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As exportações brasileiras de manga para a Europa, o principal mercado, subiram 29,3% em volume de janeiro a setembro deste ano, na comparação com o mesmo período de 2020, segundo Frederico Cabral da Costa, sócio da Ibacem Agrícola Comércio e Exportação, de Juazeiro (BA), no Vale do São Francisco, uma das maiores produtoras e exportadoras da fruta, com 28 mil toneladas por ano. Foram embarcadas para a Europa 5.540 caixas de 4 kg de manga, ou 113,4 mil toneladas. Já para os Estados Unidos, o aumento foi de 25%, com volume acumulado de 29,3 mil toneladas.

Frederico Costa diz que o crescimento das exportações em volume de uva foi ainda maior: 94% para os EUA ou 6,97 mil toneladas e 100% para a Europa, com 19,57 mil toneladas embarcadas neste ano.

Exportação de manga para a Europa aumentou (Foto: Pexels/Creative Commons)

 

“Em termos de volume, as exportações de manga estão muito boas, mas em valores, não. A fruta está valendo um euro a menos por caixa na Europa e US$ 0,75 a menos nos Estados Unidos”, diz Costa que exporta sua produção e a de terceiros e não acredita em uma melhora de preços antes de novembro.

Já os valores da uva, segundo o produtor e exportador, estão semelhantes ao do ano passado, mas os embarques brasileiros foram adiados por causa da extensão da safra europeia e só devem se intensificar na terceira semana de outubro. Tradicionalmente, o pico das exportações de manga e uva ocorre de setembro a novembro.

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Costa  diz que o setor da manga, fruta que lidera o ranking de exportações brasileiras, com receita de US$ 246,91 milhões em 2020, seguida por melões e uvas, está pressionado pelas margens estranguladas nas exportações e pelo aumento significativo dos custos de produção, especialmente dos insumos. Segundo ele, a situação ainda é pior para os pequenos e médios produtores, que precisam vender a fruta a preços muito baixos, algumas vezes inferior ao do custo de produção.

Outra pressão vem do aumento do custos dos fretes nacionais e internacionais. “A crise global dos contêineres já abalou muito nosso negócio. Tivemos que rebolar muito para colocar nossa fruta para exportação. Houve semanas que precisamos contratar outras empresas e espalhar nossas exportações porque os armadores com quem trabalhamos não tinham como nos atender.”

Neste ano, o negócio de Costa e de outros exportadores brasileiros de mangas também foi impactado pelo bloqueio de contêineres da fruta no porto espanhol de Algeciras em junho, que durou cerca de um mês.

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“Fomos pegos de calça curta com as restrições dos fiscais espanhóis em relação à cera de carnaúba que a gente usava para revestir a manga em busca de mais tempo de prateleira e melhor aparência da fruta. Minha empresa teve sete contêineres destruídos.”

O produtor conta que ficou um mês sem usar cera nas frutas para exportação e depois passou a usar uma cera produzida no Brasil sem os adjuvantes proibidos pelos europeus. O produto, conta, só é usado na manga exportada porque o mercado brasileiro rejeita fruta com cera por considerar refugo de exportação.

Na semana passada, Costa esteve em Madri participando pela terceira vez da Fruit Attraction, uma das principais feiras internacionais de frutas e hortaliças que voltou a ser realizada neste ano no formato presencial. “Foi uma feira muito boa. Pudemos prospectar novos negócios e firmar alguns compromissos que estavam em negociação com importadores europeus.”

Ropendo barreira

No total, as exportações brasileiras de frutas de janeiro a setembro somam US$ 695 milhões ante os US$ 569,7 milhões do mesmo período do ano passado, segundo dados colhidos pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq-USP junto ao Comex Stat, do Ministério do Comércio Exterior (MDIC). Em volume, o total deste ano é de 737,1 mil toneladas ante as 616,57 mil toneladas de 2020.

A Associação Brasileira de Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) diz que ainda não tem os dados fechados até setembro. As estatísticas da entidade até o fim de agosto apontam um acumulado de 508,16 mil toneladas para uma receita de US$ 549,04 milhões, ou 33% a mais que o mesmo período de 2020. Só as mangas renderam US$ 108,6 milhões.

Com esses números, a previsão é que o país feche o ano rompendo, finalmente, a barreira do US$ 1 bilhão em exportações, receita perseguida há mais de dez anos. Nos 12 meses de 2020, os embarques renderam US$ 875,88 milhões.

Fernanda Geraldine, pesquisadora de frutas do Cepea, explica que o segundo semestre é tradicionalmente de exportações maiores que o primeiro, especialmente de mangas, uvas e melões, os principais produtos. “Como o primeiro semestre teve um desempenho bem positivo (alta de 40% em receita e 29% em volume), basta ficar dentro da média para superar o US$ 1 bilhão.”

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Geraldine diz que o clima no Vale do São Francisco, principal região produtora de manga, uva e melão, e a ausência de problemas fitossanitários ajudaram os produtores. Ela acredita que a volta de eventos presenciais internacionais, como a feira espanhola, e principalmente, a tendência de volta à normalidade após o pico da Covid-19 podem elevar o consumo e ajudar o setor a exportar mais.

O que atrapalha, diz, é a crise dos contêineres, que ainda não tem solução no curto prazo. “Conversei hoje (15/10) com um exportador que me disse que a escassez de contêineres está reduzindo as margens e que o setor poderia ter embarcado muito mais. O que salva o exportador é o câmbio, com esse dólar acima de R$ 5 e a previsão do Banco Central de se manter em R$ 5,25 no final do ano e em 2022.”

Luiz Roberto Barcelos, sócio da Agrícola Famosa, principal produtora e exportadora de melões do país, e diretor institucional da Abrafrutas, também reclama da crise dos contêineres, mas acredita na quebra da barreira de US$ 1 bilhão. “Embora o desempenho do setor não esteja repetindo os percentuais de crescimento do primeiro semestre, deve vir sim um aumento de volume e de receita neste ano.”

Ele conta que as exportações de melão para a China, primeira fruta brasileira aceita no país asiático, ainda são pequenas devido à logística complicada e aos fretes caríssimos. “Mas devemos embarcar ainda uns seis contêineres este ano para a China a partir do final de outubro.”
Source: Rural

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