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A Amazônia teve 2.308 focos de calor registrados pelo Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), nos 30 dias do mês de junho. O número é 2,6% maior que o mesmo período do ano passado, e representa recorde para o mês nos últimos 14 anos.

No acumulado do primeiro semestre há uma redução. Segundo o sistema do Inpe, foram 6.390 queimadas, 19% a menos que nos mesmo período em 2020. Ainda assim, o período mais crítico de seca está no início e especialistas têm alertado que as queimadas na Amazônia e no Pantanal podem ser mais severas que no ano anterior.

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Queimadas na Amazônia em junho crescem 2,6% em relação ao mesmo mês do ano passado e batem recorde nos últimos 14 anos. Na foto, fogo se alastrando pela mata provoca destruição e fumaça preta (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

 

Rômulo Batista, porta-voz da campanha de Amazônia do Greenpeace Brasil, avalia que o novo aumento para junho “não é uma surpresa”, mas apenas reflexo das ações do governo federal, que, em sua visão, não têm surtido efeito. Mesmo assim, a entidade lembra que a moratória do fogo e o envio de forças armadas, por meio do decreto de uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO), foram renovados. 

“Infelizmente, esse recorde no mês de junho não é uma surpresa, considerando a continuidade da política antiambiental e a insistência na utilização de uma ferramenta cara, como o envio de tropas militares, que se mostrou ineficiente nos últimos dois anos. Na verdade, é mais uma estratégia para inglês ver, pois, além de ser por um período mais curto do que nos anos anteriores, o próprio decreto já avisa os desmatadores e grileiros onde irão fiscalizar nesse período”, critica.

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Outro reflexo dos desmatamentos e queimadas é a alteração do regime de chuvas. Os reservatórios para geração de energia e até mesmo para captação de água encontram-se em níveis historicamente baixos, o que tem resultado no aumento na conta de energia.

Fogo adiante

Uma nova análise feita por pesquisadores do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e do Woodwell Climate Research Center mostra que a soma de áreas desmatadas e ainda não queimadas desde 2019 combinada à atual seca intensa provocada pelo fenômeno La Niña exigem atenção especial neste ano, especialmente na porção sul da região.

De acordo com o estudo, há quase 5 mil quilômetros quadrados com vegetação derrubada e seca, que pode alimentar o fogo nos próximos meses. Mais de um terço está em dez municípios, que somam 283 km² de áreas desmatadas e não queimadas.

Vamos lembrar que toda queimada na Amazônia começa com o homem

Paulo Moutinho, pesquisador sênior do IPAM

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As regiões mais críticas se encontram entre o noroeste de Mato Grosso, a maior parte de Rondônia, o leste do Acre e um longo trecho da rodovia Transamazônica, entre o Pará e outros estados mais a sul.

“Saber que existe essa quantidade de combustível esperando para queimar já seria suficiente para determinar ações em campo que coíbam a prática. Vamos lembrar que toda queimada na Amazônia começa com o homem; é essa ação que devemos controlar”, afirma Paulo Moutinho, pesquisador sênior do IPAM.

Source: Rural

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