Skip to main content

A agropecuária foi um dos setores em que o Produto Interno Bruto (PIB) mais se destacou no primeiro trimestre de 2021. Os dados, divulgados pelo IBGE, mostram que o PIB do agro atingiu R$ 208,8 bilhões, respondendo por 10,2% do total nacional. Enquanto o PIB brasileiro cresceu cerca de 1%, a agropecuária chegou a 5,2%, ambos comparados ao mesmo período de 2020.

Além disso, o setor também cresceu 5,7% quando comparado ao último trimestre do ano. No acumulado dos 4 últimos trimestres, cresceu 2,3%. Esse é um resultado que chama atenção já que o PIB nacional caiu 3,8% e indústria e serviços caíram 2,7% e 4,5%, respectivamente.

O bom desempenho do setor também pode ser visto através do comércio internacional. Até abril, o agronegócio havia exportado quase 20% a mais que o mesmo período de 2020 e respondia por 45,1% do valor embarcado pelo Brasil. Em termos de valor bruto da produção a estimativa de crescimento da agropecuária é de 12,1%, atingindo a máxima histórica e chegando a impressionante marca de R$ 1,08 trilhão.

 

Esses números mostram não só o bom desempenho do setor, como sua resiliência diante de mais um ano atípico e o quanto ele é relevante para impulsionar a economia nacional. O agronegócio contribui para a geração de empregos, manutenção do saldo positivo da balança comercial e gera projeção internacional ao Brasil ao ser um dos maiores produtores globais de alimentos.

saiba mais

CNA diz querer democratizar resultados no Projeto Biomas

 

Historicamente, o segundo trimestre do ano apresenta crescimento mais modesto e principalmente para o agro, há variáveis importantes que devem ser consideradas, como condições climáticas e custos de produção. O clima não tem se mostrado favorável e já afeta importantes safras.

As estimativas mais recentes da CONAB revisaram para baixo a produção de produtos relevantes, como milho e soja, com quedas de 2,3% e 0,1%, respectivamente. A estimativa da safra total de grãos caiu de 273,8 milhões de toneladas para 271,7 milhões.

Os custos de produção também deverão caminhar num sentido desfavorável. São esperados aumentos, principalmente no preço de fertilizantes e de ração para a pecuária.

O agro segue revelando cada vez mais sua pujança e se mostrando estável mesmo diante de muitas condições extremamente adversas"

Talita Priscila Pinto, pesquisadora do FGV Agro

A exportação, depende de muitas variáveis externas, como a demanda por nossos produtos, concorrência com outros grandes países produtores, câmbio e evolução de acordos comerciais. Além disso a forma como a vacinação a nível mundial vem sendo conduzida também pode afetar o desempenho das vendas externas do setor. Até a primeira semana de junho cerca de 11,5% da população global já teve acesso à pelo menos uma dose da vacina e 5,8% já estão completamente imunizadas.

saiba mais

Galinhas e vacas vivas viram recompensa para quem se vacina contra Covid-19 na Ásia

 

Entretanto, enquanto a vacinação já avança vigorosamente em economias mais desenvolvidas, como nos EUA com 43% da população completamente vacinada, há casos como o da Índia, onde surgiu uma variante ainda mais transmissível do novo coronavírus. O país asiático vacinou completamente apenas 3,3% de seus 1,38 bilhão de habitantes.

Mesmo com algumas incertezas acerca das exportações, o desempenho do setor tem se mostrado favorável. Apesar dos problemas mencionados, a agropecuária deve manter bons resultados ao longo de 2021. A expectativa para a safra de grãos é de recorde, assim como para a geração de empregos e valor bruto da produção.

O agro, portanto, segue revelando cada vez mais sua pujança e se mostrando estável mesmo diante de muitas condições extremamente adversas. Além disso, segue aumentando sua participação relativa na economia nacional e possibilitado que o Brasil apresente números cada vez maiores, contribuindo para que o país possa sair mais rápido da crise econômica.

Leia mais análises e artigos de opinião do especial Vozes do Agro no site da Globo Rural

*Talita Priscila Pinto é pesquisadora do FGV Agro, o Centro de Estudos do Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas.

As ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do seu autor e não representam, necessariamente, o posicionamento da Revista Globo Rural.
Source: Rural

Leave a Reply