Ainda sem saber qual será o discurso e o plano de ação que o Brasil adotará para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-26), o empresariado brasileiro enviou carta a Alok Sharma, presidente da COP-26, nesta segunda-feira (27/9), sinalizando o potencial brasileiro na agenda verde.
Em meio a constantes cobranças sobre transparência devido ao aumento de desmatamentos e queimadas em diferentes biomas, o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) – que reúne organizações como Amaggi, Bayer, BRF, Cargill, Carrefour, entre outras – opta por mostrar o que o Brasil tem de bom.
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Agrofloresta é uma das alternativas para o mercado de carbono no Brasil, à medida que a interação de diferentes cultivos no mesmo ambiente potencializa sequestro de CO2 (Foto: Pretaterra/Divulgação)
"São importantes os avanços representados pelo RenovaBio, nossa recém-aprovada política de pagamento por serviços ambientais – PSA, futuro mercado regulado de carbono no Brasil", cita trecho do documento.
A intenção é que Alok Sharma preste atenção na aptidão do Brasil ao desenvolvimento sustentável, principalmente no que diz respeito ao mercado de carbono, interessante também para o agronegócio, com o avanço de sistemas como integração lavoura-pecuária-floresta e as agroflorestas.
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Em outra parte do documento, a entidade se mostra a favor de "desenvolver um arcabouço político-regulatório" que apoie a preservação do meio ambiente e o combate ao desmatamento ilegal com "ações eficazes".
Esta não é a primeira vez que o CEBDS pede mais concretude às ações da agenda verde, mas, desta, adota uma postura de chamado à sociedade civil para participar da construção do que o país apresentará como nação na COP-26. Desta forma, a entidade se descola da política ambiental do governo do presidente Jair Bolsonaro e retoma, inclusive, o entendimento de que é possível reduzir as emissões de gases de efeito estufa em até 42% no Brasil já em 2025, em relação aos níveis de 2005.
Para isso, é preciso um discurso organizado, concreto e uníssono, conforme defende o Conselho. "Consideramos crucial o aprofundamento da discussão entre o setor privado, a sociedade civil e o governo brasileiro sobre a posição brasileira em relação ao Artigo 6° do Acordo de Paris", aponta outro trecho da carta, ao se referir ao artigo que trata do mercado de carbono.
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A entidade também defende que o Brasil pode ser protagonista nas negociações do clima, no entanto ainda falta "transparência na contabilização das emissões e sua conexão com mercados mundiais", sinalizando que o país ainda não tem uma métrica muito clara de mensuração e verificação da emissão dos gases de efeito estufa.
"Devemos construir uma trajetória orientada para um futuro de claros objetivos climáticos, sob pena de sermos excluídos de uma nova ordem climático-econômica que se consolida diante dos nossos olhos, o que seria injustificável para um país como o Brasil", conclui a carta.
Source: Rural