Skip to main content

O agronegócio brasileiro é um setor consideravelmente relevante para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Entre 2019 e 2020, de acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o setor acumulou uma participação de 26,6% no PIB total do país, com crescimento de 24,31% em comparação ao ano anterior.

Segundo a mesma fonte, o setor pecuário, especificamente, cresceu 24,56% no mesmo período, o que demonstra a importância da produção de alimentos de origem animal no território brasileiro.

Uma pecuária produtiva depende de uma série de fatores, entre os quais estão a nutrição, o manejo e a genética dos animais. A genética, particularmente, chama à atenção por ser o único insumo que pode ser “acumulado” ao longo dos anos.

 

Na bovinocultura, selecionar e utilizar os touros e matrizes geneticamente superiores nas características economicamente importantes, tais como precocidade reprodutiva e rendimento de carcaça, geração após geração, resulta em um acúmulo positivo de genes favoráveis ao aumento de produtividade.

Com a utilização correta da genética, é possível tornar os rebanhos cada vez mais eficientes, pois os animais vão, progressivamente, entrar em reprodução mais cedo, produzir mais e consumir uma quantidade cada vez menor de alimento para cada quilo de carne ou litro de leite gerados.

Leia mais opiniões e análises no Vozes do Agro

Do ponto de vista do fluxo gênico, a criação de bovinos pode ser dividida em três estratos: rebanhos núcleos, rebanhos multiplicadores e rebanhos comerciais. Os rebanhos núcleos empreendem esforços e utilizam ferramentas adequadas para obter progresso genético nas características economicamente importantes na produção.

Avaliam e selecionam rigorosamente aqueles indivíduos que merecem passar seus genes às próximas gerações e entregam como produto final uma genética superior por meio de touros e matrizes ou de material biológico para reprodução artificial (sêmen ou óvulos).

Já os rebanhos multiplicadores, como o próprio nome já diz, multiplicam a genética superior oriunda dos rebanhos núcleos, aumentando a quantidade de reprodutores disponíveis que serão destinados aos rebanhos comerciais, os quais utilizam a genética como insumo e produzem carne e/ou leite.

saiba mais

ABCZ lançará programa de valorização da carne e recuperação de pastagens

 

As tecnologias disponíveis para obtenção de progresso genético evoluíram significativamente nas últimas décadas. Hoje é possível avaliar muito cedo, com uma aceitável chance de acerto, os animais com a utilização de marcadores moleculares do tipo SNP (Single Nucleotide Polymorphism).

Os referidos marcadores são mutações naturais encontradas ao longo de todo genoma do animal e estão relacionadas com a genética que determina características importantes para a produção de carne e/ou leite.

Ao utilizar a genética dos rebanhos núcleos, melhorada com o auxílio da genômica, os produtores de carne têm observado ganhos expressivos em peso, precocidade sexual, fertilidade, rendimento e qualidade da carcaça

Henrique Torres Ventura

A genômica, que é o termo aplicado à técnica que lança mão dos referidos marcadores moleculares, permite avaliar geneticamente bezerros recém nascidos e até mesmo embriões com a mesma, ou até mesmo maior, confiança de uma avalição tradicional de um touro adulto com alguns filhos testados.

Deste modo, o melhoramento genético acontece mais rápido, pois os machos e fêmeas que merecem passar seus genes para à próxima geração são precocemente selecionados e colocados em reprodução.

Os rebanhos núcleos têm investido sistematicamente em genômica e os resultados obtidos são excelentes. Touros e vacas (ou material biológico para reprodução) geneticamente superiores são disponibilizados para o mercado cada vez mais cedo e com uma qualidade cada vez maior.

saiba mais

Genética e rebanho seleto: a estratégia dos criadores para produzir carne mais macia

 

Deste modo, os rebanhos comerciais podem ter acesso ao “insumo genética” com um valor agregado que aumenta, expressivamente, a cada nova geração de reprodutores. Ao utilizar a genética dos rebanhos núcleos, melhorada com o auxílio da genômica, os produtores de carne têm observado ganhos expressivos em peso, precocidade sexual, fertilidade, rendimento e qualidade da carcaça e em muitas outras características economicamente importantes.

Assim, a genômica tem impulsionado a bovinocultura, permitindo uma produção de carne e/ou leite com maior lucratividade, com menor impacto ambiental e com maior possibilidade de gerar empregos diretos e indiretos.

*Henrique Torres Ventura é superintendente adjunto de melhoramento genético da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), criada em 1919 no Triângulo Mineiro e que congrega cerca de 23 mil associados.
Source: Rural

Leave a Reply