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Algumas sinergias são notáveis no agro. Cadeias produtivas que se entrelaçam e criam oportunidades em conjunto, gerando benefícios mútuos, fortalecendo todos os elos em um único curso. Falo de facilitações logísticas, modus operandi, insumos, nichos de mercados, destinos de exportação, promoção comercial e tantas outras intersecções que, muitas vezes, muitos chamam estas duas cadeias produtivas de setor, no singular.

A avicultura e a suinocultura do Brasil são expoentes neste contexto. São tantas conexões em comum que até mesmo o posicionamento geográfico de ambas é coincidente. As duas têm custos pautados pelo milho e a soja – e vivenciam custos sem precedentes.

 

A China lidera as importações de carne de frango e de carne suína do Brasil. A região Sul concentra a maior parcela destas cadeias produtivas, que funcionam, predominantemente, em regime de integração. E grande parcela das empresas de proteína animal atual nas duas proteínas.

A própria ABPA mostra o nível desta sinergia, uma associação criada a partir dos anseios destas cadeias produtivas ampla, integrada em um propósito maior, de representação, promoção e fomento ao desenvolvimento econômico e social.

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Aqui não quero refletir sobre se o ovo veio antes da galinha ou vice-versa – ou, se estes setores cresceram em conjunto por consonâncias naturais, ou por estratégia agroindustrial. Mas, sim, demonstrar que a preservação destas sinergias é fundamental não apenas para os benefícios competitivos. Também importa para a preservação de ambas as cadeias produtivas.

Hoje, é consenso que entre tantos diferenciais que nossos produtores detêm no mercado internacional está o status sanitário. Para a avicultura, ser livre de Influenza Aviária permitiu ao país alçar voos históricos. Foi por ser o único entre os grandes produtores a nunca registrar a enfermidade que, em 2004, assumimos a dianteira do comércio global de frango – posição em que estamos até hoje.

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Atualmente, 31% do que produzimos alcança gôndolas em mais de 150 nações pelo mundo.  De quase 12 milhões de toneladas exportadas em 2020, algo como 4,2 milhões de toneladas (ou mais de um terço) saíram de nossas granjas.

Do Japão ao México, da África do Sul ao Canadá, o Brazilian Chicken se fez reconhecido em todo o mundo por sua qualidade e confiabilidade – especialmente para as nações que dependem de parceiros como nós, livres da enfermidade, para complementar suas demandas por alimentos.

Uma situação sanitária em nosso país causaria um desbalanço gravíssimo em todas as sinergias que mantemos. O mercado consumidor e as exportações seriam severamente impactados, com consequências severas em um momento com custos de produção elevados

Ricardo Santin

Nesta mesma trilha está a carne suína. Livre de Peste Suína Africana (PSA) e de outras enfermidades, a suinocultura do Brasil ganhou espaço internacional e hoje está em 93 nações – em torno de 20 destes mercados, conquistados nos últimos três anos, sob a liderança e forte articulação internacional da Ministra Tereza Cristina.

São mais de 1 milhão de toneladas anualmente exportadas pelo Brasil (dados de 2020), alcançando nações da Ásia, África, Europa e América do Sul. Nosso status sanitário fez nossas exportações quase dobrarem neste período, em um mundo que vive uma gravíssima crise sanitária de PSA.

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Nações da Ásia registraram perdas superiores a 20 milhões de toneladas de carne suína – apenas para se ter como referência, o trade internacional do setor não superava 10 milhões de toneladas. Um grande déficit surgiu em nações que passaram a depender de forma significativa do suprimento internacional – e o Brasil se destacou como grande parceiro pela segurança alimentar destas nações.

A PSA causa terremotos que chegam de forma silenciosa. Não apresenta risco aos humanos, mas pode gerar perdas incalculáveis para a cadeia produtiva e para a sociedade. Exatamente por isto, a suinocultura do Brasil e de todo o bloco continental das Américas entraram em estado de atenção quando a doença voltou para a região.

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A primeira nação impactada foi a República Dominicana, onde – segundo fontes locais – mais de 90% da produção foi comprometida. Não demorou e o Haiti, nação que divide a ilha de Hispaniola com os dominicanos, também registrou focos da enfermidade.

De imediato, o Grupo Especial de Prevenção à Peste Suína Africana (GEPESA) da ABPA iniciou forte mobilização interna e internacional – articulando um grande grupo de ações na América Latina. Uma forte campanha tomou o setor, reforçando a necessidade de blindar as granjas de suínos contra a enfermidade.

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E quando digo “setor”, retomo o raciocínio que ponderei já no primeiro parágrafo. Nós, a avicultura e suinocultura, somos uma única cadeia produtiva. E a responsabilidade de propagar os cuidados para evitar a PSA em nosso país também está com os produtores de aves – assim como também é de responsabilidade dos produtores de suínos manter o Brasil livre de Influenza Aviária.

O engajamento de todos nesta grande campanha pela preservação de nosso status sanitário vai além da consciência produtiva. Uma situação sanitária em nosso país causaria um desbalanço gravíssimo em todas as sinergias que mantemos.

O mercado consumidor e as exportações seriam severamente impactados, com consequências severas em um momento com custos de produção elevados. Bilhões de dólares em prejuízos poderiam se desenrolar em toda a cadeia produtiva – tanto para produtores de suínos, como de aves.

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Por isso, é fundamental que todos neste setor estejam conscientes dos cuidados que devem ser tomados. Evite visitas de pessoas externas ao setor nas granjas. Oriente os colaboradores sobre a importância de cumprir a determinação do Ministério da Agricultura de não trazer alimentos à base de suínos do exterior.

Visite o site www.BrasilLivredePSA.com.br e saiba todos os cuidados e orientações. Unidos, produtores de aves e de suínos apoiarão o país a cuidar de nosso status sanitário, preservando também nossa posição como grande fornecedor de alimentos para o mundo.

*Ricardo Santin é presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que reúne 140 empresas e entidades vinculadas à avicultura e à suinocultura do Brasil.

As ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do seu autor e não representam, necessariamente, o posicionamento editorial da Revista Globo Rural.

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Source: Rural

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