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Os produtores integrados da BRF em Lucas do Rio Verde, interior do Mato Grosso, decidiram paralisar o alojamento de pintainhos durante assembleia realizada segunda-feira (7/6) pela Associação dos Produtores de Proteína Animal (Appa).

Segundo o diretor executivo da entidade, Pablo Artifon, a reunião foi convocada após a companhia encerrar a negociações sobre os preços pagos pelo frango vivo este ano, iniciadas em novembro do ano passado.

Unidade da BRF em Lucas do Rio Verde 27/07/2017 (Foto: REUTERS/Nacho Doce)

 

"Nós estamos negociando desde o dia 20 de novembro e a BRF está impondo uma redução na remuneração do produtor de 13,25%. Uma redução frente todo o aumento que estamos vendo por aí", relata Artifon.

Embora a BRF forneça os animais e os insumos necessários para a engorda, os custos com a instalação das granjas, como energia elétrica, diesel e mão de obra, são de responsabilidade dos produtores, que pedem um aumento de, pelo menos, 10% na renda padrão por lote praticada pela companhia.

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De acordo com Artifon, foram feitas 12 reuniões entre integrados e BRF nos últimos seis meses, mas na semana passada a companhia informou que encerraria as negociações para preços de frango na região.

A unidade de Lucas do Rio Verde conta com 42 integrados de aves que fornecem animais para um abate médio de 450 mil frangos por dia. Considerando um ciclo de 60 dias, há hoje cerca de 27 mil pintainhos alojados para manter a operação do frigorífico na cidade.

Poder de negociação

Segundo diretor executivo da Appa, os alojamentos programados para esta semana e os que já estão em campo serão realizados normalmente, mas nenhuma nova programação a partir de segunda-feira será feita pelos produtores caso a companhia não ceda à negociação.

Como a estrutura de produção na região é concentrada em poucos produtores, Artifon acredita que a paralisação leve a algum resultado nos próximos dias. Até o momento, contudo, a BRF não respondeu à notificação enviada nesta terça-feira (8/6) pela manhã à direção da empresa.

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"Aqui a gente tem produtores que têm cem aviários. O menor produtor daqui tem oito aviários. Lá no Sul oito aviários é o maior produtor disparado. Lá a maioria é um ou dois aviários. É uma escala de produção diferente até por causa do modelo das propriedades rurais", compara o integrado ao lembrar que, justamente por isso, alguns custos enfrentados na região, como mão e obra, são maiores.

"A BRF está 'sofrendo' muito conosco porque temos um modelo de trabalho profissional. Não é o dono da granja que vai lá cuidar do frango. Ele tem uma estrutura profissional por trás dele. Então não adianta a BRF vir querer impor questões de preço e fazer o cara trabalhar anos e anos até perder as instalações e não ter condições de continuar na atividade, que é o que acontece no Sul. A gente não vai permitir que isso seja feito aqui", defende Artifon. 

A companhia possui cerca de 10 mil integrados em todo país, a maior parte deles concentrada na região Sul do país. Procurada por Globo Rural, a BRF afirmou que "está em negociação constante com os produtores, como sempre foi feito" e defendeu que "toda a cadeia de produção sofre fortemente com os custos".

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Source: Rural

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