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Sustentabilidade e bioeconomia foram temas de destaque no primeiro dia do Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio (CNMA), nesta segunda-feira (25/10). O evento realiza, neste ano, sua 6ª edição reunindo lideranças do setor, debatedores e palestrantes do Brasil e do exterior.

Na abertura, a ministra conselheira da Embaixada do Reino Unido no Brasil, Melanie Hopkinsiura, disse que o país está comprometido em colocar US$ 100 bilhões de financiamento na mesa da COP-26 para apoiar a transição verde. A Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima começa no próximo domingo (31/10) em Glasgow, na Escócia, e vai até 12 de novembro.

Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio iniciou as atividades da 6ª edição nesta segunda-feira, dia 25 (Foto: Divulgação/CNMA)

 

Segundo ela, a meta de financiamento estabelecida pelo país anfitrião inclui conectar os investidores do setor privado aos programas para o desenvolvimento econômico verde. Outras metas são adaptação, mitigação e colaboração.

“Quando falamos de adaptação e mitigação, a agenda do uso de tecnologias de produção sustentáveis na revisão do plano de agricultura de baixo carbono é um sinal muito importante dos compromissos que o Brasil está fazendo. Esses compromissos dão amparo e contribuem diretamente para o alcance das metas nacionais de redução de emissão de gases poluentes”, disse a ministra.

Na meta de colaboração, ela diz ver oportunidades reais de ganhos para o Brasil e seus agricultores por meio de assistência técnica direcionada, troca de tecnologias, experiências, pesquisas e inovação e, principalmente, por meio do acesso ao mercado regulado de carbono.

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Quem também vê chances de trabalhar com o Brasil é o embaixador da Índia no país, Suresh Reddy. Segundo ele, as mudanças climáticas vão afetar a agricultura, como as secas já afetaram e os países precisam trabalhar juntos para tentar reduzir esses problemas.

Brasil e China

Marcelo Brito, presidente do Conselho da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), fez questão de ressaltar que o Brasil tem uma dependência intrínseca da China, país que recebeu, até o primeiro semestre de 2021, US$ 5 bilhões das exportações de produtos brasileiros, valor maior que a soma de tudo que é comercializado com todos os outros países do mundo.

“Sabemos que até 2030, 60% do consumo da classe média mundial estará na Ásia. Mas precisamos salientar que, apesar disso, as tendências de mercado e a base de todo o financiamento ainda saem dos EUA e da Europa. Isso significa que vivemos num mundo globalizado, no qual em algum momento os braços se encontram em um ponto da cadeia produtiva”.

Em referência a críticas de integrantes do governo Bolsonaro à China, Brito destacou que é no mínimo irresponsável querer taxar a China de uma forma diferente, esquecendo que não existem países amigos, mas países de interesse. “Não pode haver diferença: é preciso ter profissionalismo no tratamento dos interesses brasileiros, principalmente com alguém do tamanho da China”

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Teka Vendramini, presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), destacou que o agronegócio brasileiro “subiu de prateleira”. Os produtores precisam fazer uma gestão muito eficiente e sustentável, mostrando para o mundo o trabalho sério que vem realizando dentro da sua propriedade.

“Vamos chegar na COP-26 mostrando que estamos produzindo cada vez mais preocupados com a sustentabilidade, nos preparando para atender todas as iniciativas que englobam o ESG”, disse se referindo à sigla que contempla a sustentabilidade ambiental, social e de governança. Segundo Teka, além da dependência das exportações para a China, o produtor brasileiro vive um momento de grandes desafios, com 30 a 40% de aumento nos custos de produção e a incerteza sobre a chegada dos fertilizantes e outros insumos.

Bioeconomia

A sustentabilidade também foi tratada em mesa-redonda sobre bioeconomia e interação com o mercado financeiro. Especialistas disseram que o Brasil tem enorme potencial para desenvolver sua bioeconomia e mostrar ao mundo a eficiência agrícola de sua produção.

“Devemos fomentar mais a conversa e as ações sobre bioeconomia no país, pois esse é um nicho que ainda tem bastante espaço para crescer”, disse o diretor de Sustentabilidade Corporativa do Bradesco, Marcelo Pasquini.

José Berenguer, CEO do Banco XP, disse que a bioeconomia é uma importante ferramenta de competitividade para o setor agrícola brasileiro. “Toda essa discussão sobre agricultura, mercado de capitais e economia merece atenção. Enxergamos que a bioeconomia é um potencial para a economia do Brasil e contribui para elevar ainda mais a eficiência agrícola, que evolui a cada ano.”

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Se adaptar às boas práticas agropecuárias é fundamental para canalizar recursos, segundo a chief comercial do CME Group, Julie Winkler, que lembrou dos riscos financeiros associados a negócios sustentáveis.

O diretor de Agronegócio do Itaú BBA, Pedro Fernandes, concorda. Segundo ele, é preciso aliar um conjunto de ações na direção correta que levem a uma conscientização dos clientes sobre a importância do agro, que  funciona como um vetor de contribuição para as mudanças no planeta.

Neste primeiro dia, 300 mulheres participaram presencialmente e mais 2.500 de forma virtual, segundo a organização do congresso. Nesta terça, o CNMA vai discutir as práticas de ESG, com casos reais, diretrizes e tendências para os produtores que querem alcançar a lucratividade sustentável.

O evento terá ainda o 4º Prêmio Mulheres do Agro, promovido pela Bayer em parceria com a Abag e apoio da Globo Rural, que reconhece a importância da presença e da liderança feminia nos negócios e na gestão das propriedades rurais de pequeno, médio e grande porte.
Source: Rural

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