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Ambientalistas respiram um pouco mais aliviados após a notícia do pedido de demissão de Ricardo Salles, até então ministro do Meio Ambiente. No entanto, apenas a exoneração não muda a postura do governo, tida como “anti-ambientalista” por fontes consultadas por Globo Rural.

Para a ex-ministra Izabella Teixeira, está "longe de se ter uma solução para o Brasil". A troca pelo novo dirigente da pasta, Joaquim Álvaro Pereira Leite, não demonstra um horizonte mais favorável. "Nada deve mudar, quem define as diretrizes continua o seu trabalho", lamenta. 

"Lugar para o qual nunca deveria ter entrado" é como a ex-ministra Marina Silva classifica a  estadia de Salles no MMA. Sobre o novo ministro, ela diz ser um "ilustre desconhecido" no cenário ambiental e que não tem nada do legado de Salles a continuar.

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Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, pede demissão

 

Ricardo Salles, ex-ministro do Meio Ambiente (Foto: Reprodução/Twitter)

 

 

 

 

 

 

 

"A política que vem sendo operada é de terra arrasada. Se ele [Joaquim Leite] quiser fazer alguma coisa, a primeira é não dar ouvidos ao presidente Jair Bolsonaro, porque ele é o mandante de todo esse desmonte e o responsável pelos prejuízos ambientais que estão sendo produzidos no Brasil", comenta Marina Silva à Globo Rural.

A organização não-governamental Greenpeace aponta em nota que “mudar o ministro não garante que o governo Bolsonaro mudará seu projeto antiambiental nefasto e que vem sendo dolosamente implementado”. Por isso, algumas ações devem ser colocadas em prática o quanto antes pelo novo ministro.

“Por um lado, a sociedade civil recebe com alívio o pedido de demissão do ministro. Por outro, é evidente que a troca de peças por si só não deve mudar a estratégia do governo, agora com o novo ministro Joaquim Álvaro Pereira Leite, antigo membro da Sociedade Rural Brasileira (SRB), até então subordinado de Salles e aliado aos interesses do agronegócio”, aponta a entidade.

No âmbito internacional, o Brasil já tinha perdido a credibilidade há muito tempo por conta da postura de Ricardo Salles, segundo Thelma Krugg, vice-presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

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“Era inviável que o Salles continuasse à frente do Ministério, diante do cenário internacional. Para fora do Brasil, ele era fachada, então ficou indefensável a permanência dele, ainda mais depois dos últimos episódios”, diz ao se referir à operação deflagrada pela Polícia Federal sobre a apreensão de madeira no Pará.

Se a visão, a política ambiental não muda, você pode colocar quem você quiser como ministro, não vai fazer diferença

Thelma Krugg, vice-presidente do IPCC

Ela aponta que o cenário internacional está com “pé atrás” no Brasil, então a mudança de quem está à frente do Ministério não muda esta desconfiança. “Se perdeu muito com o descrédito dos dados do Inpe, desconfianças de algo que internacionalmente é muito sólido. Quando o governo questiona isso, ele passa a ser desacreditado”, comenta. E completa: “Se a visão, a política ambiental não muda, você pode colocar quem você quiser como ministro, não vai fazer diferença”.

Um servidor do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que preferiu não se identificar, considera a saída de Ricardo Salles do Ministério “a melhor notícia do momento”. No entanto, também pondera que o modus operandi deve seguir o mesmo. Para haver alguma mudança significativa, o primeiro passo seria fortalecer o órgão.

A fonte ainda observa que, nos bastidores, o ex-ministro ainda pode ter grande influência. “Com a nomeação do sucessor, mantém a influência de Salles no ministério”, disse.

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Natalie Unterstell, especialista em políticas públicas climáticas e diretora do Instituto Talanoa, diz que a notícia é positiva, mas falta política pública para meio ambiente, então não há grandes expectativas na mudança de gestão da pasta.

“Excelente notícia. É bastante significativo. Por outro lado, as linhas mestras da política foram dadas pelo presidente. Para haver mesmo uma mudança, vai depender do gesto do novo ministro em recuar na medida que diminuiu a aplicação das multas e o Ibama tem que voltar a trabalhar. Será que o novo ministro estará disposto?”, questiona.

Ela ainda observa que a saída de Salles pode ser uma estratégia de ele sair da mira do Supremo Tribunal Federal (STF), mediante à investigação do delegado Alexandre Saraiva.

 

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Este também é o tom de Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima. Para ele, as investigações devem prosseguir e "que a Justiça ao menos dê a Ricardo Salles o que ele merece"

Em relação à troca de ministros, concorda não significar que condução ambiental melhorará.

“É bom considerar que, no atual governo, mudam os urubus, mas a podridão continua a mesma. Quem agora sentar na cadeira de ministro será para obedecer as ordens de Bolsonaro e continuar a implementar política de destruição ambiental, assim como Salles fez", destacou.

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Source: Rural

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