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Cuidado, processos, segurança e rastreabilidade. É assim que a produtora de café Tatiele Dalfior, em Governador Lindenberg (ES), descreve a forma de trabalhar no Sítio Oriente, e adiciona que entender o que se faz e por que se faz é essencial para garantir produtividade com sustentabilidade, do grão à xícara.

Dedicada aos negócios da família, a engenheira química de formação coloca método em tudo que faz, e o reconhecimento chegou. Ela é uma das vencedoras do Prêmio Mulheres do Agro e embaixadora da edição de 2021 da premiação. Além de levar o troféu para casa, Tatiele conta que conseguiu mais reconhecimento do mercado e respeito, inclusive de parentes.

Café e pecuária de leite são atividades que possuem forte atuação das mulheres. Na foto, produtora sorri enquanto faz a colheita manual em cafezal (Foto: Getty Images)

 

“Meus pais não puderam terminar a escola, então, eu sempre atuei na gestão da propriedade, planejamento, a parte burocrática, mas não tinha essa chancela que passei a ter depois do prêmio. As pessoas começaram a olhar, a me ouvir mais, dentro da família”, comenta.

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O esforço também é reconhecido pelo mercado, já que o sítio está prestes a conseguir uma certificação de sustentabilidade emitida pela Nestlé, mediante auditoria. Tatiele diz que toda a produção de café conilon é enviada às torrefadoras e vai para traders ou à Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel (Cooabriel). Em seguida, “chega até grandes indústrias, como a Nestlé”.

Gerente de marketing de cafés da multinacional, Taissara Martins confirma que o papel da pequena agricultora é fundamental para a indústria, mas ainda há uma parcela das cafeicultoras que não têm voz nas decisões do negócio. Para isso, eventos e encontros têm a finalidade de “empoderar essas mulheres, dando visibilidade e um espaço para que elas possam, juntas, construir e pensar novas possibilidades e oportunidades para atuar no campo”.

Tem uma figura feminina que contribui e faz acontecer

Tatiele Dalfior, gestora do Sítio Oriente

Pertencimento

Após vencer o prêmio e ter mais contato com o universo da gestão feminina, Tatiele revela, emocionada, como é boa a sensação de pertencimento. “O sentimento antes do prêmio era de estar sozinha, mas ele trouxe aconchego e tem sido um conforto. Tem uma figura feminina que contribui e faz acontecer”, afirma.

Barbara Sollero, gerente de Desenvolvimento de Fornecedores e Qualidade da Nestlé Brasil, conta que a empresa começou a fazer o exercício de se perguntar como é a representatividade das mulheres em campo. E percebeu que este público não se sentia convidado aos eventos, principalmente para estar no centro de debates sobre gestão.

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Ao entender esta realidade, o fomento a reuniões, grupos, e encontros, incluindo o Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio (CNMA), tem aumentado, o que contribui diretamente para que cada vez mais elas estejam confiantes de estar à frente da administração.

É exatamente assim que Mara Motter tenta mudar a realidade no Rio Grande do Sul. Após vencer o Prêmio Mulheres do Agro, ela formou um grupo de mulheres na região gaúcha de Três Arroios. Mas isso só aconteceu depois de perceber que a autogestão da Granjas Motter e Cia. era digna de uma premiação.

E não foi por acaso, já que a atuação com algodão, soja, milho, pecuária bovina e suínos resulta no fornecimento à Cooperalfa e à Copérdia, cooperativa que integra a Aurora. Com o pensamento constante na sustentabilidade, Mara ainda revela apostar no sistema de integração lavoura e pecuária em breve e acredita que será recompensada por isso.

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“A rastreabilidade vai ser agregada no valor. Creio que daqui a pouco a gente receba por estar fazendo essa produção sustentável e com transparência”, diz, confiante.

Sororidade

Tanto Mara quanto Tatiele observam no campo a maior presença de técnicas e consultoras. “A gente se sentiu sozinha por muito tempo, e ver mais mulheres nos times de campo dá mais coragem. Técnicas, mecânicas, a gente vê isso e sente mais força”, comenta a produtora gaúcha.

Na Nestlé, 30% do time de supervisão de campo é composto por mulheres e isso tende a crescer, segundo Barbara Sollero. “A indústria exercer uma influência no mesmo meio é um motivador”, considera.

Já na Danone, Renata Campos, diretora de negócios de leite UHC da empresa, conta que 47% dos cargos de liderança são ocupadas por mulheres e afirma que esta representatividade também pode se refletir no campo. 

“A gente aposta em investir em várias iniciativas e fazer um meio fértil para que elas assumam. É na inclusão digital que a gente entende que vai atrair a nova geração, inclusive de mulheres, e assim atuar na profissionalização para que a sucessão familiar seja igualitária”, explica.

A sororidade, ou seja, a união entre mulheres, é o que pode fazer com que o ambiente rural tenha cada vez mais lideranças femininas. Por enquanto, 11% das fazendas que fornecem para a Danone são administradas por mulheres, enquanto na Nestlé esse número é de 15%.

A indústria deve trabalhar de forma mais proativa, para que as filhas sempre possam sempre ser consideradas no processo de sucessão

Renata Campos, diretora de negócios de leite UHC da Danone

“Na fazenda de leite, toda a parte de ordenha é mais conduzida pelas mulheres, isto é, a atividade essencial. Mesmo assim, a liderança em si ainda é masculina”, lamenta Renata. “A indústria deve trabalhar de forma mais proativa, para que as filhas sempre possam sempre ser consideradas no processo de sucessão”, conclui.

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Source: Rural

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