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Quatro contêineres com 92 toneladas de manga enviados pelo maior produtor e exportador da fruta brasileira, o grupo Agrodan, foram barrados nesta sexta-feira (18/06) no porto espanhol de Algecira. As autoridades do porto alegaram questões sanitárias para impedir a entrada da manga no país e também de todas as cargas de limão.

A alegação é que a cera de carnaúba usada para dar brilho e evitar a maturação precoce das frutas contém álcool etoxilado (emulsionante) e formaldeído (conservante), dois ingredientes vetados como aditivos alimentares desde 2008 pelo Parlamento europeu. No Brasil, a cera de carnaúba é reconhecida como substância segura ao consumo humano pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A opção apresentada pela inspetora do Ministério da Saúde espanhol foi redirecionar a carga para outro local, como Roterdã (Holanda), voltar para o Brasil, tratar a manga localmente, ou seja, retirar a cera de cada unidade ou destruir a carga. Na foto, diversas mangas do tipo Palmer, incluindo uma fatiada.  (Foto: Ernesto de Souza/Editora Globo)

 

Paulo Dantas, dono da Agrodan, diz que a Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) pediu imediatamente a intermediação do adido agrícola do Brasil em Bruxelas, mas apenas as cargas de limão foram liberadas até o final da tarde, no horário europeu.

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A opção apresentada a Dantas em documento assinado pela inspetora Ana Paez Soto, do Ministério da Saúde espanhol, foi redirecionar a carga para outro local, como Roterdã (Holanda), voltar para o Brasil, tratar a manga localmente, ou seja, retirar a cera de cada unidade ou destruir a carga.

“É uma falta de bom senso porque ninguém vai comer a casca da manga. E, se essa proibição existe desde 2008, por que nunca foi comunicada? Por que não houve diálogo e um prazo para cumprir a determinação?”, questiona o empresário em entrevista à Globo Rural.

Se essa proibição existe desde 2008, por que nunca foi comunicada?

Paulo Dantas, dono da Agrodan

Ele diz que tinha outras cargas no mar a caminho da Espanha, que já mandou desviar para Roterdã e que, se até segunda-feira, as frutas em Algecira não forem liberadas, vai mandar lavá-las no porto. “Vai custar uns 2.700 euros por contêiner, mas é melhor do que desviar para a Holanda porque acrescenta dez dias na viagem, o que pode prejudicar as frutas.”

Dantas diz também que já conversou com seu fornecedor de cera de carnaúba, que lhe disse ter outra cera sem as duas substâncias vetadas na Espanha.

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O empresário afirma que, embora as exportações de sua empresa estejam num ritmo ainda melhor neste ano, na comparação com 2020 — quando a empresa teve seu melhor ano e enviou para a Europa 95% da safra de 31 mil toneladas —, o que está prejudicando as exportações de frutas são o aumento de custo dos insumos, como fertilizantes e embalagens, e a disputa por contêineres e navios.

“As exportações mundiais de alimentos estão muito aquecidas. Quem não tiver planejado suas operações logísticas com muita antecedência, fica sem opção de navio ou contêiner”, diz Dantas, acrescentando que sua empresa já planejou todas as operações do ano.

Consultada, a Abrafrutas preferiu não se pronunciar a respeito, mas afirmou que está em contato com o Mapa para resolver a situação. Já o Ministério não retornou aos questionamentos até a conclusão da reportagem. 

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Source: Rural

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