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O discurso do presidente Jair Bolsonaro na Assembleia Geral das Nações Unidas, nesta terça-feira (21/9), desagradou ambientalistas. Ele defendeu a política ambiental atual, cuja realidade é o crescimento de 56% do desmatamento na Amazônia em dois anos consecutivos, atingindo a média de 10.490 quilômetros quadrados, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

“O governo Bolsonaro não tem nenhum compromisso com o clima. Sob sua gestão, todos os indicadores nesta agenda só pioraram. Se o comportamento dos demais líderes globais fosse o mesmo do presidente brasileiro, a meta de estabilizar o aquecimento global em 1,5ºC seria inalcançável”, afirma o secretário executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini, em comunicado divulgado pela entidade.

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Vista aérea de um desmatamento na Amazônia para expansão pecuária, em Lábrea, Amazonas. (Foto: Victor Moriyama/Amazônia em Chamas)

 

Às vésperas da Conferência do Clima (COP26), a organização lembra que o atual governo apresentou à ONU uma atualização das comprimissos nacionais para o clima (NDC). Mas o número de multas por crimes ambientais caiu consideravelmente, o que é visto como retrocesso, ao contrariar os princípios do Acordo de Paris.

Tambén nesta terça-feira (21/9) a Aliança Amazônia em Chamas, formada pelas organizações Amazon Watch, Greenpeace Brasil e Observatório do Clima, divulgou novas imagens com focos de fumaça nos municípios de Porto Velho (RO) e Lábrea (AM), após sobrevoo feito entre os dias 14 e 17 de setembro. 

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“Enquanto Bolsonaro chegava a Nova York, sobrevoávamos a Amazônia para registrar a realidade de destruição da maior floresta tropical do mundo: desmatamento e queimadas ilegais. As imagens não mentem. Não podemos dizer o mesmo do discurso do presidente na ONU”, afirma Stela Herschmann, especialista em políticas climáticas do Observatório do Clima.

Vista aérea de um desmatamento na Amazônia na região de Porto Velho, em Rondônia (Foto: Victor Moriyama/Amazônia em Chamas)

 

As imagens mostram extensas áreas desmatadas em julho e já consumidas pelo fogo, em que o monitoramento por satélite permite observar a supressão de vegetação em áreas equivalentes a 1.550 e 2.450 hectares. 

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“O que vimos foi a floresta encoberta pela fumaça do alto e marcada pela devastação criminosa e sem controle no chão”, conta Romulo Batista, porta-voz da Campanha de Amazônia do Greenpeace Brasil. “Colocar fogo na floresta faz parte do ciclo de desmatamento que inclui a retirada inicial das árvores mais valiosas, ajudando, inclusive, a capitalizar quem investe na grilagem de terras, as quais, de maneira geral, acabam sendo transformadas em pasto. E é crime, pois está vigente o Decreto nº 10.735, de 28 de junho, que proibiu o uso do fogo no Brasil”, ele reforça.

Para Ana Paula Vargas, diretora do programa para Brasil da Amazon Watch,  órgãos de fiscalização como o Ibama precisam recuperar a capacidade de atuação. "Perder o sul do Amazonas, considerado o coração da Amazônia, pode nos colocar ainda mais próximos do ponto de não retorno da floresta. O momento é para agir contra o crime e não para encobri-lo”, diz.

 
Source: Rural

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