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A Cutrale, uma das maiores exportadoras de suco de laranja do mundo, decidiu suspender os embarques do produto concentrado e congelado (FCOJ) do Brasil aos Estados Unidos, segundo informações divulgadas pelo jornal Valor Econômico e pela Reuters. A indústria fornece o produto para marcas da Coca-Cola, como Minute Maid e Simply Orange. O motivo, segundo a empresa, é uma cobrança de 34% de Imposto de Renda sobre o imposto de exportação, que estaria corroendo os lucros da empresa, que tem sede em Araraquara (SP).

Exportações de suco de laranja são taxadas (Foto: Thinkstock)

 

Procurada pela Globo Rural, a Cutrale não comentou o assunto e indicou que a reportagem procurasse a Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), que representa as indústrias. O diretor-executivo, Ibiapaba Netto, disse que a entidade não foi notificada e não tem como falar sobre a estratégia comercial de uma de suas associadas.

Ibiapaba apenas explicou que os 34% cobrados sobre o imposto de exportação aplicado pelos Estados Unidos (US$ 415 por tonelada), após a elaboração de um documento, em 2019, deu outra interpretação a uma regra de exportação do suco concentrado brasileiro. A partir de então, a Receita passou a multar as empresas com base nas exportações desde 2014, ou seja, um passivo de cinco anos. Nas contas do executivo, o potencial setorial dessas multas em cinco anos pode chegar a R$ 2,5 bilhões.

“Isso eleva os custos de exportação do suco brasileiro e o torna pouco competitivo em relação ao suco mexicano, que é isento de imposto de exportação pelo Nafta (tratado norte-americano de livre comércio).” O setor, que discute o assunto com a Receita Federal, também levou o caso ao Congresso, onde tramita um Projeto de Decreto Legislativo para sustar a cobrança.

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Os Estados Unidos são o destino de cerca de 20% das exportações brasileiras de suco, atrás da Europa, que representa quase 70%. Neste ano, os embarques somaram 998.800 toneladas, resultado que não é dos melhores, mas representa 7,63% de acréscimo em relação às exportações do ano passado.

A Cutrale é dirigida pelo empresário José Luis Cutrale e seu filho José Luis Cutrale Jr, que atualmente moram em Londres. Em 5 de novembro, a Justiça inglesa aceitou abrir processo contra os dois, movido por produtores de laranja do Brasil. Os Cutrale são acusados de formação de um suposto cartel com outras duas grandes indústrias de suco do Brasil para reduzir artificialmente os volumes de laranja entregue pelos produtores, baixar os preços de compra da fruta e impor custos adicionais aos agricultores independentes, o que levou muitos a abandonarem a atividade. Um porta-voz da Cutrale disse que as alegações são infundadas e que os empresários vão entrar com recurso.

*com informações do Valor Econômico e da Reuters
Source: Rural

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