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A crescente demanda por alimento parece um paradoxo ao aumento com relação às exigências sobre sustentabilidade ambiental e inclusão social. Mas não é. Pelo contrário, o mundo está em busca de modelos produtivos que assegurem o alimento, mas que também garantam condições para continuar produzindo.

A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) estima que a produção de alimentos deverá aumentar pelo menos 50% até 2050, um desafio significativo para o curto espaço de tempo.

 

Paralelamente, estudos sobre mudanças climáticas apontam para um cenário preocupante com relação ao aquecimento global, grandes secas e catástrofes ambientais. Fatores esses que expõem justamente uma das atividades mais vulneráveis às variações climáticas, a agropecuária. Atividade essa, essencial ao desenvolvimento humano, social e econômico do mundo.

O desafio de aumentar a produção de alimentos não é novo e o Brasil já mostrou que é possível fazer isso. Em 1976, o país produzia 46,9 milhões de toneladas de grãos em 37,31 milhões de hectares, 1.258 quilos por hectare. Na safra 202/2021, a previsão é de que sejam colhidas 257 milhões de toneladas em 65,9 milhões de hectares, 3.790 quilos por hectare, de acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

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Isso representa um aumento superior a 400% em volume de grãos, de 200% com relação à produtividade e de 76% com relação à área cultiva. Na prática, estamos produzindo mais alimentos com menos recursos naturais, isto é sustentabilidade.

Os ganhos produtivos também podem ser contabilizados no setor de proteínas, com aumento de 100% na produção de proteína vermelha, de 250% de aves e de 350% na produção de carne suína, isso analisando dados no IBGE entre 1997 e 2020.

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Este aumento de produção é registrado juntamente com redução das áreas de pastagem degradadas, aumento da produtividade, cumprimento dos protocolos de biossegurança e da legislação ambiental e uso de tecnologias para mitigar a emissão de gases de efeito estufa, como a redução individual de 10% no volume de gases de efeito estufas por bovino.

Tudo isso resultado de investimento em pesquisa, tecnologia e assistência técnica. Mas o capital financeiro, social e ambiental poderia ser muito maior se os consumidores soubessem disso, se pudessem acompanhar a origem de seu alimento.

O rebanho brasileiro que abastece o mercado europeu é rastreado desde o nascimento. Mas tem uma coisa importante, eles pagam por isso. Os animais produzidos para Europa são mais valorizados e isso é justo. Se o investimento é maior, o preço tem que corresponder

Luciano Vacari

Atualmente, existem ferramentas capazes de rastrear toda cadeia produtiva do alimento, monitorando a origem, o trânsito e a destinação dos produtos, assegurando procedência, qualidade e sanidade.

Alguns mercados já exigem a rastreabilidade, como é caso dos consumidores de carne da Europa. O rebanho brasileiro que abastece o mercado europeu é rastreado desde o nascimento.

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Mas tem uma coisa importante, eles pagam por isso. Os animais produzidos para Europa são mais valorizados e isso é justo. Se o investimento é maior, o preço tem que corresponder.

Está na hora de compartilhar responsabilidades e custos da produção de alimentos. Exigir sustentabilidade é legítimo e deve vir acompanhada de direitos e deveres para todos.

*Luciano Vacari é gestor de agronegócios e diretor da Neo Agro Consultoria.

As ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do seu autor e não representam, necessariamente, o posicionamento editorial da Revista Globo Rural.

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Source: Rural

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