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Desde quando começou a surgir no mercado, ainda nos anos 1980, os frangos gigantes, com mais de 4 quilos e 70% da carne concentrada no peito e nas coxas são cercados por uma aura de mistério sobre sua produção. Hoje, há várias opções no mercado, com as vendas desse tipo de ave concentradas no período das festas de fim de ano.

Representantes de empresas e pesquisadores afirmam que o processo de produção dessas aves tem diferenças em relação ao frango comum. Afirmam, no entanto, que não se trata de nenhum aditivo ou injeção de hormônio, o que é, inclusive, proibido. Basicamente, o que as faz diferentes é a genética, nutrição e o tempo de abate.

Granja onde são produzidos frangos especiais para festas de fim de ano (Foto: Divulgação/Aurora Coop)

 

Para Elsio Figueiredo, pesquisador da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Suínos e Aves, o mistério é apenas uma questão de segredo comercial. Segundo ele, essas aves são criadas em ambientes mais controlados e abatidas em unidades de produção calibradas para seu peso.

Todo o processo é fiscalizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), diz o pesquisador. Segundo ele, um frango comum é abatido a partir de 28 dias. Já os destinados ao mercado no fim do ano chegam a ficar até 56 dias nos aviários. Se o peso do peito começar a afetar a mobilidade, dificultando o consumo de ração e água, logo vai para abate.

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“Todo o processo é fiscalizado. As aves não recebem hormônios, que têm uso proibido no país desde 2004, e, quando precisam de antibióticos para combater alguma doença, o remédio é colocado na água e seu uso tem que ser especificado na Guia de Trânsito Animal (GTA)”, explica o pesquisador, acrescentando que é obrigatória a apresentação do documento do lote na hora do abate, que só pode ocorrer dias após o final do tratamento.

Rotina de atleta

Fim do mistério: frango criado para abastecer o mercado nas festas de fim de ano. Melhoramento genético direciona para concentração de carne nas coxas e no peito (Foto: Divulgação/BRF)

 

Outro fator que diferencia essas aves especiais é a linhagem. Elsio Figueiredo diz que as bisavós, avós e matrizes dos frangos são criadas como atletas, com um regime especial de alimentação. Essa genética é importada, mas o Brasil tem um programa de melhoramento genético para que os animais concentrem carne no peito e nas coxas.

A Perdigão, marca da BRF, começou ainda em 1980 a trazer para o Brasil a genética que serviu de base para o Chester, um dos principais produtos de suas linhas de fim de ano. O nome deriva de chest, palavra em inglês para peito.

De acordo com Luciana Bulau, gerente executiva da marca, a ave que deu origem ao produto foi trazida da Escócia e teve sua genética aperfeiçoada aqui. A executiva explica que as aves são alimentadas com ração balanceada produzida pela própria BRF, e são abatidas em torno de 50 dias. A criação nos viveiros é feita por mais de 40 produtores integrados da empresa.

A produção industrial do Chester é concentrada na planta da BRF em Mineiros (GO). Segundo Luciana, envolve 2.800 funcionários e conta ainda com 13 fornecedores de ingredientes e embalagens.

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Source: Rural

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