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Quando decidiu plantar milho para alimentar seu plantel de aves, há dois anos, a produtora mineira da cidade de Maravilhas, Iracilde Imaculada Silva Fabel, foi chamada de louca. Naquela época, o grão era vendido por cerca de R$ 36 a saca de 60 quilos e, logo em seguida, saltou para R$ 56.

Hoje cotado acima de R$ 100, o item que compõe cerca de 70% dos custos de produção da avicultura pressiona as margens da indústria frigorífica em meio a um cenário de escassez de oferta e aumento expressivo da demanda internacional.

Iracilde Fabel iniciou o plantio de milho há dois anos visando a autossuficiência em grãos (Foto: Arquivo Pessoal)

 

“Quando eu fui para o plantio de grãos, o mercado falou: ‘é doida’, ‘vai quebrar’, ‘vai ter prejuízo’, ‘não vai dar conta’, ‘está querendo abraçar duas atividades’. Mas não são duas atividades. Uma está extremamente ligada à outra”, destaca Iracilde.

Com 800 hectares arrendados para a produção de milho, ela conseguiu colher o bastante para atender a 4 meses do seu consumo anual e trabalha para chegar a 8 meses de autossuficiência no próximo ano.

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O caminho até aqui, contudo, não foi fácil. Além do desafio de aprender uma nova atividade, ela lembra do preconceito que sofreu ao tomar a decisão que, hoje, desperta a atenção dos seus concorrentes. “Não é fácil. Principalmente para a mulher porque o preconceito não é fácil, não. Mas a gente vai desbravando”, comenta a produtora ao mencionar uma verdadeira corrida pelo milho neste ano.

“Agora está uma corrida desesperada por terras. A gente escuta isso. Tanto é que já vieram concorrentes querer comprar minha produção porque eles já estão desesperados querendo plantar por causa desse mercado instável”, relata Iracilde. A oferta de compra, claro, foi recusada.

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“Foi até engraçado, porque quando o meu encarregado de uma das fazendas ligou falando que tinha uma oferta para o grão, eu falei ‘você está doido’. Meus franguinhos estão tudo aqui esperando para comer esse milho, não pode vender nenhum grão. E eles já queriam fazer contrato para os próximos plantios, mas aqui é tudo próprio”, conta a produtora.

Antes de assumir a própria operação, há sete anos, Iracilde atuou por 25 anos na avicultura industrial. Hoje, com 97 granjas integradas num raio de 50 quilômetros da sua unidade de abate, ela atua com foco em Minas Gerais produzindo frangos caipiras.

“Procurei cumprir todas as etapas preconizadas para uma criação de frango e consegui fazer isso, com um frango com um custo mais barato, criado adequadamente para o frigorífico e com uma ração bem controlada e bem balanceada”, revela Iracilde ao citar as mudanças que implementou ao assumir seu próprio frigorífico.

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A produtora ainda afirma que cria frano sem promotor de crescimento há três anos. "Essa é uma norma que muito provavelmente o governo vai estabelecer nos próximos anos e eu já faço isso por iniciativa própria", destaca.

Para ela, o bem-estar animal "é lei". "É do que mais cuidamos: a qualidade da ambiência para o frango, da qualidade da alimentação, dos grãos, exatamente para a  gente ter um resultado final que nos permita ser competitivo. Senão, não vamos conseguir competir com os grandes”, avalia Iracilde.

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Source: Rural

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