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Geadas registradas no centro-sul do País têm prejudicado lavouras de milho, cana-de-açúcar e café. Perdas têm sido contabilizadas por produtores rurais de diversas regiões, o que pode elevar ainda mais a percepção sobre a importância de se contratar o seguro agrícola. Só entre janeiro e abril deste ano, o número de contratações aumentou 41% em comparação com o primeiro quadrimestre do ano passado, de acordo com a Fedreação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg). 

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“Para este ano, acompanhando os prognósticos meteorológicos, tudo indicava que a geada aconteceria e seria severa”, explica Joaquim Neto, presidente da Comissão de Seguro Rural da FenSeg, à Globo Rural. As baixas temperaturas – e os seus efeitos vistos nas lavouras – podem contribuir para um aumento da cobertura na próxima safra, especialmente no café.

Geada na região de Alta Mogiada prejudica próxima safra de café, prevista para florescer em setembro (Foto: Andre Cunha/Arquivo Pessoal)

 

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De acordo com a entidade, os cafeicultores ainda não são muito adeptos ao seguro. E os que contratam, em geral, priorizam a cobertura para casos de granizo. Das 14 empresas que fazem seguro agrícola no País e participam do Comitê da FenSeg, apenas seis operam com a cobertura de geada para o café, segundo Neto. 

“Logo após um evento catastrófico como esse que aconteceu, existe uma maior percepção da necessidade de contratar o seguro”, observa.

No caso da cafeicultura, para que a contratação seja feita, são essenciais informações como número de pés, área a ser assegurada e idade do cafezal, explica o presidente da Comissão de Seguro Rural da FenSeg. A indenização é estabelecida depois da avaliação de um perito – engenheiro agrônomo que presta serviço para a seguradora -, que identifica ocorrido (granizo ou geada, por exemplo) e os danos causados. Conforme a incidência há uma indenização.

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Caso o pé de café tenha até dois anos, quando ainda não há produção, pode haver a necessidade do arranquio. Quando isso acontece, o valor de indenização é de 100%, segundo Neto. “Se o dano não foi tão grande, pode acontecer a recepa, ou seja, o corte próximo ao chão, e a indenização é de 50%. Se a árvore tiver mais de dois anos e for feita a recepa, a indenização é de 75% do que foi contratado”, ele resume.

De acordo com Aloisio Gois, proprietário da assessoria em seguro rural Valleagro, dos 1,7 milhão de hectares de arábica no Brasil, só 160 mil têm seguro contratado. “Não chega a 10% de acesso ao seguro e a gente acha que isso se deve porque o formato atual não é atrativo ao produtor”, comenta.

Ele ainda observa que os danos registrados atualmente pelas geadas no Sudeste estão prejudicando a safra futura, que irá florescer em setembro. “A safra corrente ou já colheu ou está colhendo e, nessa fase, os grãos estão totalmente protegidos pelos ramos e folhas da safra futura”, conta.

Indenização por produção

De olho nesse mercado, a Valleagro e a Fairfax Brasil postam em um formato diferente de seguro para café. De acordo com as empresas, tradicionalmente, os contratos disponíveis são voltados para garantir o pé de café. A proposta é de que a apólice indenize de acordo com a produção. O cafeicultor seria ressarcido pelas perdas na safra assegurada, considerando também os insumos e o valor das sacas que deixou de colher.

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“É difícil fazer seguro de quantificação de produção, então partimos para o dano direto causado à planta aplicado ao valor de produção, definido pelo produtor”, diz Gois.

O diretor de agronegócio da Fairfax Brasil, Fabio Damasceno, pondera que há um teto de precificação, que acompanha os preços da commodity no mercado. O novo produto é voltado apenas para a variedade arábica, já que o conilon está concentrado em regiões mais quentes como Espírito Santo e Bahia.

Outra característica destacada por Damasceno é que será possível incluir na mesma apólice as safras atual e futura. Isto porque, segundo ele, a bienalidade da cultura influencia diretamente nas contratações de seguro. “Quando a gente coloca a [safra] presente e futura, tira essa volatilidade.” A expectativa é de atender 30 mil hectares na safra futura, incluindo áreas das principais cooperativas de café do País.

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Outra opção de cobertura adicional é em relação ao trato fitossanitário. Quando a planta do café sofre um impacto com granizo e geada, os riscos de fungos e bactérias aumenta. Segundo ele, neste produto oferecido pela Fairfax e Valleagro, são indenizados R$ 200 por hectare para que haja tratamento, a exemplo da aplicação de fungicidas. “É imprescindível que logo depois seja feito um tratamento, com pulverizações devidas”, comenta Gois.

O valor das apólices pode variar de município para município, devido às previsões climáticas, explica Fabio Damasceno. Exatamente por perceber quanto a meteorologia pode contribuir para o planejamento da safra, o executivo ainda revela que a Fairfax está em vias de contratação de uma consultoria meteorológica.

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Source: Rural

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