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A edição da Anuga deste ano mostrou que, mais do que sabor, outros atributos estão fazendo a diferença na decisão do consumidor. O evento sobre alimentação, um dos maiores do mundo, foi realizado entre os dias 9 e 13 de outubro na Alemanha. Uma das constatações é que o consumidor não quer só saborear um alimento: quer saber de onde veio, como foi produzido e quem foram os beneficiados ao longo da cadeia.

A Anuga foi a primeira grande feira global a voltar ao formato presencial após o início da pandemia de Covid-19 e ocorreu entre os dias 09 e 13 de outubro (Foto: Divulgação/Koelnmesse)

 

O que antes era atendido por meio das diferentes formas de certificação, agora é apresentado como informação pelo varejo junto com o produto na prateleira. E essas informações vão desde a região de origem e a distância entre o produtor e o estabelecimento comercial até, em alguns casos, o endereço do local onde aquele produto foi originado.

Alguns especialistas afirmam que essa tendência é uma estratégia de marketing; outros argumentam que o varejo tem buscado dialogar mais com o consumidor e identificam um movimento de apoio à comercialização de produtos regionais, tanto no que se refere ao consumo dos alimentos típicos da região quanto à sua disponibilidade, respeitando o calendário agrícola.

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Em outras palavras, seria um movimento contrário ao que se tem visto na maior parte do varejo, que busca oferecer variedade o ano inteiro, inclusive de produtos perecíveis frescos.

Outra tendência apontada pela Anuga é o rótulo limpo (cleanlabel). Seguindo a linha da regionalização, a feira mostrou que o consumidor tem buscado produtos nutricionalmente mais ricos e mais naturais. Ingredientes como açúcar, conservantes e sabores artificiais estão sendo substituídos por uma alimentação mais consciente e saudável, tendo os orgânicos como carro-chefe.

A cidade de Colônia, na Alemanha, onde foi realizada a Anuga, recebeu mais de 70 mil visitantes de 169 países. Foram 4.600 expositores de 98 nações (Foto: Divulgação/Koelnmesse)

 

O resgate dos alimentos mais consumidos no passado também foi apontado pela feira como tendência. Entre eles, destaque para os classificados como superalimentos (superfoods). A lista desses produtos aumenta a cada ano, e boa parte deles vem de regiões tropicais. Quinoa e açaí são alguns exemplos de novos produtos que vêm despertando a curiosidade do consumidor de outras partes do mundo. Se, por um lado, existe um movimento de regionalização, os superfoods mostram que existem exceções. Alguns consumidores estão dispostos a renunciar a certas preferências, mas não a todas.

Na contramão dos alimentos saudáveis, estão aqueles oferecidos pelas lojas de conveniência. São produtos da linha dos snacks para quem não tem muito tempo para as refeições. E por que não dizer que o lanche também pode ser uma tendência? Além dos produtos to-go, a Anuga trouxe nesta edição os alimentos prontos para comer (ready-to-eat) e prontos para cozinhar (ready-to-cook), para quem tem vontade de preparar sua própria alimentação, apesar do corre-corre diário.

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Por fim, estão os produtos produzidos ou embalados de forma sustentável. O apoio ao reciclável vem sendo substituído pelo movimento de consumo lixo zero, com embalagens comestíveis e até com lojas de varejo que comercializam produtos sem embalagem. Se a Anuga pudesse ser resumida, seria: o resgate do tradicional com uma forma mais transparente de se comunicar como consumidor.

Na Europa, os produtores devem dispor uma série de informações sobre a qualidade dos alimentos em seus rótulos (Foto: Divulgação/Koelnmesse)

 

Farol alimentar

Como em outras partes do mundo, a legislação da União Europeia (UE) exige que os fabricantes coloquem uma série de informações no rótulo do produto para que o consumidor saiba o que está comprando. Isso inclui tanto os ingredientes individuais quanto os valores nutricionais e a data de validade.

Desde novembro de 2020, os fabricantes da UE contam ainda com o Nutri-Score – uma espécie de farol alimentar voluntário –, que sinaliza para o consumidor se aquele alimento é de fato saudável. A escala dos alimentos, que varia de A a E, é acompanhada de cores, que lembram os sinais de trânsito. Quanto mais saudável, mais próximo do verde ele será classificado. A escala, que é colocada na parte da frente da embalagem, pretende encurtar o caminho entre a informação e o consumo.

*Ana Cecília Kreter é economista e pesquisadora do IPEA

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Source: Rural

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