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Uma pesquisa inédita feita pelo Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec) a pedido da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) aponta que 46% dos brasileiros deixam de comer carne, por vontade própria, pelo menos uma vez por semana.

O levantamento foi realizado em fevereiro deste ano e ouviu 2.002 pessoas de todas as regiões do Brasil. Segundo o estudo, 32% disseram escolher uma opção vegana quando essa informação é destacada pelo restaurante ou estabelecimento.

Estudo aponta que decisão de não comer carne uma vez por semana é maior entre as mulheres (49%) do que os homens (41%) (Foto: Pixabay)

 

“A pesquisa mostra que existe, conscientemente, uma percepção de repensar o consumo de carne”, destaca Ricardo Laurino, presidente da SVB. Ele conta que a intenção de questionar se a mudança era por vontade própria visou evitar que fatores como preço e demanda influenciassem a resposta, ainda mais devido à pandemia de Covid-19.

“Se está caro, a pessoa pode diminuir o consumo de carne porque não tem dinheiro, mas ainda tem vontade de comprar. Essa pesquisa deixa claro que, ainda que exista impacto do preço, a redução é uma decisão por vontade própria, não por uma circunstância”, avalia.

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O estudo aponta, ainda, que a decisão de não comer carne uma vez por semana é maior entre as mulheres (49%) do que os homens (41%). A diretora executiva da SVB, Mônica Buava, atribui essa diferença ao fato de as mulheres serem protagonistas de mudanças, principalmente no ambiente familiar.

Em relação à idade, o levantamento indica que a redução é maior entre quem tem de 45 a 54 anos (53%). A menor adesão é entre jovens de 16 a 24 anos (32%). “A maior preocupação das pessoas mais velhas com a saúde é um fator que influencia. Além disso, os mais jovens acabam, muitas vezes, consumindo comida menos saudável, sem contar que boa parte ainda não é independente financeiramente”, destaca Mônica.

 
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Já no recorte por região, a pesquisa chama atenção para o equilíbrio entre a redução semanal no consumo de carne entre quem mora na capital (46%), no interior (46%) e na periferia (42%), bem como em cidades até 50 mil habitantes (47%) e com mais de 500 mil (47%).

“A atitude de deixar de comer carne depende muito de acesso à informação, e a pesquisa mostra que ela está chegando em todas as regiões do país, não só nos grandes centros. A internet, hoje em dia, amplia muito essa possibilidade”, destaca Laurino.

Ele ainda ressalta que o movimento está avançando até em regiões tradicionais da pecuária, como o Centro-Oeste. “Temos um programa chamado Semeando em que um dos participantes é uma lanchonete vegana no Mato Grosso. E o público deles têm muitos filhos de pecuaristas. Isso abre portas para mais pessoas experimentarem e gera uma curiosidade positiva”, diz.

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Quanto à renda, a pesquisa mostra que a redução é maior para aqueles que ganham até um salário mínimo (50%) do que àqueles cujos ganhos superam cinco salários (37%). Mônica afirma que um dos fatores que pode ter contribuído para este resultado é a saúde.

“As pessoas com menor renda podem estar mais preocupadas por não ter uma estrutura de atendimento ou porque, também, os problemas de saúde surgiram antes devido a uma alimentação mais precária”, analisa.

Assista à live sobre resultados da pesquisa

 

Opções veganas

A pesquisa também apontou que 32% dos brasileiros escolhem uma opção vegana quando a informação é destacada pelo restaurante ou estabelecimento. “Os supermercados começaram a ter produtos à base de plantas e os restaurantes se abriram também. Essa crescente demanda está incentivando o aumento de opções no cardápio”, avalia Mônica.

Para o presidente da SVB, o resultado também indica que não são apenas veganos que estão em busca de alimentos sem origem animal. “Não há um terço de veganos no Brasil, nem perto disso. Então, é interessante perceber que uma opção no cardápio faz a diferença, pois gera a possibilidade de a pessoa ter vontade de experimentar”, salienta Laurino.

Mônica ressalta o crescimento dos alimentos análogos à carne – com sabor, textura e odor semelhante ao produto animal, mas 100% vegetais. “Eles são importantes para a mudança de hábito não ser radical. Aí a pessoa vai dando, aos poucos, outros passos”, diz.

 
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Ela ainda destaca como o resultado da pesquisa pode incentivar empresários do setor de alimentação a oferecer opções vegetarianas e veganas. “Empresas têm nos procurado pedindo ajuda e orientação para ampliar as opções. Essa adaptação tem ocorrido porque as empresas estão deixando de ganhar dinheiro, não é só uma questão pessoal”, ressalta.

Laurino observa que a opção vegana não é restrita para veganos, pois qualquer cliente pode consumi-la. “Além disso, traz um componente de novidade, oferecendo algo diferente ao público. Hoje, não basta o estabelecimento se apegar só à tradição do que já vende e aos clientes que tem. É preciso entender que os clientes também mudam”, afirma.

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Impacto no campo

Para o presidente da SVB, a redução no consumo de carne do brasileiro também significa uma oportunidade para o agronegócio. “O produtor precisa estar atento à mudança de comportamento, que o leva a renovar o que produz e como produz não só para ganhar mais, mas também diminuir o impacto ambiental e ter uma nova relação com os animais”, frisa.

Mônica destaca a crescente procura por leguminosas, em especial como ingrediente para os alimentos plant-based, o que promete incentivar novos cultivos no campo. “Os produtores devem ficar atentos para onde vai a demanda e se organizar. Essa diversificação de leguminosas é uma grande possibilidade de diversificar e ampliar a produção”, analisa.

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Source: Rural

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