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Preocupados com os rumos do setor produtivo, um grupo de empresários, que também são produtores rurais, se uniu, há cerca de seis meses, para lançar um projeto inédito no país: uma entidade (ainda em processo de definição sobre sua classificação, se será uma ONG ou uma Oscip) que defenda o setor a partir de pilares da agricultura sustentável.

A ideia é levar, para a sociedade civil, governo e entidades que já atuam no agronegócio, a pauta da preservação ambiental como prioridade. “Precisamos construir pontes entre os agricultores e a sociedade, com base na ciência e na sustentabilidade, para debatermos positivamente a realidade no campo”, explicou André Schwening, um dos idealizadores do grupo, que se chama Base.

Os produtores Charles Louis Peeters (à esq.), Adriano Jajah Baraúna e Flávia Montans (Foto: Fotograma)

 

O Base, conta Schwening, surgiu de uma demanda real dos produtores rurais, que é valorizar a sua imagem perante o mercado global.

“Nós, que somos agricultores e estamos dentro da porteira, produzindo alimentos, sabemos quanto a preservação ambiental é importante para o nosso negócio, mas apenas o outro lado está sendo mostrado”, disse. “Os agricultores brasileiros precisam mostrar o trabalho responsável que está sendo feito no interior do Brasil.”

A sociedade tem de saber que estamos produzindo alimentos de forma muito mais responsável do que no passado

Flávia Montans, gestora da Fazenda Alvorada, localizada em Rio Verde (GO)

A produtora rural Flávia Montans, outra fundadora do grupo, explica que o Base vai atuar em três pilares para expandir sua atuação. Um será promover conhecimento técnico e profundo para combater a imagem negativa que se criou do agricultor brasileiro, baseado em pesquisas e práticas realizadas nas fazendas.

“A sociedade tem de saber que o agricultor busca conhecimento científico para utilizar os defensivos de forma responsável, que há uma busca constante pela utilização de produtos mais eficientes e que estamos produzindo alimentos de forma muito mais responsável do que no passado”, diz a agricultora.

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O segundo pilar de atuação do grupo será focado na divulgação desse conhecimento, de forma positiva, para instalar, entre os agricultores, a sociedade civil e o governo um diálogo positivo e transparente, em que as demandas atuais, focadas na agricultura sustentável, sejam discutidas. E, por último, criar pontes entre o setor e agentes governamentais, entidades representativas, públicas e privadas.

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Na opinião de Flávia, hoje as entidades representativas do agronegócio têm tantas pautas de cunho político que acabam não tendo a dedicação e o espaço necessário para discutir temas como a preservação ambiental.

“Então, nós, que estamos priorizando a agricultura sustentável e a valorização da imagem do agricultor, percebemos a necessidade de nos movimentar.”

A preservação ambiental é uma das prioridades do grupo Base (Foto: Fotograma)

 

A importância de o agricultor ocupar o seu lugar na narrativa do agronegócio nacional será um dos temas levantados pelo Base nos próximos meses. Adriano Jajah Barauna, presidente do Grupo Cereal e membro do Base, lembra que os produtores rurais estão engajados nas ações sustentáveis para perpetuar seus negócios. “Os agricultores querem ampliar a conexão, mostrar o que está acontecendo em suas fazendas à sociedade global”, afirmou.

Segundo ele, um ponto positivo que está colaborando muito para o engajamento nas pautas sustentáveis são os jovens do agronegócio, geralmente sucessores de negócios rurais, mais antenados com as demandas internacionais.

“Todos somos produtores rurais, empresários que atuam no agronegócio, e sabemos quão importante é a questão da preservação ambiental para o futuro. Temos de atuar sem romantismo, sem radicalismos”, ressalta.

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Outro produtor membro do Base, Charles Louis Peeters, agrônomo e representante da terceira geração de uma família de holandeses que veio ao Brasil investir no campo, destaca que a sustentabildade é uma pauta que interessa esses jovens gestores rurais.

“Estamos falando em redução de custos de produção, em soluções e alternativas que vão perpetuar os negócios, aumentar a produtividade agrícola e fazer todo o entorno das fazendas crescer”, afirmou.

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Por ora, o Base atua de forma totalmente independente, custeado com recursos privados de seus membros. O próximo passo, segundo os fundadores do grupo, será levar o propósito ao conhecimento das entidades representativas, que em conversas informais já sinalizaram simpatia ao grupo, e atuar diretamente nas relações governamentais, mostrando as demandas do dia a dia do agricultor antenado com as demandas globais atuais.

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Source: Rural

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