A Jacto, fabricante global de máquinas agrícolas 100% nacional, apresentou a Jacto Next, nova área de negócios da empresa que vai oferecer ao produtor um pacote de soluções integradas para a digitalização completa da fazenda no cenário da agricultura 4.0.
Considerada uma startup interna, com equipe própria, a Jacto Next funciona como um provedor de serviços integrados que permite ao produtor conectar em uma única plataforma todas as suas máquinas, independentemente da marca, mais sensores, estações meteorológicas, drones, imagens de satélites e softwares diversos.
Jacto Next funciona como provedor de serviços integrados que permite ao produtor conectar em uma única plataforma todas as suas máquinas (Foto: Jacto/Divulgação)
No ecossistema digital do provedor, estão incluídos também serviços de implantação de sinal de internet em toda a área da propriedade, treinamento da equipe e serviços de assinatura para sinal de correção GPS, de inteligência preditiva e de consultoria operacional, entre outros. Um dos objetivos da Jacto Next é conectar cerca de 20 mil máquinas em três anos.
“A terceira geração da família Nishimura que assumiu a empresa rumo aos 100 anos estabeleceu como meta não apenas vender equipamentos, prover informações e fornecer serviços de manutenção, mas oferecer ao produtor tudo que ele precisa para digitalizar e gerenciar suas operações. Estou certo de que as soluções digitais da agricultura 4.0 vão perenizar a sustentabilidade da agricultura brasileira, que passa a ser auditável”, diz Fernando Gonçalves, diretor presidente da Jacto.
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Felippe Antonelle, gerente de negócios da startup, diz que o destaque no portfólio da Jacto Next é o software Ekos, que permite integrar as soluções da agricultura digital.
Em tempo real, o gestor terá a visualização na tela de todos os equipamentos em operação na fazenda, como quantidade de equipes trabalhando, talhões em atividade, os alertas emitidos pelos equipamentos (como velocidade incorreta, pulverização em temperatura não recomendada, erros de funcionamento), ordens de serviço abertas e informações da estação meteorológica.
“Será possível comparar, por exemplo, a eficiência das equipes, visualizar o status das máquinas, a velocidade, vazão de aplicação, umidade, produtividade”, ressalta.
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Segundo ele, cada projeto será customizado de acordo com as necessidades do produtor. Funciona assim: especialistas em agricultura de precisão da Jacto Next visitam a propriedade, levantam quais são as máquinas e coisas que serão conectadas e os serviços necessários, que podem incluir a “iluminação” da fazenda, ou seja a instalação do sinal de internet em toda a área por meio de parceiros.
Sistema não é exclusivo para os grandes produtores ou quem já têm sinal de internet em 100% da fazenda, segundo a Jacto (Foto: Jacto/Divulgação)
O cliente assina, então, um contrato com mensalidade para manutenção e suporte do Ekos e outro de comodato dos módulos/hardwares que serão integrados a cada máquina para permitir a conexão. Além disso, pode contratar outros serviços por demanda, como aplicações por drone.
Antonelle, que foi contratado há um ano para montar a equipe da startup, que deve chegar a 50 pessoas em 2021, ressalta que o sistema não é exclusivo para os grandes produtores ou aqueles que já têm sinal de internet em 100% da fazenda. “Temos solução para o pequeno, médio e grande produtor. Nosso módulo de telemetria tem capacidade de armazenar toda a digitalização por anos e, ao entrar em área com sinal, já descarrega os dados.”
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Embrião
Segundo o presidente da Jacto, o embrião do Ekos foi o sistema de telemetria Otmis lançado em 2012. Em 2019, a empresa deu outro passo ao embarcar o módulo de conectividade em suas máquinas de pulverização e adubação.
Há um ano, a Jacto lançou o aplicativo Jacto Connect que une agricultor, ecossistema de negócios, sistemas de informações e todas as “coisas” presentes na propriedade. Agora, com a telemetria multimarcas passa a integrar todas as marcas de equipamentos que o produtor possui, incluindo máquinas mais antigas, em uma única plataforma.
Gonçalves acrescenta que é fundamental o produtor ter todas as informações em tempo real para tomar a melhor decisão. “Hoje, estamos em uma fase de pico de alta rentabilidade das commodities, mas quando os estoques mundiais se regularizarem, provavelmente em 2022, vai ter mais vantagem competitiva aquele produtor que otimizar suas operações e tiver mais informações para conseguir reduzir seus custos.”
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No campo
Os novos serviços foram testados em várias propriedades rurais nos últimos dois anos, incluindo fazendas pequenas do Paraná e na gigante Tucunaré, do grupo Amaggi, em Sapezal (MT), um dos maiores produtores de soja e algodão do país.
Na agricultura 4.0, saímos das informações observadas pelo olho do fazendeiro e entramos na era da coleta digital de micro e de macrodados para uma tomada de decisão em tempo real
Leonardo Maggi, diretor de inovações do grupo Amaggi
Para Pedro Valente, diretor de produção agrícola da Amaggi, a Jacto entendeu que todas as informações geradas na propriedade pertencem ao produtor e criou uma plataforma simples, conectada e confiável, desenvolvida 100% em solo nacional, que gera rastreabilidade de todas as operações, como a aplicação de insumos, o uso de água, o gasto de combustível, permitindo melhora de performance.
“A ineficiência de uma aplicação, por exemplo, não aparece muito quando você tem cenário de alta rentabilidade, mas com preços mais baixos das commodities, um ganho de 1% de eficiência na pulverização significa para nós economizar milhões de reais.”
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Nos testes, segundo Antonelle, os dados de telemetria permitiram reduzir em até 80% a área sobreposta em uma operação de pulverização, por exemplo. “No caso de produtor de soja e algodão, a economia de defensivo chegou a R$ 120 mil no ano a cada mil hectares."
Ricardo Moreira, gerente de controle de produção da Amaggi, disse que a demanda trazida pela transformação digital impacta a maneira de gerir o negócio, que precisa ser ágil e assertiva para mitigar erros, gerar ganhos nas operações agrícolas e tornar o processo mais sustentável.
“Agora, temos uma visão sistêmica em tempo real do comportamento das nossas máquinas atuando com premissas operacionais, climáticas e agronômicas enviadas antecipadamente através de ordens de serviços. Entendemos que isso trará um ganho maior de performance operacional e aumento na nossa produtividade agrícola.”
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Falta de peças
Segundo o presidente da Jacto, a cadeia global de suprimentos teve rupturas no ano passado devido à pandemia que continuam a impactar o setor de máquinas agrícolas, causando atrasos nas entregas. A situação só deve começar a melhorar no último trimestre do ano.
Mesmo assim, diz, o setor está muito aquecido, com vendas até 80% maiores de janeiro a abril deste ano em relação ao mesmo período de 2020. “Tivemos um quadrimestre muito atípico, com picos de vendas que só aconteciam no período de junho a outubro.” O executivo projeta uma estabilização nos próximos meses e diz que a Jacto deve fechar o ano com faturamento 20% superior ao de 2020.
Outra aposta de Gonçalves é que as feiras agrícolas no formato presencial voltarão a ser realizadas no primeiro semestre de 2022. Ele revela que as indústrias do setor têm conversado sobre o assunto e a tendência é apoiar a realização de feiras bianuais. “Com a digitalização, o produtor não precisa mais ir a feiras todos os anos.”
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Source: Rural