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Com características similares ao Cerrado, as savanas são definidas por longos períodos de estiagem, solo empobrecido, gramíneas e árvores em menor quantidade. Caso as mudanças climáticas se intensifiquem, esta descrição poderá ser realidade também na Amazônia, conhecida mundialmente pela extensa floresta e biodiversidade.

A conclusão foi apresentada em artigo escrito por cientistas brasileiros e publicado nesta sexta-feira (1/10) na Revista Nature. Para além da descaracterização da floresta amazônica, o calor excessivo decorrente dos desmatamentos é uma ameaça à saúde pública, segundo os pesquisadores Beatriz Fátima Alves de Oliveira, Marcus Bottino, Paulo Nobre e Carlos Nobre.

Área desmatada e recém queimada em Itaituba, no Pará (Foto: Victor Moriyama/Greenpeace)

 

Em escalas locais e regionais, as altas temperaturas "serão fisiologicamente intoleráveis ​​para o corpo humano", alerta o estudo ao considerar que o risco é ainda maior para quem trabalha ao ar live, como no caso do setor agrícola e de construção. "Particularmente na agricultura, o alto risco associado ao trabalho intenso e à sobrecarga térmica, já foi observado entre os cortadores de cana-de-açúcar brasileiros", observam os cientistas.

Ainda segundo o artigo publicado na revista inglesa, em um cenário extremo de perda de vegetação da Amazônia – responsável pela produção de chuva para o cinturão agrícola brasileiro -, a temperatura pode exceder 34°C na sombra em 42% dos dias de cada ano no final do século 21. 

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"O aumento de queimadas, a expansão de áreas agrícolas e atividades de mineração podem provocar uma urbanização não planejada, resultando em falta de infraestrutura sanitária básica e trabalho informal mais frequente", apontam os pesquisadores.

Queimadas em setembro

 

Queimada registrada em 13 de setembro para expansão de área no sul do Amazonas, em Novo Aripuanã (Foto: Victor Moriyama/Greenpeace)

 

De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, por meio do Programa Queimadas, a Amazônia registrou 16.742 focos de calor em setembro, cujos Estados do Acre (24%), Pará (23%) e Mato Grosso (17%) aparecem como os mais críticos.

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Apesar de o número representar redução de 48% em relação ao ano passado, a ONG Greenpeace ressalta que são "todos ilegais, visto que o Decreto nº 10.735 proibiu o uso do fogo no Brasil desde 28 de junho de 2021". 

“A queda pontual nos focos de calor, em um mês com maior ocorrência de chuvas, não muda a grave realidade do que vem ocorrendo no chão da floresta, fomentada por Bolsonaro [Jair, presidente] em mil dias de governo. Não há motivo para celebrar, tendo em vista que nos últimos anos a destruição ambiental atingiu patamares muito elevados e não existe por parte do governo federal qualquer plano capaz de reverter a situação”, afirma Cristiane Mazzetti, gestora ambiental do Greenpeace.

Ela ainda comenta que Lábrea (AM), Sena Madureira (AC) e Porto Velho (RO), municípios da região conhecida como AMACRO – sul do Amazonas, norte de Rondônia e Acre –  concentraram 23% dos focos de calor registrados em setembro. "Áreas que são vitais para conter a emergência climática e a perda de biodiversidade”, conclui Cristiane.

 
Source: Rural

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