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Um início de junho mais chuvoso em partes da metade sul do Centro-Sul do Brasil e mais precipitações previstas para esta região devem trazer alívio para áreas produtoras de café e cana, além de estancar perdas da segunda safra de milho, que já sofreu quebra expressiva.

A avaliação é de Celso Oliveira, meteorologista da Somar. "Para milho, as perdas não revertem, as chuvas para milho terão impacto pequeno. Para a cana-de-açúcar sim, pode ser que tenha melhora, pois já no início da semana passada choveu forte no Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo", afirmou.

Irrigação de cafezal em Santo Antônio do Jardim (SP) (Foto: REUTERS/Paulo Whitaker)

 

Contudo, ele ponderou que outras áreas do Centro-Sul que estão sofrendo com a escassez hídrica severa devem seguir com problemas.

"Quando se caminha para a área mais crítica, noroeste de São Paulo, Triângulo Mineiro, Goiás, mais ao noroeste de Mato Grosso do Sul, ali a situação não vai se reverter", disse ele, comentando que as precipitações serão mais fracas.

Para Oliveira, a chuva de junho "é melhor que a de maio, mas não é abrangente para dizer que cobre todas as regiões". "Resumindo, junho é melhor que maio, a gente está sentindo isso, está chovendo com mais frequência, mas um cuidado é que não está chovendo bem em todos os lugares, está ocorrendo mais do oeste de São Paulo para baixo", comentou.

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Ele lembrou também que à medida que o inverno se aproxima essas áreas ao Sul costumam receber mais umidade, enquanto a maior parte do Sudeste e Centro-Oeste sofre com longos períodos secos.

Dessa forma, destacou, as chuvas de junho não serão capazes de reverter "o que perdemos no verão", estação tradicionalmente mais chuvosa, o que explica a preocupação na agricultura, mas também do setor elétrico, que lida com preços em alta no mercado livre e está acionando mais térmicas para compensar a menor geração de hidrelétricas.

"Já se sabe que a próxima chuva para reservatórios só vai acontecer a partir de meados da primavera", ressaltou ele, citando as hidrelétricas.

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Para as áreas de café, as chuvas até poderiam prejudicar os trabalhos de colheita, mas são bem-vindas para a produção das lavouras em 2022, considerando o prolongado período de déficit hídrico, comentou o meteorologista.

Ele explicou, entretanto, que algumas áreas terão precipitações, como a Mogiana e o Sul de Minas, mas outras partes, como o Cerrado mineiro, onde há muitas lavouras irrigadas, pode não ter chuvas suficientes para reabastecer os reservatórios até a próxima primavera.

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As lavouras de laranja ao norte de São Paulo estão sofrendo também com estiagem, enquanto áreas mais ao sul do Estado, como Avaré, têm uma melhor condição, disse o especialista da Somar. "No noroeste do Estado a situação é crítica, e não vai mudar no curto prazo."

Oliveira comentou também que áreas produtoras de trigo, ao Sul do Brasil, deverão se beneficiar das chuvas de junho. Ainda que o mês deva ser melhor do que maio, pode ficar abaixo da média histórica para junho, acrescentou Oliveira.

"Pior do que está não poderia ficar, mesmo não sendo a pleno vapor, a chuva de junho é considerada boa notícia."

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De acordo com dados da Refinitiv, as chuvas entre 8 e 23 de junho devem ficar entre 90 e 100 milímetros nas regiões com maiores precipitações entre o Paraná e o Rio Grande do Sul.

Algumas áreas do Centro-Sul de São Paulo poderão ter até 40 milímetros, enquanto o oeste paulista poderá marcar cerca de 60 mm no acumulado do período, indica a Refinitiv, que vê também chuvas de até 80 mm no sul de Mato Grosso do Sul.

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Source: Rural

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