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O Brasil deve registrar um superávit comercial de 40 bilhões a 50 bilhões de dólares em 2022, segundo estimativas iniciais feitas pelo presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, que espera para este ano um saldo recorde de 59 bilhões de dólares.

Navio cargueiro descarrega soja no porto de Paranaguá, no Paraná (Foto: REUTERS/Rodolfo Buhrer)

 

Em entrevista à Reuters, Castro destacou que considera o saldo de 2021 uma "obra de ficção", na medida em que o crescimento do superávit será baseado essencialmente na disparada das cotações das commodities, que respondem por parcela importante da pauta de exportação do país.

"O superávit deste ano será totalmente obra do acaso, não é um resultado estruturalmente construído. Somos um exportador de commodity, commodity e commodity. Temos que reinserir os manufaturados na pauta", disse Castro.

Ele pontuou que, enquanto em 2000 as manufaturas respondiam por 59% das exportações brasileiras, este ano essa participação deve ser de apenas 26%.

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A expectativa da AEB é que tanto as exportações como as importações cresçam cerca de 35% em valor em 2020 sobre o ano anterior, somando, respectivamente, 275 bilhões de dólares e 217 bilhões de dólares. Já em volume, as vendas externas do país devem avançar apenas entre 3% e 4% em 2020, percentuais insuficientes para alavancar a economia e gerar emprego e renda, disse Castro.

"Precisamos de uma mudança estrutural como a reforma tributária, que poderia fazer o Brasil deixar de ser um exportador de tributos. O Brasil tem que investir também em infraestrutura e criar mecanismos para atrair os investimentos", defendeu.

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Para 2022, Castro estima que o mundo não terá mais fôlego para manter a demanda e os níveis elevados das cotações das commodities. Entre os produtos que devem perder força, de acordo com o presidente da AEB, estão minério de ferro e produtos agrícolas. "A tendência é de acomodação, até por que ainda tem uma inflação elevada no mundo", avaliou.

Ele destacou como um risco importante para o comércio global os desdobramentos da crise da incorporadora chinesa Evergrande, que tem enfrentado dificuldades para fazer frente a suas obrigações.

"Será que tem outras Evergrandes na China? Se aparecer mais uma, o mundo vai achar que tem outras mais, cria uma aversão e aí pode mexer com o comércio. A China é a maior exportadora e maior importadora global", afirmou.
Source: Rural

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