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O Plano Safra 2021/2022, anunciado em junho pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, duplica o volume de recursos para soluções tecnológicas sustentáveis e práticas conservacionistas de uso, manejo e proteção dos recursos naturais. 

Pela primeira vez, o aporte inclui apoio à aquisição e construção de instalações para a implantação ou ampliação de unidades de produção de bioinsumos e biofertilizantes na propriedade rural, para uso próprio.

 

O uso de agentes biológicos no controle de pragas e doenças é uma valiosa ferramenta que auxilia na redução do uso de defensivos. Com a marca do pioneirismo, os cotonicultores brasileiros já adotam o método há quase uma década.

O modelo vem sendo incentivado pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), em parceria com as associações estaduais, em função de comprovados resultados técnicos positivos, alta viabilidade econômica e benefícios ambientais envolvidos.

 

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O setor algodoeiro foi um dos primeiros do país a se preocupar com a questão da sustentabilidade e estimular boas práticas socioambientais, com o lançamento do programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), em benchmark com a Better Cotton Initiative (BCI), há 10 anos.

Os rigorosos protocolos do BCI e do ABR incluem a redução gradativa de defensivos químicos nas lavouras – o que representa um grande desafio, uma vez que o clima tropical brasileiro favorece a proliferação de pragas como o bicudo algodoeiro, que dizimou a produção nacional nos anos 80.

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Comprometidos com a produção responsável, os produtores de algodão investem, cada vez mais, no chamado Manejo Integrado de Pragas e Doenças (MIP). O MIP consiste no combate a pragas e doenças por meio de métodos como rotação de culturas, destruição de restos culturais contaminados por pragas, alteração da época de plantio ou colheita, poda ou desbaste, cultura armadilha, destruição de hospedeiros alternativos, uso de armadilhas físicas, destruição manual, fomento dos inimigos naturais, feromônios, entre outros.

O uso de produtos biológicos nas lavouras de algodão ganhou impulso na safra 2012/2013, com a entrada da lagarta Helicoverpa armigera. Na ocasião, os cotonicultores brasileiros organizaram missões técnicas para a Austrália, país avançado no controle biológico, com o objetivo de entender o processo de multiplicação de vírus, que combate a lagarta. 

Hoje, os agentes de controle biológico são utilizados massivamente nas lavouras de algodão de Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais. Os três estados contam com cinco biofábricas, com capacidade para atender 1,1 milhão de hectares de algodão na safra 2020/2021 – o correspondente a mais de 80% da produção nacional

Júlio Cézar Busato

As primeiras cepas foram importadas, registradas e introduzidas no sistema produtivo brasileiro. Também foram realizados diversos experimentos e testes de campo, comprovando a eficiência dos métodos. Hoje, os agentes de controle biológico são utilizados massivamente nas lavouras de algodão de Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais.

Os três Estados contam com cinco biofábricas, com capacidade para atender 1,1 milhão de hectares de algodão na safra 2020/2021 – o correspondente a mais de 80% da produção nacional. Nas demais regiões, a Abrapa incentiva o estabelecimento de biofábricas diretamente nas propriedades agrícolas, conhecidas como OnFarm, modelo em que a própria fazenda multiplica os agentes biológicos para se tornar autossuficiente.

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O caso de Minas Gerais é emblemático. A partir da adoção de drones para aplicação de agentes biológicos, a eficiência do processo aumentou mais de 10 vezes, passando de 40 hectare/dia para 450 hectares/dia. Com menos máquinas agrícolas circulando, a prática também contribuiu para a redução na emissão de gases de efeito estufa, no consumo de óleo diesel e nos índices de compactação de solo, resultando em um maior sequestro de CO2 por hectare.

O processo, coordenado pela Associação Mineira dos produtores de Algodão (Amipa), proporcionou diminuição de até 30% na aplicação total de defensivos químicos e de 60% na pulverização específica para controle de lagartas em algumas unidades produtivas; melhores níveis de controle do pulgão e da mosca branca; maior equilíbrio no ecossistema pelo aumento de inimigos naturais e polinizadores; não promoção de resistência a outras pragas e não diminuição da eficácia de defensivos químicos; e promoção da biodiversidade. 

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O controle biológico também resultou em aumento de até 5% na produtividade das lavouras mineiras, melhor rendimento de pluma, queda de até 10% nos custos de produção e melhoria na qualidade e na menor viscosidade da fibra de algodão.

O modelo bem sucedido tende a ser replicado nas demais regiões e culturas, a partir das novas linhas de financiamento do Plano Safra 2021/2022.  Ganha o agronegócio, ganha o meio-ambiente, ganha o Brasil.

*Júlio Cézar Busato é presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), criada em 1999 e que representa 99% da área plantada, 99% da produção e 100% da exportação do Brasil.

As ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do seu autor e não representam, necessariamente, o posicionamento editorial da Revista Globo Rural.

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Source: Rural

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