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Registrando níveis de crescimento anuais em torno de 25%, ao menos desde 2017, a Lavoro baseia sua estratégia de expansão em três vias: aquisição de empresas, abertura de lojas e ampliação de seus canais digitais. A empresa do setor de revenda de insumos, com operações no Brasil e em outros países da América Latina, como a Colômbia.

A expectativa para a safra 2021/2022 é faturar R$ 6,5 bilhões, mantendo o atual nível de crescimento anual. A empresa tem entre seus principais investidores o Grupo Pátria e, pelo menos, por enquanto, não vê a necessidade de se capitalizar através de uma Oferta Pública Inicial de ações (IPO, na sigla, em inglês), como fizeram outras empresas do agronegócio neste ano, inclusive do segmento de insumos agrícolas.

Revenda da Lavoro. Expectativa é de um faturamento de R$ 6,5 milhões na safra 2021/2022 (Foto: Divulgação/Lavoro)

 

"Uma forma de a gente capitalizar a empresa pode ser a abertura de capital. Como existem outras formas também. Investimentos, parcerias, o próprio fundo Pátria seguir investindo na Lavoro, mas não tem nenhum plano delimitado, no curto prazo, para abertura de capital.", afirma o CEO da Lavoro, Marcelo Abud, em entrevista à Globo Rural.

Na conversa com a reportagem, ele detalha os planos da companhia e analisa o atual momento do mercado de insumos agrícolas, atingido por fatores como a crise logística global, a menor produção na China e a alta do dólar.

Globo Rural: Como a empresa planeja continuar crescendo?
Marcelo Abud: A Lavoro, em termos orgânicos, tem crescido em termos de 25% na receita, desde 2017. O plano de expansão tem três vias: aquisição de empresas, abertura de novas lojas e expansão via canal digital, com website e a plataforma que a gente já lançou. Em relação à primeira via, a gente já está sempre atento a aquisições na América Latina, principalmente na Colômbia. E no Brasil estamos sempre atentos, com novas aquisições, empresas que crescem e estão no mercado há bastante tempo. Em relação às lojas, continuamos abrindo: algo em torno de 20, nesse ano. E o canal digital cria um relacionamento com o cliente, na cidade onde ele opera, perto da loja física. Essas são as grandes apostas que a gente tem. Além dessas três vias, tem a CropCare, em que investimentos para que os bioinsumos continuem crescendo três vezes mais rápido que o mercado tradicional.

GR: Empresas do agronegócio vêm abrindo capital. A Lavoro tem planos de IPO?
MA: A gente vem em uma trajetória de crescimento e somos, hoje, a maior revenda de insumos agrícolas não só do Brasil, mas da América Latina. Então, apesar de haver algumas empresas de capital aberto, nosso faturamento é o maior. Não temos nenhum plano pré-definido, claro de abertura de capital. Mas vamos continuar crescendo e isso pode acontecer em algum momento. Não tenho uma resposta sim ou não para te dar direto. Mas a gente pensa em crescer e uma forma de a gente capitalizar a empresa pode ser a abertura de capital. Como existem outras formas também. Investimentos, parcerias, o próprio fundo Pátria seguir investindo na Lavoro, mas não tem nenhum plano delimitado, no curto prazo, para abertura de capital.

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GR: O faturamento previsto para a safra 2021/2022 é de R$ 6,5 bilhões?
MA: A gente tem o plano de faturar nessa safra. O pilar de crescimento é o M&A (fusões e aquisições) das empresas. Então, a gente sempre fala no faturamento das empresas que fazem parte do grupo. Pode aumentar, conforme haja aquisições de outras empresas ao longo do ano, pois pretendemos continuar nos expandindo de forma inorgânica. Esse número é sem considerar nenhum tipo de nova aquisição dentro da safra de 2021/2022, é nossa expectativa atual. A gente hoje trabalha com um grupo. Em 2017, fizemos nossa primeira aquisição, na Colômbia, e depois mais uma no Brasil, no Mato Grosso. Dali em diante, percorremos uma trilha de aquisições. Hoje, temos dezenove empresas. A gente não é um conglomerado. A gente vai de fato integrando essas empresas, trazendo todas para a mesma gestão e usando o nome Lavoro para a companhia como um todo.

GR: Quais produtos e segmentos se destacam no negócio?
MA: A gente trabalha nos quatro principais segmentos de insumos: defensivos agrícolas, sementes, fertilizantes e especialidades. Defensivos têm a maior fatia, depois fertilizantes, sementes e especialidades. As especialidades vêm crescendo num ritmo muito forte: são fertilizantes especiais, biológicos, produtos que a gente vende numa divisão. Hoje, representa algo entre 7% e 8% do nosso portfólio, mas vem crescendo algo próximo de três vezes acima dos outros segmentos. O que a gente agregou nos últimos anos foi uma gama de serviços. O que, antes, era puramente uma revenda de insumos agrícolas, passou a ter serviços, que oferecemos para o produtor e que começa a pesar no nosso portfólio: monitoramento do solo, informações gerenciais, RP de tomada de decisão e outros. Isso vem tomando corpo na lavoura e a gente entende que vai ser um negócio muito grande em dois anos. A gente estima que os serviços cheguem a 20% do nosso faturamento total.

