Ela é analista de sistemas. Ele, cientista da computação. Com essas profissões, seria fácil imaginar o ambiente de trabalho de Fabrício e Vanessa Weber: escritório ou home office e o dia inteiro de expediente em frente às telas do computador. Mas, no caso deles, a realidade é bem diferente.
Há alguns anos, o casal vem migrando para um local de trabalho sobre o qual jamais pensavam na época da faculdade. Desde 2013, é comum ver os dois em fazendas de gado de corte em Mato Grosso do Sul.
Juntos, eles se dedicam cada vez mais ao desenvolvimento de uma tecnologia que promete revolucionar a maneira de identificar bovinos dentro de um confinamento ou curral – e a baixo custo. Hoje, cada animal é identificado por um brinco que tem um chip de plástico importado. Muitas vezes, o brinco fica pelo caminho, quando o gado se coça em uma árvore ou esbarra em qualquer outro obstáculo natural durante o pastejo.
Na foto, zebuínos pastam frente a uma cerca. Cada animal é identificado por um brinco que tem um chip de plástico importado (Foto: Divulgação)
Fabrício e Vanessa querem mudar isso com uma tecnologia de reconhecimento facial do boi, com o uso de câmeras convencionais, como as usadas em monitoramento para segurança de residências, e um software que cruza diversas informações específicas do animal – dorso, rosto, perfil e lateral da carcaça.
Tudo isso é processado e, no fim, o programa diz quem é aquele gado. Ao longo da jornada empreendedora, o casal contou com o apoio de produtores e da Embrapa Pantanal, para conhecer todo o funcionamento da atividade e quais são os parâmetros importantes para avaliar cada animal.
O projeto piloto foi aplicado em criadores do gado pantaneiro, uma raça típica nas propriedades rurais sul-mato-grossenses, e agora o desafio é expandir a tecnologia para outras raças.
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A notícia sobre a inovação foi publicada no site da revista Globo Rural e rodou o mundo. “Fomos procurados por pessoas dos Estados Unidos, México, Argentina e Uruguai, e também por muita gente do Brasil. Ficamos conhecidos lá fora como o casal 'livestock precision' (termo usado para definir a pecuária de precisão em inglês)”, conta Fabrício.
Aos 43 anos, ele e a esposa agora estruturam a empresa para expandir o negócio e poder avaliar a entrada de sócios ou investidores. Começaram a receber suporte jurídico da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e mentoria de negócios de um colega que mora no Texas (EUA).
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“Um dos desafios é como comercializaremos. O objetivo é que essa tecnologia possa chegar aos pequenos criadores, que são maioria no país. Por isso pensamos em uma solução simples, barata. Não é preciso uma câmera especial ou 3D, justamente para alcançar o maior número de produtores possível”, diz Vanessa.
Na carreira de analista de sistemas ou de cientista da computação, Vanessa e Fabrício vislumbrariam uma remuneração que varia de R$ 5 mil a R$ 15mil por mês, a depender das habilidades do profissional, segundo o casal. Como donos de seu próprio agronegócio, porém, o céu é o limite. Uma recompensa que ambos esperam após anos de imersão e muito aprendizado no meio rural.
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Source: Rural