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“As mudanças climáticas estão no centro da discussão das empresas; já não corre mais no paralelo, está no centro dos negócios”, disse, convicta, Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), durante evento para jornalistas realizado pela empresa Suzano, do setor de papel e celulose, nesta quinta-feira (21/10).

A executiva afirmou que o mundo inteiro está em uma corrida intensa para acelerar a redução das emissões de gases de efeito estufa, e manter o aquecimento global no teto de 1,5º nas próximas décadas. E o discurso no ambiente corporativo é o de manter a floresta em pé. Não apenas em prol do Planeta, mas também porque árvore significa carbono no solo, mercado economicamente atraente para o Brasil.

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Floresta amazônica vista do alto (Foto: Globo Rural)

 

Às vésperas da Conferência do Clima (COP-26), Marina diz que a expectativa é que o Brasil se mostre pronto para o mercado de carbono regulado, e para isso, apresente políticas públicas concretas para o fim do desmatamento ilegal e a proteção dos biomas.

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A realidade, no entanto, é que, nos três últimos anos, o desmatamento aumentou em 50%, chegando a 10.000 quilômetros quadrados, lembrou André Guimarães, diretor-executivo do Instituto de Pesquisa da Ambiental da Amazônia e membro da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura. O desmatamento ilegal, segundo ele, advém de prática criminosa, como tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.

Continuar com o enfraquecimento dos órgãos de fiscalização seria beneficiar o crime e ainda piorar a reputação do agronegócio. No entanto, ele pondera que o Brasil é respeitado pelo mundo devido ao papel que representa para a segurança alimentar mundial. E, para que este respeito continue, o Brasil precisa rever a forma de produção agropecuária, e entender que é possível, e necessário, produzir e preservar simultaneamente.

Um hectare na Amazônia tem 400 toneladas de CO2 equivalente. A US$ 100 a tonelada, você tem US$ 4 mil por hectare em crédito de carbono"

André Guimarães, Coalizão Clima, Florestas e Agricultura

Segundo André, movimentos empresariais e da sociedade civil estão em defesa das soluções baseadas na natureza, conforme é o mercado de carbono. “Apesar do desmatamento que já enfrentamos, a gente ainda tem os ativos, como a Amazônia e o Cerrado. Um hectare na Amazônia tem 400 toneladas de CO2 equivalente. A US$ 100 a tonelada, você tem US$ 4.000 por hectare em crédito de carbono, a pecuária dá no máximo US$ 100”, ele exemplifica.

Com a demora do governo federal para se estruturar para o mercado, interno e externo, Marina Grossi explicou que que governos estaduais, como São Paulo e Espírito Santo, estão correndo para criar um mercado regulado de carbono nos seus territórios. “A corrida está grande, e isso mostra que estamos com ambição e preparados para receber recursos e fazer mudanças para o mercado de baixo carbono”, comentou.

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Para ela, o Brasil tem até 2030 para contar vantagem na negociação do carbono, mas para estar na vanguarda desta nova economia verde, novamente ela cita as soluções baseadas na natureza, como a bioeconomia e a própria Agricultura de Baixo Carbono.

Após a retomada da produção sustentável, Marina defende o que chama de “ajustes correspondentes”. O Brasil por ser um grande fornecedor de crédito de carbono, vendendo para países que desejam compensar as emissões, precisa ser correspondido à altura, tendo benefícios da comunidade internacional

Acabar com o desmatamento e ter políticas bem definidas para o mercado de carbono contribui diretamente com a própria agropecuária, comentou André Guimarães. A grande vantagem comparativa do Brasil é o plantio de duas, às vezes, três safras, devido ao ciclo de chuva alongado proveniente das florestas.

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“Ampliar a velocidade de combater o desmatamento ilegal contribui para a resiliência climática, acaba com a criminalidade, beneficia o produtor e cuida das florestas, que contribui para o ciclo hídrico e a própria agricultura. Essa é a política do ganha-ganha”, resumiu Marina.
Source: Rural

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