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Desburocratizar o crédito rural para incentivar o pequeno e médio produtor a investir em estruturas de armazenagem para milho e soja. Esse é o objetivo da campanha Armazém para Todos, lançada nesta quarta-feira (16/6) pela Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado do Mato Grosso (Aprosoja-MT).

Fernando Cadore, presidente da entidade, disse que o Estado, maior produtor de grãos do país, tem a maior capacidade estática de armazenagem do país, mas não chega a ter espaço para metade do que produz. Além disso, apenas 30% das estruturas estão nas propriedades rurais. A maioria dos armazéns pertence a tradings e multinacionais.

E o problema não é exclusivo do Mato Grosso. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), apontam que o déficit na armazenagem estática brasileira cresceu de 11,82 milhões de toneladas em 2010 para 122 milhões de toneladas neste ano.

Investimento em armazéns é um fator estratégico para a venda. Na foto, armazém com milho em Sorriso (MT) (Foto: REUTERS/Nacho Doce)

 

“Esse déficit gigantesco faz com que o agricultor não seja dono daquilo que produz. Ele é obrigado a vender sua produção antecipada porque não sabe se terá onde guardar. É uma questão também de segurança alimentar.”

Segundo Cadore, o investimento em armazéns é um fator estratégico para a venda, pois permite que a comercialização seja realizada em momento oportuno, e não apenas em dois meses, como ocorre atualmente, desafogando as estradas e conseguindo melhores preços.

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No caso do milho, por exemplo, o presidente diz que o Estado consome menos de um terço dos 35 milhões de toneladas que produz, mas neste ano corre o risco de faltar produto no mercado interno por não ter onde guardar. “Temos que desconstruir a narrativa atrasada de que só grandes produtores podem investir em estruturas de armazenagem. Nos Estados Unidos, fazendas de 100 hectares têm armazéns.”

O dirigente disse ainda que é preciso desmistificar a ideia de que o Mato Grosso só tem grandes produtores. Segundo o Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso, 4.512 (ou 57,6%) das propriedades rurais têm menos de 500 hectares e 1.490 fazendas (ou 19,2%) têm entre 501 e 1.000 hectares.

A disparidade entre o crescimento da produção e a capacidade de armazenagem só tende a aumentar. Projeções do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) indicam que a produção de grãos do Estado deve quase dobrar até 2030. Seria necessário, então, um crescimento anual de 22% a 25% na capacidade de armazenamento do Estado ante os 3% atuais.

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Máquinas x armazéns

O dirigente da Aprosoja disse ser necessário mudar a modelagem do crédito rural, que foi estabelecida há cerca de 50 anos. “Para financiar uma máquina agrícola de R$ 1 milhão, é simples, nem precisa de garantias. Mas, para uma estrutura de armazenagem, a burocracia é tamanha que parece ser feita para impedir o financiamento.”

Cadore ressalta que o volume de recursos do Plano Safra para máquinas agrícolas é quase cinco vezes maior do que o volume para armazenagem. A entidade do Mato Grosso protocolou no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e no Ministério da Infraestrutura suas reivindicações de mudança dos padrões de crédito do Plano Safra para incentivar o investimento dos produtores em armazenagem.

Segundo Cadore, o ministro da Infraestrutura, Tarcisio Freitas, já se comprometeu a criar uma linha de financiamento para armazenagem fora do Plano Safra e o Banco do Brasil também estaria formatando uma linha desburocratizada com fundos chineses.

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“O Plano Agrícola sozinho não tem capacidade de resolver o déficit de armazenagem do país. Mas, se o governo colocar o segmento como prioridade, vai incentivar outros financiadores. Não precisa ser uma linha subsidiada. Precisa  ter juros justos e ser acessível a todos os produtores.”

O novo Plano Safra deve ser anunciado este mês e começa a valer em 1º de julho. A linha do Plano de Construção e Ampliação de Armazéns (PCA) ainda em vigor tem prazo de pagamento de 13 anos, com carência de 3 anos, e juros de 5% para até 6 mil toneladas e 6% para os demais investimentos.

Para ajudar o produtor a calcular a capacidade de armazenamento de sua propriedade e em quanto tempo teria o retorno do seu investimento, com a redução das vendas antecipadas, a entidade lançou um simulador. Em um exemplo, um agricultor de pequeno porte (400 hectares) precisaria de uma estrutura de 1 mil toneladas e teria o retorno em cinco anos.

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Source: Rural

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