Skip to main content

O mundo vive um processo de transição do uso de recursos fósseis, de origem vegetal e animal, para recursos naturais recicláveis e uma economia circular. Essa transição é denominada de “Jornada para a Bioeconomia Sustentável” e é motivada pelos cidadãos que buscam um estilo de vida mais amigável ao planeta. Nela estão incluídas as aquaculturas, bioquímicas, bioenergéticas e serviços ambientais, que visam reduzir a temperatura planetária. Bem como, a inclusão social definida nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).

A economia atual está baseada em recursos fósseis destinados à energia e à cadeia de produtos petroquímicos, aliada a um hábito de consumo rápido e descartável, que instala uma economia linear acumulativa de depósitos não degradáveis e de baixa reutilização de recursos, antecipando uma escassez sistêmica.

 

O grande desafio político, econômico e social é harmonizar esta jornada para todos em um mundo desigual de oportunidades. Este processo se inicia pela sensibilização da transformação do modo de vida, de produção e de convivência. Essa mudança só será possível em sociedade, começando pela economia, pois ela direcionará o progresso. Em muitas organizações multilaterais, governos, instituições e empresas é surpreendente notar que não se tem ideia de como mensurar essa jornada.

Tomando como exemplo o PIB, uma medida universalmente aceita desde a década de 50. É necessário pensar em uma nova forma de se medir esse indicador, que hoje é estruturado pela forma tradicional: agricultura, indústria e serviços; mas pela jornada da Bioeconomia Sustentável teríamos: Produtos Fósseis > Economia Linear > Economia Circular > Bioquímicos e Bioenergéticos > Aquacultura > Serviços Ambientais > Produtos de origem animal e vegetal.

Leia mais análises e opiniões em Vozes do Agro

Uma economia bioeconomicamente sustentável teria sua oferta de produtos e serviços partindo da economia circular. Por exemplo, a Costa Rica, teria um alto índice de sustentabilidade bioeconômica (mais de 50%) e o da Arabia Saudita (menor que 10%). Daria a oportunidade de medir os esforços de cada sociedade em se tornar cada vez mais sustentável.

Realizando este exercício para o PIB brasileiro, podemos chegar a um índice de até 45%. Teremos algo em torno de 65% de nossa economia ainda em função de elementos fósseis e na economia linear. Mas o ponto de interesse, além deste índice, é a posição brasileira, medida em valores absolutos, entre os 10 maiores PIB´s mundiais. Deduz-se que a potencialidade da bioeconomia do país deve estar entre as maiores do mundo, portanto dando escala e massa crítica para políticas públicas surtirem efeitos significativos. Vários indicadores secundários, mostram esta tendência, pelos investimentos nas áreas agroindustriais, de energia sustentável e ligados à sigla ESG, de melhores práticas ambientais, sociais e de governança.

saiba mais

Agronegócio deve guiar regulamentação de uso de dados no setor

Tecnologia para ampliar a produtividade e competitividade

 

A jornada brasileira para a bioeconomia aumenta a economia circular de produtos de origem animal e vegetal, e da aquacultura. A performance da energia a partir de biomassas sustentáveis é impressionante. Mas os serviços ambientais são de difícil valorização. E há uma grande discussão quanto à monetização dos ativos biológicos e sustentáveis, que reduzem a temperatura, preservam, sem mencionar a manutenção e recuperação da diversidade. O Brasil nesta área é a fronteira do conhecimento e das potencialidades. Como nos encontramos em um momento de transformação, o processo é difícil e repleto de resistências.

O primeiro passo para uma reflexão sobre como e onde aplicar melhor os recursos é saber para onde esta jornada nos levará. O Brasil por sua dimensão e pela participação econômica da bioeconomia sustentável já é reconhecido como potência mundial. O desafio está em ter a coragem para uma nova forma de definir o PIB, e colocar todos na mesma página dessa jornada pelo planeta e pela vida.

*Ingo Plöger é diretor da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag)

**as ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva do seu autor e não representam, necessariamente, o posicionamento editorial da revista Globo Rural
Source: Rural

Leave a Reply