O Brasil é um dos quatro países com status de convidado especial da 13ª Fruit Attraction, primeira feira internacional do setor de frutas e hortaliças realizada em formato presencial desde o início da pandemia da Covid-19 e a segunda mais importante da União Europeia, depois da Fruit Logistica de Berlim. O evento começou nesta terça-feira (5/10) e vai até a quinbta (7/10), em Madri, capital da Espanha, reunindo mais de 1.300 empresas expositoras de 44 países. Os outros convidados especiais são Ucrânia, Coréia do Sul e Bielorússia.
Estande brasileiro na Fruit Attraction (Foto: Roberto Barcelos/Abrafrutas)
O estande brasileiro na feira tem a coordenação da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações (ApexBrasil). O evento é uma oportunidade de relacionamento e fechamento de contratos futuros, já que a organização, com apoio do Ministério da Agricultura, Pesca e Alimentação da Espanha, investiu forte em um programa de convidados internacionais que permitiu a visita à feira de centenas de gerentes de compras no varejo, importadores e atacadistas de todo o mundo.
De Madri, Guilherme Coelho, presidente da Abrafrutas, disse à Globo Rural que a Fruit Attraction supre uma demanda reprimida de encontros presenciais e, para os produtores brasileiros, representa uma oportunidade de relacionamento com os clientes internacionais e de planejamento de negócios para o próximo ano, já que em 2021 os contratos de exportação estão fechados. Espanha, Países Baixos e Reino Unido são os três principais consumidores de frutas brasileiras.
Na terça, primeiro dia de feira, segundo Coelho, pelo menos 30 associados da Abrafrutas recebeream clientes no estande do Brasil, sempre obedecendo às regras de distanciamento do protocolo Covid, que incluem uso de máscara e álcool gel e distanciamento social. Um dos visitantes foi o ministro da Agricultura da Espanha, Luiz Planas, acompanhado pelo embaixador brasileiro naquele país, Pompeu Andreucci. “O ministro fez questão de nos visitar e de reforçar a importância do relacionamento comercial entre Brasil e Espanha.”
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Coelho diz que as exportações brasileiras de frutas vão muito bem neste ano, apesar da crise dos contêineres, do aumento dos fretes em até 100% e da falta de navios. Ele aposta que a barreira do US$ 1 bilhão vai ser finalmente rompida. “O câmbio está nos ajudando.” No primeiro semestre, o Brasil exportou 515,6 mil toneladas, com receita de US$ 440,1 milhões.
A expectativa do setor é abrir portas no mercado chinês, que passou a comprar melões brasileiros, também para a uva, avocado, limão e manga, nesta ordem.
“Surpreendentemente, a troca de documentos entre Brasil e China está acontecendo de forma muito rápida. Acredito que já em 2023 vamos abrir o mercado chinês para outras frutas brasileiras.”
Empresários da fruticultura brasileira recebem visitantes na Fruit Attraction (Foto: Roberto Barcelos/Abrafrutas)
Além de negócios, a Fruit Attraction também é um espaço de debates. A questão dos problemas hídricos, que atinge a África do Sul, por exemplo, foi um dos temas do dia. O que preocupa o presidente da Abrafrutas, no entanto, é o movimento dos europeus tentando empurrar mais para a frente a consolidação do acordo Mercosul-União Europeia. “A eleição na Alemanha, que abriu mais espaços para os verdes, tem peso. Vemos um movimento dos europeus tentando aprovar um adendo ao acordo que já foi fechado exigindo condições ambientais do Brasil. Não deixa de ser um protecionismo.”
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A Espanha é a segunda maior exportadora de frutas e hortaliças do mundo, atrás dos Estados Unidos, segundo dados do Ministério da Agricultura local. Esses produtos representam mais de 30% das exportações agrícolas do país. No ano passado, o saldo das exportações foi de 11,8 milhões de euros, 13% a mais que a média dos cinco anos anteriores.
Em junho, o país europeu bloqueou dezenas de contêineres brasileiros de limão e manga no porto de Algeciras alegando que as ceras de revestimento das frutas continham ingredientes proibidos na União Europeia. Foram bloqueadas também outras cargas de frutas da América Latina e parte acabou sendo destruída. A questão foi resolvida após um mês de negociações entre os ministérios e de mudança na composição das ceras.
Source: Rural