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Incluir a salada nas refeições diárias ficou mais caro nas últimas semanas. Do campo ao prato, algumas das principais hortaliças consumidas no país subiram de preços, uma situação que, de acordo com especialistas nesse mercado, de um lado, remunera o produtor, enquanto, de outro, pesa mais no bolso do consumidor.

O IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15) referente a novembro, prévia do indicador oficial de inflação, divulgado na quinta-feira (24/11), indicou uma alta mensal de 14,02% no tomate; de 2,01% na alface; de 7% na cebola e de 5,5% na cenoura. A avaliação dos preços neste indicador é feita entre a segunda quinzena de um mês e a primeira quinzena do mês seguinte.

Ingredientes da salada subiram de preço (Foto: Cybercook)

 

Segundo, Thiago Oliveira, analista econômico da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo (Ceagesp), o tomate teve alta de 69,3% até novembro. "Em resumo, o que pegou foi a geada em julho, causando perda de produção, depois duas frentes frias que reprimiram o consumo, sem falar na pandemia", observa Oliveira.

No final de novembro, o quilo do tomate estava em R$ 4,40 e a caixa com vinte quilos está em torno de R$ 90. Patamares, que, segundo o analista, têm sido remuneradores para o produtor. Para o consumidor, no entanto, a valorização dos produtos pesa mais no bolso do consumidor. "Se o atacadista aplica um ágio de 25%, começa a trabalhar com R$ 5,60 por quilo, o dobro do preço médio de 2020. No varejo, fica muito mais caro", indica Oliveira.

No ano, o tomate está 28,72% mais caro para o consumidor, de acordo com o IPCA-15 de novembro. No acumulado de 12 meses até a primeira quinzena de novembro, a valorização do produto no varejo é de 22,7%

A alface também subiu de preço. Ao produtor, a caixa com 12 pés da alface americana em Ibiúna (SP) tinha média de R$ 17,83, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Quase um mês antes, em 29 de outubro, o valor era de R$ 15,19. Em Mogi das Cruzes, a variedade passou de R$ 15,30 para R$ 18,21 no período.

"Essa alta já vinha acontecendo todo mês", observa a pesquisadora Mariana Maragon. "O produtor não investiu tanto em área neste ano, então a oferta diminuiu", explica, acrescentando o fator do calor sobre a demanda. "A oferta ficou mais restrita por falta de investimento e aumento de custos", observa ela. Ao consumidor, pelo IPCA-15 de novembro, a alface acumulou alta de 9,89% no ano e de 12,07% nos últimos 12 meses.

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No caso da cebola, os indicadores do Cepea mostram altas nas diversas variedades nas últimas semanas. No atacado da região do município de São Paulo, a saca com 20 quilos de uma cebola amarela tipo do 2 do cerrado chagava a R$ 23,40 em 5 de novembro. No dia 19 do mês passado, estava a R$ 34. A tipo 4, variou de R$ 26,70 a R$ 36,67 no período. Na mesma região, a cebola roxa passou de R$ 55 a saca de 20 quilos em 5 de novembro para R$ 99,50 em 26 de novembro, segundo o Cepea.

"O preço aumentou porque o produtor mineiro, de Monte Alto e São José do Rio Pardo (SP), após um período bem longo de baixa, reduziu o volume de produção. A comercialização deles já está quase finalizada esse ano, enquanto a oferta do Sul, que está no início da colheita, ainda não teve impacto sobre as cotações", analisa Maragon.

Apesar do movimento detectado pelo especialistas nas últimas semanas, o cenário é de acomodação dos preços para o consumidor, de acordo com os dados do IPCA-15, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. No acumulado deste ano, o indicador mostra uma baixa de 9,05% nos preços. no período de 12 meses, a queda é de 12,09%

Concentrada em São Gotardo (MG), a produção de cenoura sofreu uma leve desvalorização de 6% entre outubro e novembro, porém, no segundo semestre do ano, até novembro, houve um alta de 55% em relação à primeira metade do ano.

"A gente teve uma oferta bem grande no início do ano, pois quase não choveu, o que rendeu uma produtividade maior às lavouras", diz Mariana Maragon, do Cepea. "No segundo semestre, os investidores reduziram os investimentos, então a safra de inverno foi menor", acrescenta.

Para a especialista, as variações de preço que favorecem o produtor rural têm menor impacto, proporcionalmente, no varejo. "Impacta, sim, mas em menor medida", pondera ela. Ao consumidor, o IPCA-15 indicou uma leve queda nos preços da cenoura no acumulado do ano até a primeira metade do mês passado: 0,61%. Mas, nos últimos 12 meses até a primeira quinzena do mês passado, a alta é de 14,72%.
Source: Rural

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