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Marcelo Abud, CEo da Lavoro: "A gente pensa em crescer e uma forma de a gente capitalizar a empresa pode ser a abertura de capital" (Foto: Divulgação/Lavoro)

 

GR: Quais serviços são oferecidos na plataforma digital e quais os produtores mais têm procurado?
MA: A gente está trabalhando muito a gestão integrada da fazenda, dando suporte agronômico até armazenagem. Também conta com uma plataforma digital para o cliente negociar grãos via internet. Todos esses serviços estão crescendo. Mas a parte técnica e agronômica é a mais procurada. Lançamos a plataforma faz pouco mais de um ano. A gente começou a perceber que, não só conseguiria vender produto, mas também oferecer serviços e ter acesso a dados. Então, tornou-se realmente um marketplace. A ideia é que, realmente, a gente esteja presente na cadeia inteira, desde o momento que ele planta até quando colhe, além de assessoria, entrega monitorada do produto, monitoramento de solo, de clima. Nem tudo está no ar, ainda. São 160 lojas, 19 empresas, revendas. A gente praticamente não fabrica. Compra dos principais fornecedores da indústria e revende. Tem um braço da Lavoro que chama CropCare, de fertilizantes especiais e biológicos. Aí, sim, a gente faz produtos próprios. Verticalizamos essa cadeia de especialidades e biológicos, com duas fábricas, em Leme e Jaguariúna (SP). Conseguimos comprar uma terceira empresa, UnionAgro, uma fábrica de fertilizantes biológicos que vem se somar à CropCare.

GR: Como está o mercado de bioinsumos e a Lavoro neste segmento?
MA: O desafio dessa indústria de fertilizantes biológicos e especiais é o acesso aos mercados. A gente precisa de alguém que venda, pois é um negócio que exige muito mais técnica do que o mercado de insumos convencional. A natureza do businnes é diferente. Como a gente já tem mais de 50 mil produtores, a CropCare aproveita para vender os produtos dela. Então, eu falo com uma empresa de inovação, que faz novas patentes, importações e marcas, mas ela faz parte do grupo Lavoro. Esse segmento representa, hoje, entre 7% e 9% das vendas no país. Nem tudo é da CropCare. A gente também compra fertilizantes especiais de outros players. O mercado de fertilizantes tem vários desafios e o bioinsumo é uma superoportunidade. Precisa de muita educação, mas cresce num ritmo três vezes mais rápido que o de fertilizantes.

A Lavoro, em termos orgânicos, tem crescido em termos de 25% na receita, desde 2017. O plano de expansão tem três vias: aquisição de empresas, abertura de novas lojas e expansão via canal digital"

Marcelo Abud, CEO da Lavoro

GR: A gente tem visto uma alta exponencial no preço dos insumos e, ao mesmo tempo, no dólar. Como a Lavoro observa, e como se adaptou a esse movimento?
MA: A alta dos preços dos insumos, acelerada pelo dólar, somou-se aos problemas logísticos e menor fornecimento da China, que tem grande participação nesse mercado. Acabou fazendo com que o preço subisse. A boa notícia é que o preço dos grãos também subiu, mantendo essa relação de troca. A gente conseguiu se posicionar muito bem, com uma compra de matérias-primas muito antecipada. A gente já está planejando a safra seguinte. Então, estava bem posicionado. Obviamente você acaba tendo uma vantagem, pois está com um preço melhor, mas como nem todo produto chega na data. Até agora, conseguimos atender todos os pedidos que negociamos dentro do prazo. Mas é, de fato, um ano desafiador em termos de preço e produto.

GR: Vocês estão repassando esse custo maior para o produto?
MA: A gente repassa os preços dentro do mercado, buscando estar sempre competitivo, porque é, obviamente, um mercado com três mil revendas no Brasil. É um negócio de margem, não tem tanta variação conforme o preço da commodity, diferente da soja, por exemplo, que acompanha o preço de Chicago. Você tem que estar sempre atento ao preço de mercado para não ficar fora. Então, a gente tem balanceado bem isso, e temos conseguido cumprir nossos compromissos com nossa base de 50 mil clientes. Até agora, não tivemos nenhum problema maior, alguns problemas pontuais, mas nada maior com dificuldades no atendimento e na competitividade dos preços.
Source: Rural

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