia quatro viagens por ano antes da pandemia, o uso caiu para 2,5 viagens com o congestionamento nos portos. “Ou seja, em teoria, precisaria do dobro de contêineres para carregar a mesma carga. E ninguém tem uma capacidade ociosa dobrada para atender a essa demanda”, explicou Thomas.

No Brasil, ele pontua que a falta de contêineres e o congestionamento nos portos é menos grave do que em outras regiões do mundo. Nos Estados Unidos, o tempo de espera para atracar pode passar de duas semanas. Em termnais chineses e coreanos, quatro dias. Além disso, a suspensão das exportações da carne bovina para a China, principal cliente internacional do país, também ajudou a aliviar a pressão nos portos brasileiros.

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“Nesse momento continua a questão de bloqueio da exportação de carne brasileira para a China, o que melhorou ligeiramente a situação de demanda no sentido de ter um pouco mais de capacidade ociosa, mas a demanda ainda continua muito forte e isso não resolveu o problema. Aliás, não é esse tipo de solução de problema que a gente quer”, completou Thomas.

Source: Rural

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