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O ano de 2020, claramente, foi marcado pelas turbulências ocasionadas pela pandemia da Covid-19 que assolou o Brasil, bem como o resto do mundo. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a economia brasileira contraiu 4,1% frente a 2019 no ano passado. O “tombo” só não foi maior por conta das atividades agropecuárias, que conseguiram registrar uma expansão de 2,0% no mesmo período.

Apesar de não ter acompanhado o ritmo das atividades agropecuárias, a agroindústria conseguiu terminar o ano apenas com uma leve queda de 1,2%, segundo o Índice de Produção Agroindustrial (PIMAgro) do Centro de Estudos do Agronegócio da Fundação Getulio Vargas (FGVAgro).

 

Essa pequena contração é uma boa notícia, uma vez que os demais ramos industriais apresentaram um desempenho ainda mais negativo. De acordo com o IBGE, em 2020 a indústria de transformação e a extrativa contraíram, respectivamente, 4,6% e 3,4%, fazendo com que a indústria geral registrasse uma queda de 4,5% no mesmo período.

Apesar do ano atípico, a economia brasileira entrou em janeiro de 2021 em um ritmo favorável, mas ao longo do primeiro trimestre foi perdendo fôlego. Os ventos favoráveis cessarem em março, mês no qual a segunda onda da pandemia acarretou em medidas de restrição de circulação na maior parte do Brasil.

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Mesmo com essas novas ações de contenção da pandemia, a agroindústria conseguiu sustentar seu crescimento e, no acumulado do primeiro trimestre do ano, registrou uma expansão de 4,2%, em relação ao mesmo período do ano anterior. O desempenho da produção agroindustrial acompanhou a dinâmica da indústria de transformação, que cresceu 5,2% no período.

Contudo, os demais setores econômicos não apresentaram a mesma trajetória e foram impactados pelas turbulências da segunda onda de Covid-19 no país. Isto é, no primeiro trimestre de 2021, a indústria extrativa, o setor de serviços e o comércio registraram quedas de, respectivamente, 2,1%, 0,8% e 0,6%, de acordo com o IBGE.

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Na produção agroindustrial, a história se repete. Assim como no ano passado, o segmento conseguiu ser mais resiliente nesse novo período de restrições de circulação, quando comparado com os demais setores econômicos. De modo geral, isso pode ser explicado pela essencialidade de seus produtos, principalmente, os alimentícios.

Além disso, a agroindústria foi favorecida pela demanda externa aquecida, sobretudo, por produtos do setor de papel e celulose. O desempenho da atividade agropecuária também contribuiu, garantindo a demanda por produtos não-alimentícios da agroindústria, tal como os insumos agropecuária.

O auxílio emergencial foi uma das principais responsáveis para que a agroindústria sofresse menos no ano passado

Roberta Possamai e Felippe Serigati, do FGV Agro

Para o próximo trimestre, espera-se um fôlego adicional ao setor agroindustrial, impulsionado pelo Auxílio Financeiro Emergencial, que parte da população passou a ter acesso a partir de abril. Lembrando que a medida foi uma das principais responsáveis para que a agroindústria sofresse menos no ano passado.

No entanto, o fôlego deve ser menos significativo este ano, uma vez que o benefício tem um valor menor e contempla um número reduzido de pessoas. Além disso, os produtos alimentícios estão registrando preços mais elevados junto ao consumidor final. Ou seja, além da renda menor, o consumidor terá que lidar com um custo maior, no comparativo com o ano passado, o que pode reduzir o crescimento do setor em 2021.

*Roberta Possamai é Mestre em Agronegócio pela Escola de Economia de São Paulo (EESP/FGV) e pesquisadora do FGV Agro, o Centro de Estudos do Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas

*Felippe Serigati é Doutor em Economia pela Escola de Economia de São Paulo (EESP/FGV), professor e pesquisador do FGV Agro

As ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do seu autor e não representam, necessariamente, o posicionamento editorial da Revista Globo Rural.
Source: Rural

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