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O Brasil, terceiro maior produtor de cervejas do mundo, atrás de EUA e China, importa praticamente 100% do lúpulo usado na fabricação da bebida, mas vem aumentando a produção desse insumo, de olho no crescimento das cervejas artesanais, que buscam um lúpulo com mais qualidade.

No ano passado, a área de plantio aumentou 110% em relação a 2019, chegando a 42 hectares e 24 toneladas produzidas, segundo levantamento da Associação Brasileira de Produtores de Lúpulo (Aprolúpulo), divulgado nesta sexta-feira (6/8), Dia Internacional da Cerveja, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Santa Catarina é o Estado que tem o maior percentual de produtores (27%) de lúpulo no Brasil (Foto: Mapa/Divulgação)

 

Dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), apontam que, em 2020, o Brasil importou 3.243 mil toneladas de lúpulo, o equivalente a US$ 57 milhões. O lúpulo, planta da espécie humulus lupulus, é responsável pelo aroma e amargor da bebida.

Santa Catarina é o Estado que tem maior percentual de produtores (27%), seguido por Rio Grande do Sul (22%), São Paulo (18%), Paraná (7%), Minas Gerais (6%) e Rio de Janeiro (5%). Em relação à área cultivada, SC também lidera, com 12,105 hectares. As variedades de lúpulo mais plantadas no país são cascade, comet, chinook e columbus.

Em 2020, segundo o Anuário da Cerveja do Mapa, o Brasil chegou a um total de 1.383 cervejarias registradas, um aumento de 14,4% em relação ao ano anterior.

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O coordenador-geral de Vinhos e Bebidas do ministério, Carlos Müller, diz que a mudança no mercado cervejeiro do Brasil, com alteração de consumo para produtos de maior valor agregado e maior uso de matérias-primas, tende a pressionar mais o consumo de lúpulo e malte.

“Proporcionalmente, essas cervejas utilizam muito mais lúpulo e, com a ampliação da quantidade de cervejarias, nota-se que estão entrando no mercado mais cervejarias de menor porte e cervejarias artesanais que notoriamente utilizam-se desses produtos mais especiais.”

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Em outubro do ano passado, para incentivar a cadeia produtiva do lúpulo, o Mapa, por meio da Secretaria de Agricultura Familiar, iniciou um projeto de cooperação técnica junto ao Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) para identificar oportunidades, articular parcerias e elaborar um plano de viabilidade técnica e econômica para produção de lúpulo no país.

O consultor do projeto Mapa/IICA, Stéfano Gomes Kretzer, diz que já existem fazendas no Brasil que estão produzindo o lúpulo com produtividade e qualidade comercial competitiva com o produto importado. “Isso pode baratear os custos das cervejarias no futuro, que podem ter um grande diferencial ao usar lúpulos frescos, recém-colhidos, e até mesmo em forma de produtos avançados como extratos e óleos essenciais.

Em 2020, o Brasil importou 3.243 mil toneladas de lúpulo, o equivalente a US$ 57 milhões (Foto: Mapa/Divulgação)

 

Segundo o consultor, o lúpulo é uma cultura de alto valor agregado e não precisa de grandes extensões territoriais para ser cultivado. “Em áreas de 0,5 ou 1 hectare, o produtor já possui um bom retorno financeiro se comparado a outras culturas neste mesmo espaço de área. Diante disso, trata-se de uma cultura que pode ser uma excelente oportunidade para agricultura familiar, gerando mais renda, desenvolvimento e ajudando a manter as famílias no campo”, ressalta Kretzer.

O top 3 do Brasil na produção de cerveja no mundo foi demonstrado em pesquisa publicada no ano passado pela Bart-Hass Group. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil), a produção nacional é de aproximadamente 14 bilhões de litros por ano, o que representa 1,6% do Produto Interno Bruto (PIB), com faturamento de R$ 100 bilhões por ano e geração de 2,7 milhões de empregos.

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Malte

Outro insumo que compõe a cerveja é a cevada, matéria-prima do malte, principal fonte de açúcares fermentáveis, que confere corpo, cor, aromas e sabores para a bebida. Para que possa ser utilizado, o cereal passa por processamento para produção do malte cervejeiro, que se dá em três etapas: maceração, germinação e secagem.

Segundo a Embrapa Trigo, a produção de cevada em 2019 (429,4 mil toneladas) foi recorde no Brasil. Caiu para 274,4 mil em 2020, em função de problemas climáticos no Rio Grande do Sul e redução da área plantada devido às incertezas trazidas pela pandemia da Covid-19. Neste ano, a expectativa é de recuperação, com produção esperada de 424,1 mil toneladas.

Produção de cerveja artesanal tem feito crescer o cultivo de lúpulo no Brasil (Foto: Mapa/Divulgação)

 

A demanda por malte no país é de cerca de 1,6 milhão de tonelada. O Brasil produz cerca de 32% desse volume e importa o restante, estima o pesquisador em Genética e Melhoramento da Embrapa Trigo Aloísio Vilarinho.
Source: Rural

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