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A irrigação de precisão é, basicamente, a aplicação de água por um sistema de irrigação de forma variada na superfície, devido às diferenças existentes em uma área.

Ela pode ser realizada por meio de um pivô central, uma vez que há equipamentos que variam a velocidade de deslocamento e, consequentemente, a lâmina de água, e equipamentos que possuem o dispositivo de taxa variável de irrigação (variable rate irrigation – VRI), que, pelo fechamento temporário dos emissores, permite a aplicação variável de água ao longo das torres.

 

Na irrigação por aspersão convencional e irrigação localizada (gotejamento e microaspersão), pode-se valer do uso de registros e válvulas de derivação, automatizadas ou não, para permitir que um setor receba maior ou menor volume de água. Na irrigação por superfície, a aplicação desuniforme de água, inerente ao método, dificulta a prática da irrigação de precisão.

A variabilidade espacial definida na área irrigada, seja por causa do solo, das plantas ou de ambos, e representada por meio de um mapa georreferenciado, é que define onde poderá haver aplicação de maior ou menor lâmina de água.

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A variabilidade do solo pode ser expressa pela sua profundidade, granulometria (porcentagens de areia, silte e argila que definem a textura), e pelos seus teores de elementos químicos e de matéria orgânica (fertilidade), entre outros. Assim, se em uma parte da área o solo tem uma maior porcentagem de areia e uma menor profundidade terá uma menor retenção e armazenamento de água no solo.

Como a determinação da variabilidade espacial destes atributos do solo é trabalhosa e demanda tempo e dinheiro, devido à grande quantidade de amostras a ser coletada e analisada em laboratório, o produtor pode se valer da medida georreferenciada da condutividade elétrica aparente do solo (CEa), pois ela é influenciada pela umidade, textura e fertilidade.

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Dessa forma, a variabilidade espacial da CEa é um indicativo da variabilidade espacial do solo, e seu conhecimento pode também auxiliar a definir onde instalar sensores para medida da umidade do solo. A variabilidade das plantas pode ser expressa por medidas georreferenciadas de índices de vegetação e pelo mapa de produtividade, entre outros.

O índice de vegetação por diferença normalizada (normalized difference vegetaion index – NDVI) é o mais conhecido, pode ser correlacionado com o vigor vegetativo da cultura e ser obtido por sensoriamento proximal (sensor acoplado a uma máquina agrícola), suborbital (sensor instalado em uma aeronave remotamente pilotada) ou orbital (sensor instalado em um satélite). O mapa de produtividade da cultura é importante para se avaliar a variabilidade de uma área, pois reflete tanto a variabilidade do solo como da própria planta.

O manejo de irrigação consiste, basicamente, no uso de critérios para definir quando e qual lâmina de água aplicar por um sistema de irrigação. Tais critérios são referentes ao solo (umidade), à planta e ao clima (evapotranspiração)

Luís Henrique Bassoi

Para cada atributo do solo e da planta medido com georreferenciamento, um mapa com as suas respectivas zonas homogêneas (subáreas) pode ser obtido por meio de análises específicas. Uma medida de um atributo em uma zona homogênea é representativa de toda esta subárea, pois as medidas nesta subárea não apresentam diferenças significativas.

Mas uma medida em uma zona homogênea difere da medida deste mesmo atributo em outra. Uma ou mais zonas homogêneas podem definir como variar espacialmente a lâmina de irrigação. Quando isso ocorre, então a zona homogênea passa ser uma zona de manejo ou unidade de gestão, no caso, para a irrigação de precisão.

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O manejo de irrigação consiste, basicamente, no uso de critérios para definir quando e qual lâmina de água aplicar por um sistema de irrigação. Tais critérios são referentes ao solo (umidade), à planta e ao clima (evapotranspiração), podendo ser utilizados separadamente ou em conjunto.

Podem também ser ajustados com base nas zonas de manejo para a prática da irrigação de precisão, contribuindo para uma maior economia de água ao irrigante e para a sustentabilidade da agricultura irrigada.

*Luís Henrique Bassoi é pesquisador da Embrapa Instrumentação, professor do programa de pós-graduação em Engenharia Agrícola da Unesp Botucatu e membro do conselho de administração da Associação Brasileira de Agricultura de Precisão (AsBraAP).

As ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do seu autor e não representam, necessariamente, o posicionamento editorial da Revista Globo Rural.

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Source: Rural

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