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Em 2010, o mundo viu a população urbana superar pela primeira vez a população rural, e as estimativas são de que, em 2050, quase 80% dos indivíduos em todo o globo estejam residindo em cidades.

Serão 9 bilhões de pessoas, a maioria com pouco ou nenhum contato com o mundo rural. Um desafio para a agricultura, que precisará fornecer alimentos acessíveis, seguros, nutritivos e aceitáveis para uma população mais urbanizada, bem informada e exigente.

Cientistas antecipam que essas mudanças serão acompanhadas por uma “transição nutricional”, com alterações no padrão de consumo e dietas – menor demanda por alimentos amiláceos ou energéticos e maior procura por proteínas nobres, legumes e frutas.

 

Países de alta renda tenderão a importar menos alimentos, pois suas populações já consomem muito e crescerão menos nas próximas décadas. E a mobilização global contra o desperdício, que hoje alcança até 30% do alimento produzido, também impactará a demanda no futuro.

A tudo isso se soma a insatisfação de consumidores que se sentem cada vez mais privados da autonomia de escolher os alimentos que desejam consumir ou de fazer escolhas mais saudáveis.

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Populações mais afluentes se ressentem do fato de que produtos frescos e saudáveis são menos disponíveis e mais caros, o que incentiva hábitos alimentares ruins, com impactos na saúde e no bem-estar das pessoas. A expectativa é de que o aumento da disponibilidade e o menor custo dos produtos frescos encorajariam a alimentação saudável. 

A atenção ao nexo alimento-nutrição-saúde, a busca pela autossuficiência e preocupações com o desgaste dos recursos naturais são motivações para que a produção de alimentos se aproxime das cidades e se submeta ao controle dos cidadãos.

Cientistas já modelaram uma fazenda vertical de trigo, em estrutura de dez camadas, concluindo ser possível produzir de 220 a 600 vezes o rendimento do cereal produzido a campo

Maurício Antônio Lopes

Investidores estão fazendo essa leitura do futuro e apostando cada vez mais nas fazendas verticais urbanas, estruturas de ambiente controlado, já muito usadas na produção de hortaliças folhosas, mas com potencial para produzir frutas, legumes e até grãos.

Cientistas já modelaram uma fazenda vertical de trigo, em estrutura de dez camadas, concluindo ser possível produzir de 220 a 600 vezes o rendimento do cereal produzido a campo.

Apesar do resultado, trigo, milho e arroz, que fornecem a maior parte de nossas calorias, ainda não podem ser comercialmente cultivados em fazendas verticais, pois variedades e práticas de cultivo são adaptadas apenas à produção a campo.

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Mas inúmeras vantagens impulsionarão uma vigorosa busca pela viabilidade de mais fazendas verticais no futuro. Produtos saudáveis, frescos, livres de pragas e doenças, produzidos o ano todo, com baixa demanda por terra e água, estão entre tais vantagens.

E elas podem ainda ser acopladas a usinas de captura de CO2 da atmosfera, que aplicado às lavouras eleva a produtividade enquanto melhora a qualidade do ar nas cidades.

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Com a disponibilidade de fontes renováveis e baratas de energia e aumentos nos preços de alimentos, mais fazendas verticais poderão se tornar economicamente viáveis, ganhando espaço nas cidades, em proximidade e sintonia com consumidores cada vez mais informados, exigentes e empoderados.

*Maurício Antônio Lopes é engenheiro agrônomo e pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)

As ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do seu autor e não representam, necessariamente, o posicionamento da Revista Globo Rural.

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Source: Rural

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