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Sustentabilidade, a nova palavra de ordem. Tendência que deve crescer com a sucessão das gerações, porque elas irão constatar, fundamentadas em fatos, que a água e a terra são finitas. A humanidade lutou para eliminar a fome e a doença, o que curiosamente é paradoxal: lutamos por algo que subverte o equilíbrio da seleção natural e hoje somos mais numerosos que nunca.

O planeta tem de bufar para dar conta de sustentar tanta gente. Esse cenário fortalece a cobrança por uma produção sustentável de alimentos. Já driblamos a fome algumas vezes. Há 10 mil anos, o homem descobriu o fogo, domesticou plantas e animais e aperfeiçoou instrumentos agrícolas: de nômades caçadores-coletores, passamos a agricultores.

Milhares de anos depois, na Idade Média, episódios como a Grande Fome da Irlanda, que matou 25% dos irlandeses, associados ao crescimento da população, levaram à segunda revolução agrícola.

 

Passamos a usar o arado e a plantar variedades de milho e batata. Mesmo assim, Malthus, economista inglês, anunciou que a população iria crescer acima da produção de alimentos e que a fome iria assombrar a humanidade. Também driblamos Malthus com o surgimento da Revolução Verde nos anos 1960, com o uso de sementes geneticamente melhoradas, implementos agrícolas e fertilizantes químicos.

Mas o mundo não parou, e agora estamos novamente no limiar de uma crise alimentar. Nossa resposta pode estar no aumento da produtividade dos países que ainda têm área agricultável. No Brasil, vivemos a expansão das fronteiras agrícolas, especialmente na região dos cerrados. Entre os novos aliados figuram a integração lavoura-pecuária-floresta e suas variantes, associadas ao melhoramento genético de plantas e animais. Essa dobradinha tem tudo para nos permitir dar o próximo salto – e, mais interessante, com sustentabilidade.

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São amplos os benefícios, como a melhoria do uso de nutrientes do solo, manutenção da biodiversidade, aumento do conforto animal, redução da pressão por aberturas de novas áreas, mitigação da emissão de gases de efeito estufa, aumento da renda, pela diversificação de culturas e pela melhoria da imagem dos produtores para a sociedade. No Brasil, a integração tem crescido. Destaca-se a integração lavoura-pecuária, que representa mais de 80% dos projetos.

Ao todo, são quase 12 milhões de hectares, o que representa pouco mais de 5% da nossa agropecuária. Aos poucos, a tecnologia deve alcançar uma expressiva parte dos produtores brasileiros, até porque ela não tem limitação de tamanho da propriedade, ajustando-se à pequena e à grande propriedade.

Seguramente, os produtores entenderão os benefícios da introdução correta de árvores que só irá agregar valor à fazenda"

Luiz Josahkian, superintendente técnico da ABCZ 

Entre as alternativas de integração, as que usam o componente árvore têm sido as de menor crescimento, possivelmente por serem mais complexas, ao tornaremtemporariamente indisponível para o gado uma área da propriedade.

Também há a dificuldade em entender que a introdução de árvores no pasto não significa voltar a encher a área de tocos, mas, seguramente, os produtores entenderão os benefícios e que seu uso correto só irá agregar valor à fazenda. São apenas pequenos contratempos típicos de novas tecnologias, mas essas nos ajudarão, mais uma vez, a combater a crise alimentar.

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*Luiz Josahkian é zootecnista, professor de melhoramento genético e superintendente técnico da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ).

As ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do seu autor e não representam, necessariamente, o posicionamento da Revista Globo Rural.
Source: Rural

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